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Homo Vivens

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Por:   •  8/3/2015  •  3.572 Palavras (15 Páginas)  •  388 Visualizações

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HOMO VIVENS – [A VIDA HUMANA]

Uma das propriedades fundamentais do ser humano é a vida. O homem é homo vivens: ele é humano enquanto é vivo. Enquanto o fenômeno da vida é um dado certo, a sua verdadeira natureza e a sua origem são coisas muito complexas e misteriosas.

A vida abrange uma forma vastíssima de seres [dos moluscos às plantas, aos animais, aos homens] e se apresenta com propriedades marcantemente diversas nos grupos em separado. Nossa tarefa é procurar descobrir aquele denominador comum que se realiza em todos os seres viventes.

Tal estudo é importante para nós como estudantes do misticismo porque de sua consideração depende o próprio modo de ver as coisas no plano filosófico, ético, místico e político. Conceber a vida de modo mecanicista ou vitalista significa iniciar a própria existência segundo regras éticas e espirituais diametralmente opostas. Por isso, o estudo da vida dificilmente pode ser conduzido de modo frio, fragmentado, desapaixonado, pois muito alta é a aposto em jogo.

Conforme afirmamos no artigo anterior, se para o estudo da somaticidade do homem não se consegue abordá-lo na sua plenitude pelo método experimental, sendo necessário o método fenomenológico, o que dizer do estudo da vida?

A distinção entre um e outro é que enquanto um [o cientifico ou metodológico] procura provar suas teses pelo encantamento lógico de suas experiências, desvendando suas causas e leis subjacentes, o outro [o experiencial] está associado à vivência, à característica de expressão de um fenômeno; é a visão fenomenológica. O primeiro método teve seu apogeu no final do século XIX, durante o postivismo europeu. O segundo tem nos pensamentos d Merleau-Ponty Martin Heiddger a representatividade de seu conteúdo, pois afirmam que a vida não pode ser fragmentada ou muito analisada, porque constitui-se de ‘algo’ muito mais sutil e que uma abordagem cientifica pode colher apenas alguns aspectos superficiais.

Para abordar a vida em toda sua plenitude e originalidade, é preciso vivê-la, senti-la, percebê-la.

Os vitalistas sustentam sua tese com os seguintes argumentos:

-Não se pode reduzir um organismo à sua máquina, ou seja, os fenômenos de autoconstrução, de autoconservação, de auto-regulação, de auto-reparação, são típicos de organismos vivos.

Como estudantes do misticismo, sabemos que tais propriedades existem pela presença da inteligência cósmica em nossas células, bem como em todo universo.

- A máquina só funciona talvez perfeitamente sob condições ideais. O organismo vivente, por sua vez, trás ‘em potência’ a improvisação e a utilização das circunstancias; é uma tentativa em todos os sentidos.

- As máquinas são invenções do homem como imitação dos organismos vivos, dos quais não estão nunca em condições de atingir a perfeição.

A máquina é posterior ao organismo em todos os sentidos, histórico e ontológico, e, por isso, o organismo nunca poderá ser reduzido a uma máquina.

O vitalimso não morreu, na verdade há um continuo rejuvenescimento de sua fundamentação, a despeito das mais recentes descobertas científicas.

A ciência não sepultou realmente o vitalismo, pois ele voltou a florescer depois do positivismo com Bérgson, Dilthey, Heidderger, reconquistando seu prestígio com Teilhard de Chardin, Gadamer e outros.

A eficiência da física e o triunfo da matemática contribuíram para que filósofos como Descartes, Gassendi e cientistas da época sustentassem ser possível dar uma interpretação mecanicista da vida, aplicando à biologia modelos tirados da mecânica clássica e da física em geral.

Os mecanicistas sustentam sua tese atacando os vitalistas com os seguintes argumentos:

- O vitalismo não tem provas a seu favor, mas somente suposições e preconceitos; investiga forças desconhecidas que nenhuma demonstração ou verificação cientifica pode documentar.

- O vitalismo é vitima do antromorfismo.

Trata-se de abandonar a idéia de que seja privilegiada a esfera dos viventes, à qual pertencemos. Positivamente, trata-se de afirmar e adotar de modo sempre amplo o grande principio da indiferença da natureza.

Dizem os mecanicistas que o vitalismo é uma máscara que serve de cobertura a certas concepções metafísicas, éticas e religiosas das coisas, de certos valores morais, etc.

Na verdade,vitalismo e mecanicismos não são incompatíveis, eles se completam, sendo portanto legítimo concluir que o estudioso tem a possibilidade de ser mecanicista quando assume o ponto de vista cientifico, e vitalista quando ultrapassa o ponto de vista cientifico e busca uma explicação exaustiva do fenômeno da vida.

INFORMAÇÕES CIENTIFICAS

Do ponto de vista cientifico, a vida é uma particular organização da matéria. A biologia molecular demonstrou que a substancia vivente se distingue da não-vivente graças a um modo diferente e muito mais complexo de estruturação: a substancia não-vivente ou inorgânica é constituída de moléculas extremamente simples, por exemplo, a molécula de água é formada de um só átomo de oxigênio e de dois de hidrogênio; a substancia vivente, ou orgânica, por sua vez, é constituída de moléculas extremamente organizadas e complexas.

As moléculas da substancia vivente são formadas em noventa e nove por cento pela associação dos átomos pertencentes a quatro elementos: carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio. O resultado da sua associação é representado pelos constituintes orgânicos, que são denominados carboidratos, gorduras, proteínas, ácidos nucléicos, os quais são os constituintes fundamentais da célula. Cada um desses complexos desenvolve, no harmonioso equilíbrio do ciclo vital, uma tarefa bem especifica. Os carboidratos e as gorduras são as fontes principais de energia das células. A reunião ou síntese d moléculas de substancias realiza-se graças ao estímulo e ao comando de um tipo de proteínas: as enzimas. Trata-se de moléculas químicas muito complexas, que cada célula produz segundo as substancias que deve desagregar ou sintetizar. A enzima pode ser considerada como um verdadeiro e próprio laboratório químico, que toma certas substancias e as elabora segundo certo programa; o seu poder de ação é extraordinário.

No que tange aos ácidos nucléicos, a eles cabe a tarefa de conservar e de transmitir o código genético. O ácido que exerce essa função chama-se DNA [ácido desoxirribonucléico].

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