IMPACTOS DA LUDICIDADE PARA CRIANÇAS HOSPITALIZADAS: O BRINCAR COMO INTERVENÇÃO
Por: Fransuene • 28/9/2018 • Artigo • 4.621 Palavras (19 Páginas) • 253 Visualizações
IMPACTOS DA LUDICIDADE PARA CRIANÇAS HOSPITALIZADAS: O BRINCAR COMO INTERVENÇÃO
Fransuene Gleide de Souza[1]
RESUMO
Ao se tratar da defesa do uso do lúdico enquanto ferramenta terapêutica de natureza paliativa nos permite entender que a cura de doenças não se relaciona somente com o tratamento farmacológico e ambulatorial. Nessa perspectiva o presente estudo tem por objetivo analisar as principais contribuições do lúdico enquanto estratégia no tratamento de crianças hospitalizadas. Trata-se de uma metodologia qualitativa, que apresenta um texto dissertativo e argumentativo acerca dos impactos do lúdico no tratamento de crianças hospitalizadas. As reflexões postas enquanto resultados são oriundas das leituras referencias bibliográficas que, nos permitem concluir que o efeito da ludicidade nos ambientes hospitalares tem suscitado experiências positivas em relação à minimização do desgaste traumático enfrentado pelas crianças em ambientes hospitalares.
Palavras-Chaves: Crianças Hospitalizadas. Ludicidade. Psicologia Hospitalar
1. INTRODUÇÃO
Muitos estudiosos apontam que, através do lúdico as crianças se relacionam de várias maneiras com significados e valores, pois, nas brincadeiras elas ressignificam o que vivem e sentem. Existem estudos apontando que o lúdico é de grande importância para as crianças, pois sem distinção de idade ou classe social.
Partindo dessas constatações, o presente estudo foi desenvolvido buscando apresentar uma discussão nessa perspectiva de modo que responda ao problema de pesquisa que consiste em: quais as contribuições da ludicidade utilizadas como instrumento de intervenção paliativa no tratamento de crianças hospitalizadas?
Com a pretensão de responder ao questionamento levantado, elenca-se como objetivo geral: analisar as principais contribuições do lúdico enquanto estratégia paliativa no tratamento de crianças hospitalizadas.
Para o direcionamento do trabalho foram delineados os seguintes objetivos específicos: a) identificar a importância da inserção do lúdico para o tratamento de crianças hospitalizadas associadas aos aspectos de adaptação ao ambiente hospitalar b) verificar os impactos das estratégias lúdicas na superação e/ou adaptação das crianças em ambientes estressantes, c) verificar a relevância da recreação lúdica em ambientes hospitalares otimizando o tempo de permanência do paciente no hospital.
O referencial teórico para fundamentação deste estudo consiste em reflexões conclusivas a partir da leitura de publicações bibliográficas versando acerca do uso e contribuições da ludicidade no tratamento de crianças hospitalizadas. Vale salientar que não se trata, portanto, de um estudo de análise de produções científicas, mas sim, de reflexões e constatações científicas a respeito da importância da ludicidade em ambientes hospitalares.
Para referendar as considerações relevantes, apresentadas neste estudo, utilizamos como base referencial de sustentação, pesquisas de Kishimoto (2003), Cunha (2011), Fortuna (2008), as concepções psicanalíticas de Winnicott e Melanie Klein , entre outros que elucidam a concretização deste estudo.
Portanto, o brincar é uma atividade natural, espontânea e necessária para a criança, e se constitui em elemento importante na sua formação, bem como, aplicada, significativamente nas técnicas de tratamentos terapêuticos, sobretudo, na área da Psicologia.
2. A LUDICIDADE COMO PALIATIVO PARA CRIANÇAS HOSPITALIZADAS
O processo de internação hospitalar é muito estressante, sobretudo para as crianças. Para Viegas (2008), o processo de hospitalização para as crianças é mais traumático que para os adultos, possivelmente por toda alteração de rotina e do afastamento das pessoas mais próximas. Além do afastamento dos familiares, o ambiente hospitalar gera na criança sentimentos de angústias, inseguranças, irritabilidades devido à privação do convívio com as pessoas próximas, quer seja familiares, amigos, colegas da escola e/ou até mesmo dos brinquedos.
Do mesmo modo, os estudos de Santos (2011) ratificam a delicadeza que implica o processo de hospitalização e o desgaste emocional provocado por todas as mudanças na vida da criança, mais precisamente, pois há efetivamente uma ruptura social significativa que desencadeia transtornos emocionais para além das reações inerentes à enfermidade.
Ou seja, ao se tratar de crianças submetidas ao ambiente hospitalar é nítido que os procedimentos são dolorosos, desconfortáveis e estressantes, o que pode refletir diretamente no desenvolvimento emocional da criança, podendo gerar diversos conflitos internos como ansiedade, agressividade, dificuldades em adaptação entre outras.
Para o médico Patch Adams (1999), por todo o desgaste provocado pelo processo de hospitalização, somente a ludicidade poderia ser utilizada como estratégia para amenizar todo o sofrimento das crianças. Adams foi o pioneiro em utilizar nos hospitais a inserção do brincar como recurso paliativo para tratamento de crianças hospitalizadas e os resultados obtidos ganharam relevância nos Estados Unidos da América.
Segundo Fortuna (2008), os estudos e as experiências realizadas por Adams utilizando de recursos da ludicidade no tratamento de crianças hospitalizadas evidenciaram que as tensões e aflições emocionais das crianças foram minimizadas a partir da interação lúdica.
Brincar é essencial à saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções e nossa necessidade de conhecer e reinventar. E tudo isso desenvolvendo atenção, concentração e muitas outras habilidades (CUNHA, 1993, p. 35).
Portanto, para Santos (2011) e Cunha (1993), o efeito da ludicidade nos ambientes hospitalares tem suscitado experiências positivas em relação à minimização do desgaste traumático enfrentado pelas crianças em ambientes hospitalares.
A dimensão terapêutica da ludicidade em hospitais tem contribuído significativamente para estimular a melhora de aceitação do tratamento.
Logo, a ludicidade entendida na perspectiva de ferramenta e/ou estratégia utilizada com intuito paliativo, cuja finalidade está para minimizar o sofrimento causado pelo processo de hospitalização de crianças, desempenha um papel crucial, por dar às crianças possibilidades para ressignificar a realidade hospitalar, buscando suprir a necessidade da vida cotidiana e corriqueira da relação social nesse período.
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