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Filme Quarto de Jack

Por:   •  20/11/2018  •  Resenha  •  1.272 Palavras (6 Páginas)  •  505 Visualizações

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O quarto de Jack é um filme que trás ao telespectador varias reflexões da vida. Retrata de forma intensa uma relação entre mãe e filho, que nasce e tem seu desenvolvimento inicial em um ambiente limitado. No início do enredo a razão da forma restrita de Joy educar o filho não é bem compreendida, mas aos poucos se percebe a grandeza daquela mãe, que transforma a condição de cativeiro em um mundo particular, explorando a fantasia e transbordando amor para seu filho.

Jack desconhece a possibilidade de existir um mundo diferente daquele em que vive. Para ele, tudo que é apresentado na televisão é irreal, é fantasia, é de mentira. No entanto é uma criança curiosa que busca interagir com qualquer coisa que se apresente no quarto, sendo bem estimulado por sua mãe. A chegada de Jack na vida de Joy propõe a ela comportamentos exploratórios, uma vez que, sua rotina delimitava-se a solidão do cativeiro. A maternidade trouxe a ela uma restruturação de sentimentos minimizando os impactos emocionais causados por aquela situação. Joy tentou escapar daquele lugar abusivo uma única vez, no entanto se conformou com a sua realidade acreditando que seria impossível aquele ato.

 

Para Jack a vida dentro do quarto é seguro e previsível. Sua mãe consegue organizar uma rotina para ambos dentro do contexto de vulnerabilidade, garantindo um ambiente menos estressor para seu desenvolvimento. Para Jack, as visitas do Sr. Nick, não se constitui em uma ameaça, pois Joy estabeleceu estratégias e regras para assegura-lo e protege-lo. Entretanto no momento em que Jack crescia e os abusos se tornavam mais difíceis de esconder sua mãe decide contar a realidade da situação em que vivem e revela sua história real, bem como a existência de um mundo.

 

Esta consciência se torna perturbadora para ele, que recebe este mundo novo de forma negativa, com crises de raiva, negando a realidade nova que se apresenta. Pois, aquele lugar é onde ele se sente seguro. È o que é para ele o conhecido e familiar. Joy, apesar de desestabilizada, consegue relatar um novo mundo para o filho, passando uma visão positiva. Com isso Jack se acalma e se autoriza a continuar se aproximando deste novo mundo, através de perguntas e mais tarde, se aliando a mãe no plano de fuga. 

 

Jack saí do quarto e demonstra como tem sido perturbador essa experiência de transição, e pede para sua mãe que voltem para cama onde para ele é o lugar mais seguro. Jack segue experienciando o novo mundo, ainda confuso com as pessoas e com o funcionamento diferente do espaço físico, Sua mãe, segue segura explicando o mundo de forma positiva, reassegurando que continuarão juntos, e que estão protegidos do Sr. Nick.

 

Aos poucos Jack vai ampliando sua rede interpessoal, conseguindo reconhecer no amigo da família, e sua avó, pessoas confiáveis. Entretanto, Joy enfrenta muitos desafios como o de se reconectar com sua história e todas as modificações sofridas durante os anos em que esteve sequestrada. Todas essas mudanças representam ameaças e perturbações para ela. A tentativa de suicídio de Joy representava um pedido de socorro em meio a tantos traumas e pressões emocionais. Assim, Jack fica aos cuidados de sua avó enquanto a sua mãe cuida de si. Devido a esse fator ele adquiriu uma estratégia de enfrentamento tendo mais facilidade de se adaptar ao ambiente.

 

Em um momento do filme Jack já se sente fortalecido e seguro, querendo oferecer segurança para sua mãe que estava fragilizada, então decidiu cortar o cabelo que simboliza a sua força. Neste momento, Jack já é capaz de se relacionar com as pessoas e com animais, consegue compreender e suportar a tristeza pela ausência da mãe, demonstrando maior autoconfiança.

 

Quando Joy retorna, Jack é capaz de recebê-la de volta com um abraço caloroso ajudando-a a se sentir novamente importante nesta relação. Joy se desculpa e demonstra um interesse grande em reaver a intimidade com o filho. Assim, Jack entende que a relação entre ambos continuavam ali, um para o outro.

 

Ao final do filme, Jack pede a sua mãe para retornar ao quarto, lugar que permanecia vivo em sua lembrança. Ao se reencontrar com o quarto percebe que tudo havia se transformado e que aquele lugar havia ficado pequeno para eles. Jack torna-se capaz de se despedir do antigo cenário, confiante e seguro de seguir em frente e para isso, convida sua mãe a fazer o mesmo. Jack, não só dá um passo para trás, para tomar impulso e seguir seu caminho, como indica para sua mãe a atitude necessária para virar a página enfrentar seus fantasmas e seguir em frente.

Supondo que Joy e Jack fossem encaminhados pelo Dr. Mital (o médico que os atendeu pós-cativeiro) para um atendimento psicológico devido à situação de vulnerabilidade a qual sofreram durante anos. O processo com Joy seria iniciado com uma anamnese onde seria relatado pela mesma que aos 17 anos foi sequestrada mantida em cativeiro por 7 anos e nesse período teve um filho com o sequestrador que a estuprava regulamente. Joy se queixaria de irritabilidade, tristeza excessiva, medo, culpa desnecessária, pensamento de morte e indisposição. Com a saída do cativeiro Joy apresentava dificuldade na readaptação social devido às mudanças ocorridas durante todo esse tempo. Com todas essas pressões emocionais tentou suicídio.

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