Estudo de Caso Elizabeth Von R.
Por: Isabelly Hisnauer Domingues • 26/10/2018 • Trabalho acadêmico • 2.148 Palavras (9 Páginas) • 1.016 Visualizações
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ[pic 1]
ESCOLA DE CIÊNCIAS DA VIDA
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS DA PERSONALIDADE
ESTUDO DE CASO
Caso V- Elizabeth Von R.
Aline de Almeida
Ana Carolina Almeida
Isabelly Hisnauer Domingues
Rafaela Barbieri
Curitiba
2017
Resumo do Caso
Elisabeth Von. R tinha 24 anos de idade quando começou seu tratamento no início no outono de 1892. Ela sofria de dores nas pernas e tinha dificuldades em andar, se cansava rapidamente quanto tentava e ao ficar de pé, e depois de curto intervalo tinha de descansar, o que diminuía as dores, mas não as eliminava inteiramente. Seu relato é de que as dores se desenvolveram gradativamente durante dois anos e variava bastante em intensidade.
Elisabeth foi encaminhada por um médico que desconfiava que se tratava de um caso de histeria, mesmo não tendo os sintomas parecidos. A atenção de Elisabeth estava em outra coisa, da qual as dores eram apenas um fenômeno acessório, em pensamentos e sentimentos que estavam vinculados a elas. Sua expressão facial não se ajustava à dor provocada por um beliscão dos músculos e da pele, ela se harmonizava mais com o tema dos pensamentos ocultos por trás da dor e que eram despertados pela estimulação das partes do corpo associadas com estes. Ela gostava muito dos choques dolorosos produzidos pelo aparelho de alta-tensão, e quanto mais fortes estes eram, mais pareciam afastar suas próprias dores para um segundo plano.
Freud dispensou o uso da hipnose no momento visto que a Srta. Elisabeth estava consciente da causa de sua doença, ela guardava na consciência como se fosse apenas um segredo e não um corpo estranho. O processo de Freud consistia em remover o material psíquico patogênico, camada por camada, ele começava por fazer com que a paciente contasse o que sabia e anotava cuidadosamente os pontos em que alguma seqüência de pensamentos permanecia obscura ou em que algum elo da cadeia causal parecia estar faltando. E depois penetrava em camadas mais profundas de suas lembranças.
Elisabeth contou sobre seu apego ao pai e a maneira com que era deixada de lado. Quando seu pai adoeceu, ela ficou ao seu lado o tempo todo. Foi percebido que suas dores começaram a se intensificar, a deixando de cama, apenas 2 anos após a morte de seu pai.
Após muitos traumas de família e a perda da irmã, sua se intensificou, ela viveu dezoito meses em reclusão quase completa.
Seus relatos não estavam sendo esclarecedores, porém Freud esperava que os níveis mais profundos da consciência proporcionariam uma compreensão tanto das causas como dos determinantes específicos dos sintomas histéricos.
Foi tentado utilizar a hipnose, mas Elisabeth não entrou no estado hipnótico. Depois Freud tentou aplicar uma pressão na cabeça e Elisabeth, fazendo com que ela contasse sobre um segredo, abrindo uma nova corrente de representações na qual os conteúdos seriam extraídos gradativamente. O segredo era sobre o amor que sentia por um rapaz, porém logo que viveu momentos incríveis com ele, ao voltar para casa, viu seu pai doente e após isso não se sentia digna para amar enquanto seu pai estava sofrendo. Foi a partir disso que surgiram suas primeiras dores histéricas, o contraste da felicidade que sentia com o rapaz e o agravamento da saúde de seu pai a deixaram em um conflito por conta da incompatibilidade das situações. Tendo como resultado desse conflito que a representação erótica foi lançada para longe da associação e o afeto ligado a essa representação foi utilizado para intensificar a dor física, se transformando em um mecanismo de defesa. O local que ela mais tinha dor na perna se dava por ter apoiado durante muito tempo as pernas do seu pai naquele mesmo lugar. Surgindo uma zona histerogênica atípica.
Freud percebeu que quando aplicava a pressão à sua cabeça, ela começava a sentir dores, que antes não estava sentindo. As dores se intensificavam no momento em que Elisabeth atingia o clímax de suas lembranças e estava prestes a contar pra Freud. Após trabalharem em cima disso, suas dores amenizaram drasticamente na intensidade. Porém, foi percebido que Elisabeth vivenciou uma grande lembrança que não queria contar, fazendo com que Freud agisse ainda mais nessa parte.
Ao ouvir alguns relatos sobre a relação de Elizabeth com o cunhado e de como ela via o casamento de sua falecida irmã, Freud expôs à Elisabeth em voz alta que ela era apaixonada pelo seu cunhado. E isso podia ser comprovado visto que quando ela via sua outra irmã feliz em seu casamento, ela ficava com ainda mais dores pois se sentia solitária e invejava a felicidade da irmã.
Com essa abordagem, Elisabeth teve uma crise de dores. Após isso, Freud contou para a mãe da paciente o que havia ocorrido e pediu para ela abordar isso com a filha para a mesma se abrir e falar de seus sentimentos.
Depois de muitas tentativas, Elisabeth melhorou e pode até mesmo se casar com um outro homem.
Fenômenos Psicológicos- Recalcamento e Conversão
Ao ler o caso de Elizabeth, podemos encontrar alguns fenômenos psicológicos estudados na Psicanálise. Elizabeth usou mecanismos de defesas para poder lidar com diversas situações conflitivas em sua vida. Elizabeth recalcou o sentimento pelo garoto e a diversão e converteu seus desejos íntimos para uma dor física. Além disso, Elizabeth também recalcou o seu amor pelo cunhado e a inveja da felicidade da irmã por ser algo inaceitável, convertendo mais uma vez para a dor física.
Indo um pouco mais a fundo na conversão, Simão (2010) cita em seu texto os psicanalistas franceses Laplanche e Pontalis (2001), onde de acordo com eles a neurose é uma doença psicogênica (origem psicológica) na qual seus sintomas expressam simbolicamente, um conflito psíquico que tem raízes na história infantil do sujeito e constitui compromisso entre o desejo e a defesa. A neurose divide-se em duas formas sintomáticas bem definidas: a histeria de conversão (o conflito psíquico vem simbolizar-se nos sintomas corporais mais diversos) e a histeria de angústia (a angústia é fixada de modo mais ou menos estável neste ou naquele objeto exterior – fobias).
...