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Humilhacao Social

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Por:   •  10/5/2014  •  612 Palavras (3 Páginas)  •  344 Visualizações

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A humilhação social corresponde a um caso particularmente doloroso de angústia, um afeto da exposição do homem pobre a mensagens de inferioridade social. Mensagens que lhe são dirigidas pelos outros e pela cidade. Mensagens verbais e também mensagens mudas, são palavras ou são circunstâncias públicas que lhe parecem como um lembrete de que não estão em casa.

A humilhação crônica, longamente sofrida pelos pobres e seus ancestrais, é efeito da desigualdade política, indica a exclusão recorrente de uma classe inteira de homens para fora do direito à casa, direito ao trabalho e direito à cidade. Mas é também de dentro que, no humilhado, a humilhação vem atacar.

A humilhação se assume como um impulso angustiante, o corpo, o gesto, a imaginação e a voz do humilhado. A humilhação social é fenômeno ao mesmo tempo político e psicológico, caracteriza assiduamente a psicologia do oprimido: desencadeia afetos embriagantes ou paralisadores. As formas deste desencadeamento podem variar: são lágrimas, o emudecimento, o protesto confuso, a ação violenta e até o crime.

Os pobres sofrem freqüentemente o impacto dos maus tratos. Psicologicamente, sofrem continuamente o impacto de uma mensagem. O exame de processos psíquicos beneficia-se do recurso ao seu tempo social, um recurso à maneira pela qual cada época geralmente organizou as relações dos homens com outros homens, com a cidade e também com a natureza. Esta disciplina de fronteira, a Psicologia Social, caracteriza-se não pela consideração do indivíduo, pela focalização da subjetividade no homem separado, mas pela exigência de encontrar o homem na cidade, o homem no meio dos homens.

A humilhação social conhece, em seu mecanismo, determinações econômicas e inconscientes. Deveremos propô-la como uma modalidade de angústia disparada pelo enigma da desigualdade de classes.1 Como tal, trata-se de um fenômeno ao mesmo tempo psicológico e político. O humilhado atravessa uma situação de impedimento para sua humanidade, uma situação reconhecível nele mesmo.

A visão dos bairros pobres parece, às vezes, ainda mais impiedosa do que a visão de ambientes arruinados: não são bairros que o tempo veio corroer ou as guerras vieram abalar, são bairros que mal puderam nascer para o tempo e para a história. As relações sociais estão despersonalizadas, refreando a solidariedade para o âmbito privado da família. Toda e qualquer aquisição material e simbólica foi transformada em moeda: "se você não tiver o dinheiro se acabou o mundo".

O homem valorizará o seu ingresso em instituições sociais apenas considerando vantagens a título privado: a conveniência, nenhum motivo a mais, torna-se a magra justificativa do homem burguês para ainda tolerar sua dedicação à cidade e aos outros homens. A liberdade é desde então afirmada como um valor individual e a noção de justiça é forjada como direito reconhecido a cada indivíduo de fazer, na esfera de sua liberdade privada, tudo que não interfira na liberdade dos outros.

A vida comunitária não é a condição determinante daquela amargura nos espaços não-democráticos, separatistas e racistas. Apenas vem aprofundá-la mas a amargura chega para toda a gente, para qualquer um de nós e especialmente para aqueles que se sabem sistematicamente excluídos do direito à cidade.

A fortuna dos que enriquecem

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