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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: ESTÁ A IDADE DAS MÃES CORRELACIONADA COM O ÍNDICE DE DEPRESSÃO DURANTE A GRAVIDEZ?

Por:   •  29/4/2019  •  Projeto de pesquisa  •  2.863 Palavras (12 Páginas)  •  210 Visualizações

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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: ESTÁ A IDADE DAS MÃES

CORRELACIONADA COM O ÍNDICE DE DEPRESSÃO DURANTE A GRAVIDEZ?

Henrique Jerônimo Merencio Silva

RESUMO

Este estudo tem como objetivo identificar se há correlação entre a idade das mulheres durante a gravidez e o índice de depressão durante a gravidez, buscando analisar se a gravidez na adolescência pode ser um fator relacionado à transtornos depressivos. Para realizar a pesquisa, participarão 120 mulheres, sendo 60 adolescentes de 13 a 25 anos e

60 mulheres adultas de 25 a 40 anos, todas pacientes do Centro Obstétrico e Maternidade do hospital de clínicas de Uberlândia – MG. Elas serão submetidas ao Inventário de Depressão de Beck (BDI), que consiste em um teste que visa medir a presença e gravidade de sintomas depressivos, correspondentes aos critérios diagnósticos dos transtornos depressivos, tanto da população clínica como da população geral. Após isso, os dados obtidos serão analisados por meio do programa Bioestat (5.3), afim de encontrar a correlação entre a idade das mulheres e o índice de depressão durante a gravidez. Esperase que as grávidas adolescentes sejam mais propensas à depressão, devido a fatores como a falta de planejamento da gravidez, abandono escolar, falta de apoio da família, baixo poder econômico, entre outros fatores.

Palavras-chave: Adolescência; Depressão; Gravidez.

INTRODUÇÃO

A adolescência, segundo Papalia & Feldman (2013), é a etapa do desenvolvimento humano que passa por uma construção social. Nas sociedades préindustriais, crianças eram vistas como adultos quando se amadureciam fisicamente ou entravam na vida profissional. Apenas a partir do século XX esta fase se torna uma etapa de vida separada no mundo ocidental. Hoje, ainda de acordo com as autoras, a adolescência se transformou em um fenômeno mundial, configurando-se de formas diferentes em contextos culturais diferentes. Na maior parte do globo, a inserção na vida adulta pode demorar mais tempo e não é tão definida como era nos séculos passados.

Fucks et al. (2015) preocupa-se em salientar que a adolescência é um período marcado por incertezas, conflitivas e inseguranças, e que essa etapa de mudança de estágio entre a infância à vida adulta não ocorre no tempo cronológico para todos, pois é bastante difícil delimitar seu início e fim. Os autores investigam questões sobre a vivência da maternidade durante a adolescência, o que provoca novos comportamentos, atitudes e pensamentos. Moreira et al. (2008) mostra o crescimento do número de internações obstétricas nas de idades de 10 à 24 anos, sendo que, de acordo com a pesquisa, internações por gravidez e parto correspondem a 37% das internações entre mulheres de 10 a 19 anos no Sistema Único de Saúde (SUS).

Na atualidade, Miura et al. (2018) mostram que há uma quantidade considerável de mães adolescentes no mundo, sendo aproximadamente 7,3 milhões de mulheres que têm seus bebês sem terem atingido a fase adulta, e, dentro deste total, 2 milhões são menores de 15 anos. Segundo Moreira et al. (2008) a gravidez é um momento de grandes revoluções para uma mulher, o corpo passa por diversas mudanças físicas e hormonais e nesta fase podem-se gerar incertezas, sentimentos de fragilidade ou até mesmo psicopatologias na futura mãe.

Dentro dessas psicopatologias que podem ser desenvolvidas pelas mães, de acordo com Pereira et al. (2010) a depressão tende a ser a psicopatologia mais recorrente dentro dos transtornos mentais. Em uma gravidez, a depressão pode gerar problemas não somente à saúde biopsicossocial da mãe, mas também à saúde do feto, podendo desencadear problemas no desenvolvimento, sobrepeso e até um parto prematuro.

De acordo com Neto et al. (2007) a gravidez na adolescência leva, quase sempre, à destruição de planos e o adiamento de conquistas, introduzindo a mulher adolescente numa situação de desajustamento social, familiar e escolar, podendo levá-la a um momento de crises, que dependendo do grau de ajuste da personalidade, a mesma pode sair desta crise fortalecida ou caminhar para depressão, tentativa de aborto ou suicídio. Além disso, quanto à primeira relação sexual, sabe-se que quanto mais cedo ela ocorrer maiores serão as chances de engravidar, devido a: vulnerabilidade devido à falta de métodos contraceptivos, pelo não poder de compra e receio na busca pelo serviço de saúde; desconhecimento de práticas preventivas e possível não fortalecimento emocional durante chantagens que o parceiro (muitas vezes anos mais velho) faz, buscando provas efetivas do amor da adolescente para si, que vão desde o defloramento do hímen, até o sexo sem preservativo ou outros métodos contraceptivos.

A literatura científica indica que o período gravídico-puerperal é a fase de maior frequência de transtornos mentais na mulher, principalmente no primeiro e no terceiro trimestres de gestação e nos primeiros 30 dias do pós-parto, sendo a depressão o transtorno mais frequente (Thiengo et al., 2012).De acordo com Taborda et al. (2014) a ideia de que a gravidez indesejada é resultante da desinformação sobre os métodos contraceptivos e de que quanto mais precoce é a iniciação sexual, mais vulneráveis à concepção estarão as adolescentes parece ser um consenso. Da mesma forma, observa-se que quanto maior o grau de escolaridade dos adolescentes que praticam o ato sexual, maiores são as chances de utilização de preservativos tanto na primeira relação quanto nas subsequentes.

No ciclo vital da mulher, segundo Maldonado (2002), há três períodos críticos de transição que constituem verdadeiras fases do desenvolvimento da personalidade: a adolescência, a gravidez e o climatério. São três períodos de transição biologicamente determinados, caracterizados por mudanças metabólicas complexas, em que há a necessidade de novas adaptações, reajustamentos interpessoais e intrapsíquicos, além da mudança de identidade. Desse modo, quando dois períodos críticos coincidem, como a fase da gravidez e a adolescência, isso provoca um impacto nos planos biológico, psíquico e social da jovem em questão.

Pode-se pensar que a descoberta de uma gravidez, quando não planejada e nem desejada, causa diversos sentimentos na mãe que influenciarão na forma que vivenciará sua gestação e como irá se comunicar com seu feto, bebê e filho (Milbradt, 2008). De acordo com Leff (1997), em relação à gravidez, existem tantas reações quanto forem as mulheres grávidas. Algumas se sentem enriquecidas, outras se sentem

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