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Estágio Básico II – (ESF) Estratégia Saúde da Família

Por:   •  14/9/2020  •  Artigo  •  6.711 Palavras (27 Páginas)  •  146 Visualizações

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  1. ÁREA

Estágio Básico II – (ESF) Estratégia Saúde da Família.

  1. TEMA

A importância das visitas da Psicologia no campo Estratégia Saúde da Família (ESF).

  1. QUESTÃO-PROBLEMA

Quais são as demandas direcionadas para o serviço da Psicologia na unidade de saúde em relação as visitas destinadas aos estagiários de Psicologia?

  1. OBJETIVOS

Esclarecer como são feitas as visitas dos estagiários de Psicologia dentro da unidade de saúde e que demandas vão surgindo a partir dessas visitas.

  1. JUSTIFICATIVA

Existem várias demandas que surgem na unidade de saúde, como casos de depressão, elaboração de luto, esquizofrenia, psicose, depressão pós-parto, entre várias outras que vão surgindo, que são num primeiro momento, demandas difíceis de se obter um resultado em tão pouco tempo de estágio, mas que quando nós, estagiários de Psicologia, vemos, nos deparamos com uma evolução tão grande daquele caso, naquela visita que fizemos, que isso se torna grandioso para a nossa experiência nesse período de estágio dentro da unidade de saúde.

  1. DESENVOLVIMENTO

As questões que fazem os estagiários de psicologia ou até mesmo o psicólogo evoluir no ponto de vista da saúde coletiva não aparecem no consultório privado, elas aparecem na saúde pública. O que o sujeito demanda no encontro com o serviço de saúde, com certeza, é muito mais do que aquilo que a política de saúde diz que ele vai demandar ou diz que ele precisa demandar. Temos que nos atualizar a todo o momento e termos compromisso diante das necessidades do sujeito e não olhar somente o sintoma em si, mas todo o contexto social que está ao redor daquele sujeito. Temos que contextualizar não só a doença, mas todas as práticas, não só o processo de adoecimento, mas todas as práticas dentro de um óbvio coletivo. Todo o processo da doença deve ser pensado em termos coletivos e o processo de adoecimento tem um jeito de ser vivido por cada um deles, pois as pessoas não vivem o adoecimento do mesmo modo e o modo pelo qual o sujeito adoece tem certo sintoma que passa pelo indivíduo, mas também tem o sintoma que é coletivo, tem toda uma representação social desse adoecimento, por isso é importante entendermos isso, pois assim vamos poder construir um processo com o sujeito ressignificando esse adoecimento.

A necessidade de ampliar certos conceitos e trazer novas possibilidades para uma interação de qualidade entre o usuário, família e equipe também é algo imprescindível. Isso é de extrema importância em todas as fases do estágio, pois devemos sempre olhar o sujeito para além do sintoma e entender que o sujeito deve ser visto em todo o seu contexto social, entender que existem múltiplos fatores envolvidos por trás do seu adoecimento. Nas visitas domiciliares, nós, estagiários de psicologia, percebemos a necessidade de cada sujeito em relação à nossa compreensão nos problemas que são relatados pelos mesmos, eles esperam de nós uma compreensão diante do adoecimento que estão vivendo, onde a demanda nos é solicitada, muitas vezes pela família e não pelo próprio usuário, onde aguardam a nossa presença no local, para ajudá-los a encontrar uma solução que requer alguns encontros para entender melhor o problema e assim, com o nosso conhecimento e o do psicólogo supervisor, possamos ter a melhor abordagem e orientação para cada caso.

Fomos conhecendo a unidade, nos apresentando para as pessoas, questionando sobre o que elas precisavam, nos oferecemos para ajudar no que fosse preciso e tivemos a necessidade de ver também como as coisas estavam funcionando. Procuramos sempre entender sobre as coisas para conseguir direcionar as pessoas, até mesmo para conseguirmos entrar em campo e se preparar, pois essa função de alguma maneira a unidade já tem, de alguma maneira as pessoas são recepcionadas, mas a ideia era que nós ficássemos entre essas pessoas, que iam fazer consulta médica ou esperando algo na recepção, estávamos ali tentando nos colocar na escuta e ver o que estava acontecendo na unidade e o que estava acontecendo também com cada uma dessas pessoas.

