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GRANDE NOMES DA PSICOLOGIA BRASILEIRA ANA BOCK

Por:   •  14/11/2019  •  Seminário  •  1.608 Palavras (7 Páginas)  •  656 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE

Curso de Graduação em Psicologia

GRANDE NOMES DA PSICOLOGIA BRASILEIRA

ANA BOCK

2015

  • INTRODUÇÃO

Ana Mercês Bahia Bock, conhecida apenas como Ana Bock, possui graduação em Psicologia (1975), mestrado (1991) e doutorado (1997) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Hoje, com 66 anos é professora titular e aposentada na PUC-SP e durante sua trajetória profissional articulou os estudos sobre Psicologia Social com a militância no Sindicato e Conselho Federal de Psicologia (CFP), tendo participação política através de entidades da psicologia. Em seu mestrado e doutorado ela usou a categoria dos psicólogos com ênfase em psicologia sócio-histórica, profissão e compromisso social, e dimensão subjetiva da desigualdade social como objeto de estudo. Foi presidente do CFP por três mandatos e atualmente é presidente do Instituto Silvia Lane - Psicologia e Compromisso Social. Em 2018, foi anunciada como vice de Luiz Marinho na disputa ao governo de São Paulo pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

O final de sua graduação contextualiza-se nos anos 70, período social brasileiro de ditadura militar e perseguição aos intelectuais. Tal contexto permite analisar o surgimento de um novo projeto social voltado à compreensão da Psicologia como uma profissão em ascendência, intimamente ligada ao trabalho de militância das universidades brasileiras, que trabalhavam em fortalecer o pensamento crítico através de obras marxistas e questionamentos sobre a posição política dos psicólogos.

Nos anos 80, expande-se a entrada dos psicólogos na saúde mental, encontrando ali o movimento sanitarista já articulado e seguindo a passos largos, e o surgimento, a partir das universidades, da Psicologia comunitária, que nasce nos estágios dos alunos. Os mesmos farão suas experiências ao lado do operariado, em São Paulo, ou trabalharão na favela, junto ao movimento de creches ou nas comunidades de bairro. A psicologia na saúde mental vai se distinguir completamente da saúde que se fazia nas clínicas psicológicas particulares. Os psicólogos vão entrar no serviço público e se organizar na saúde, destacar-se e posteriormente vão virar lideranças, mudando muito a cara da profissão.

Concomitantemente, Ana Bock seguiu Silvia Lane (psicóloga marxista e sócio-histórica) nos estudos da Psicologia Social, que é usualmente definida como o ramo da ciência psicológica que lida com a interação humana. Esses estudos surgiram no século XX -chegando ao Brasil apenas no fim dos anos 70, como uma área de atuação da psicologia para estabelecer uma ponte entre a psicologia e as ciências sociais (sociologia, antropologia, geografia, história, ciência política). Sua formação acompanhou os movimentos ideológicos e conflitos do século, a ascensão do nazifascismo, as grandes guerras, a luta do capitalismo contra o socialismo, a ditadura no contexto brasileiro, entre outros.

  • DESENVOLVIMENTO

      A Psicologia social encontra-se no campo entre a Psicologia e a Sociologia, isso deve-se ao fato dela estudar o indivíduo inserido em uma sociedade proporcionadora de estímulos que interferem no comportamento das pessoas. Essa escola atua em campos menores para estudar suas relações e atuar visando mudanças coletivas e não individuais, além disso sua proposta molda-se para ser aplicada em qualquer sociedade.

     Em suas ações práticas a corrente age em ambiente tais como bairros, escolas, associações, hospitais ou outros ambientes que compartilham espaço físico, além de possuírem condições psicológicas em comum. Um psicólogo social atua em comunidade mas respeita os aspectos individuais dos envolvidos, o trabalho consiste de forma prática propor soluções a partir dos conhecimentos daquela sociedade e estimular a aplicação e continuação dessas soluções.

A Psicologia vê o social como algo exterior ao indivíduo e não como parte da formação de si, em que há uma desvalorização do coletivo e estuda de forma equivocada o sujeito, como ele se comporta e o que ele sente quando está em presença do outro. Para Ana Bock, os Direitos Humanos são incompatíveis com a individualidade, visto que este é considerado um avanço da humanidade nas construções da convivência e no reconhecimento da importância da relação com o outro como parte de si. Para ela, nós nos constituímos porque existe o outro -e não apesar do outro, o sujeito de direitos nasce nas relações.

No entanto, a Psicologia tomou a ideia de sujeito como singular, isolado. Toma a subjetividade como sinônimo de individualidade, e por consequência produz pensamentos que isolam o indivíduo de suas relações sociais. Desta forma, essas noções dificultaram o desenvolvimento de uma cultura de Direitos Humanos no campo da Psicologia. Ana Bock conclui, portanto, que a Psicologia precisa mudar o conceito de subjetividade, uma vez que é vista de forma errônea e com o mesmo significado de individualidade, passando a levar em consideração o meio em que o indivíduo está inserido, bem como enxergar patologias e conceitos não como algo particular do ser, mas lembrando que nós nos constituímos a partir de outrem e do contexto, que não são influências e sim determinantes da noção de subjetividade.

Portanto, a Psicologia com suas noções de patologia e subjetividade naturalizadas precisa reconhecer que já direciona na sociedade determinados critérios, como exemplo o de saúde, o que é saudável e o que não é. Ana Bock ressalta que o sujeito de direitos não existe naturalmente, é construído pela humanidade, tanto é que no Brasil não se encontra todos os sujeitos com seus direitos garantidos, como por exemplo os básicos, saúde, educação, moradia digna, saneamento básico e transporte. As relações sociais ocorrem nesse cenário que é, muitas vezes, desigual; a constituição de identidades e de subjetividades também; os comportamentos, os desejos, os projetos, os valores e as significações, tudo se passa neste contexto. Mas a Psicologia ignorou este fato e pensou os sujeitos sem considerar a desigualdade social.

Apesar da forte presença deste aspecto, a Psicologia tem negligenciado a desigualdade social como um aspecto determinante da constituição das subjetividades, e para Ana Bock o assunto é uma questão que deve ser enfrentada e superada na Psicologia. Esta superação se dará pela adoção de uma visão de sujeito e de sua relação com o mundo que adota como categoria fundamental a historicidade, afirmando a subjetividade como aspecto da realidade que se constitui como uma dimensão do real. Subjetividade e objetividade são uma relação dialética de constituição mútua. Ignorar esta relação leva e tem levado à psicologia a se constituir como ideologia que oculta a produção social da desigualdade.

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