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Inclusão de Pais: Estratégias de intervenção para indivíduos com Transtorno do Espectro Autista

Por:   •  12/6/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.863 Palavras (8 Páginas)  •  688 Visualizações

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Pesquisa:  Inclusão de Pais: Estratégias de intervenção para indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (Bezerra e Rodrigues, 2011)

Inclusão de Pais: Estratégias de intervenção para indivíduos com Transtorno do Espectro Autista

É fundamental a participação dos pais no desenvolvimento global do indivíduo, particularmente em famílias com pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Este texto relata a intervenção comportamental para uma adolescente diagnosticada com TEA em uma clínica-escola de psicologia. Após três anos de tratamento concluiu-se que com a mãe da adolescente incluída no processo, se mostrou efetiva e crítica a realização de uma intervenção segundo os princípios da ACA, no contexto da clínica.

Durante todo o desenvolvimento infantil, os pais assumem um papel indispensável na formação da criança, tanto no aspecto físico quanto no desenvolvimento cognitivo da mesma. O papel da família no desenvolvimento infantil torna-se ainda mais essencial em famílias que convivem com crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estas crianças com necessidades especiais se favorecem do ambiente familiar porque este oferece cuidados que ajudam na sobrevivência e na manutenção da saúde. A família é a responsável por estimular e incentivar o crescimento e o desenvolvimento delas já que requerem mais atenção e cuidados específicos.

As famílias de indivíduos portadores de autismo tem um grande desafio que é de ajustar seus planos e expectativas quanto ao futuro, desde as limitações até a adaptação, da dedicação e aos cuidados das necessidades específicas do filho. A participação dos pais no processo terapêutico infantil é essencial para uma terapia bem sucedida, pois grande parte das contingências às quais a criança está exposta é composta por relações com os pais e familiares. Terapias analítico-comportamentais têm sido reconhecidas pela sua eficácia em tratar com os atrasos e déficits comuns no autismo. A terapia comportamental proporciona a saúde comportamental, auxiliando o cliente a acabar com comportamentos indesejados e não adaptados, trocando-os por comportamentos adequados que permitam ao indivíduo atingir e manter os objetivos.

Por meio da observação é permitida uma avaliação inicial para a elaboração de um plano de tratamento e os pais são elementos centrais na construção da individualização terapêutica, pois são como grandes conhecedores de seus filhos e das contingências de vida deles.

Um estudo pioneiro realizado por Lovaas (1987) verificou que 47% das crianças que receberam tratamento comportamental e individualizado de 40 horas semanais, por um período de dois a três anos, tiveram resultados normais, funcionamento intelectual e educacional. Entretanto este tratamento é prejudicado no nível socioeconômico brasileiro, por melhores que sejam os serviços públicos, as famílias têm grandes gastos nos campos médico, ortopédico, educativo e reabilitador. Para Lovaas, o desafio de se montar uma equipe treinada que trabalhe com a criança por várias horas pode ser superado ou, ao menos, minimizado pela inclusão dos pais no tratamento de seus filhos. Dessa forma é possível perceber que a inclusão dos pais e/ou cuidadores como coterapeutas é uma forma de maximizar os ganhos obtidos nas sessões terapêuticas. Depois de identificar as contingências que estão tornando favorável e  mantendo comportamentos adequados e inadequados, é necessário generalizar os comportamentos aprendidos durante as sessões de terapia e instruir pais e professores a intervir nas contingências que propiciaram tais comportamentos e a capacidade do indivíduo de ser mais independente, ter maior aceitação social e se adaptar tanto ao seu ambiente imediato/familiar quanto à sociedade.

Mostrada a importância da participação dos pais no desenvolvimento de crianças diagnosticadas com TEA, este trabalho tem como objetivo relatar como a inclusão dos pais tem sido feita dentro de uma proposta de intervenção comportamental para indivíduos com TEA.

O caso é de uma adolescente com diagnóstico de TEA será relatado exclusivamente nas dimensões que atendem a essa proposta. O caso apresentado se refere à adolescente Renata (nome fictício), sexo feminino, 16 anos, filha única e sua mãe, Paula (nome fictício), 37 anos, mãe solteira. A mãe procurou o serviço da clínica-escola de psicologia em fevereiro de 2008, por indicação da escola de Renata, como parte de uma parceria entre as duas instituições. A mãe chegou à clínica relatando não acreditar mais em tratamentos.  No primeiro contato com a mãe, esta contou estar angustiada, se sentindo impotente e descrente sobre um possível progresso de Renata. A queixa principal de Paula referia-se ao fato de Renata se comportar inadequadamente com gritos e xingos e também de beliscar, puxar os cabelos, brincos e colares de outras pessoas. Além desses comportamentos inadequados, Renata ainda apresentava comportamento auto-lesivo de ferir os dedos, por vezes até sangrar; e fixação por rasgar revistas. Renata era muito dependente da mãe em nível de habilidades sociais, comunicativas, cognitivas, auto-cuidado, entre outras. Em relação às habilidades de auto-cuidado, a mãe disse que a filha já sabia fazer algumas coisas, porém dizia não ter paciência de esperar que ela realizasse tais tarefas, pois Renata demorava em concluí-las e então ela mesma as fazia para ganhar tempo. Renata nunca teve contato com o pai. Atualmente Renata frequenta uma escola pública de ensino especial, em Brasília-DF.

Os atendimentos aqui relatados foram realizados em uma clínica-escola de psicologia, de um instituto de educação superior, particular, de forma gratuita. A sala onde as intervenções foram realizadas era equipada com um espelho unidirecional. Essa sala estava acoplada a uma sala de observação, que  permitia a visualização da sala de atendimento, tornando possível a observação das intervenções.

De acordo com o modelo de atendimento para crianças diagnosticadas com TEA usado na clínica-escola, antes do primeiro contato com a adolescente, foi realizada uma entrevista com a mãe, em duas sessões, com duração de 50 minutos cada. Essa entrevista teve como objetivo obter informações descritivas e de diagnóstico além de estabelecer, junto com a mãe, objetivos terapêuticos relevantes para a filha. Ao final de cada semestre letivo os atendimentos eram interrompidos e recomeçados no semestre seguinte. A cada início de semestre letivo era realizada uma nova entrevista com a mãe. Além das entrevistas a participação da mãe no processo terapêutico foi incentivada na forma de três modalidades de orientação: sessões de observação das intervenções, sessões de orientação à mãe e sessões de prática co-terapêutica.

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