Tivemos em sala, durante a orientação, uma experiência de trabalharmos com alguns autores como Mary Jane Spink, Laura Feuerwerker, Emerson Merhy, Silier Andrade, Deleuze e Guattari, entre outros, em momentos muito importantes de conversação, momentos de ler e entender a própria prática, olhar para além. À medida que fomos entendendo realmente como as visitas funcionavam e que fomos visitando, demandas para novas visitas foram surgindo e fomos criando uma liberdade de pensar essas novas demandas e essas demandas também foram sendo geradas do lado de fora da unidade. Foram sendo introduzidos também em nosso estágio a noção de modos de cuidados na saúde e a noção de que outras maneiras de cuidados são possíveis, que outros vínculos podemos produzir para quando algo acontecer ou se algo acontecer esse sujeito tenha jeito de se cuidar e assim uma prevenção acontecer de fato.

Laura Feuerwerker nos convida a pensar quando diz que precisamos ampliar o olhar e a escuta, assim possibilitar que a complexidade da vida dos usuários invada as unidades e a maneira dos trabalhadores compreenderem o processo saúde-doença e os sofrimentos da vida implica também colocar o usuário em outro lugar, em outra posição: a de agente ativo na produção de sua saúde e no encontro com os trabalhadores de saúde, a necessidade de inovar no olhar e nas ferramentas para produzir não somente intervenções no coletivo, mas também no cuidado individual, tomando as necessidades de saúde como referência e produzir atos de saúde cuidadores que é tarefa a ser compartilhada por todos os trabalhadores de uma unidade de saúde. Todos podem acolher, escutar, interessar-se, contribuir para a construção de relações de confiança e conforto. E como cada qual faz esse movimento desde determinados lugares, mobilizando saberes específicos adquiridos a partir de vivências concretas, o compartilhamento desses olhares certamente amplia e enriquece as possibilidades de compreender e comunicar-se com os usuários dos serviços de saúde, pois no campo da saúde o objeto é a produção do cuidado, por meio do qual se espera atingir a cura e a saúde, que são, de fato, os objetivos esperados.

Então tudo que chega à unidade são maneiras de compreendermos e fazermos uma leitura do próprio território, cuidados de saúde, o que temos em termos de prevenção, de bem-estar na vida das pessoas, ou seja, que questões serão demandadas para os estagiários de psicologia ou para o psicólogo. Então muitas vezes veremos que fora dali, ou seja, nos grupos, nos outros órgãos da família que estejam na região ou no território, podemos conseguir ter muitas possibilidades de ação.

As nossas visitas em campo têm uma potencialidade rizomática gigantesca, Deleuze e Guattari, Emerson Merhy, deixam isso muito claro quando mencionam o processo rizomático, pois esses autores vêm dizendo que nós produzimos, nós temos uma potência de vida, que nós funcionamos meio que como máquinas desejantes, só que existem alguns processos que são sociais e quando o sujeito se encontra com esses processos, muitos desses processos embarreiram, é como se esse rizoma fosse cortado, e quando nós atuamos desse modo na vida nós produzimos a falta, produzimos a não potência, então esses autores pensam o rizoma como uma categoria para poder dizer como que a produção da subjetividade é feita. Eles vão começar a localizar aquilo que neste rizoma não está possibilitando com que isso seja um rizoma e assim são as nossas visitas, conseguimos fazer no nível micro, visitando, mas o que isso poderia reverter em outro lugar fica barrado pela lógica de funcionamento dessa própria instituição, seja pela cultura de saúde das pessoas, seja porque o processo de Estratégia Saúde da Família não foi implantado, é um processo ali que faz com que o rizoma chegue numa rede de conexão, a produção que começa acontecer, a produção não mais da criação, mas uma produção de reversão, assim ficamos na reversão, pois parece que não tem mais outra coisa a fazer a não ser repetir e assim sucessivamente, então desenvolvemos numa ação micro algo que foi possibilitado.

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