Influências da filosofia nas Teorias da Personalidade
Por: isajabur • 21/5/2017 • Resenha • 1.865 Palavras (8 Páginas) • 699 Visualizações
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE SAÚDE E BIOCIÊNCIAS
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS DAS TEORIAS DA PERSONALIDADE
Influências da filosofia nas teorias da personalidade
Isabella Jabur Chede Malaghini,
turma A, manhã.
Curitiba
2015
Resumo:
Thomas Hobbes acredita que os homens são todos iguais, e por sua vez egoístas, existindo assim uma necessidade de competição entre os homens pela riqueza, segurança e glória. A vida do homem é insegura, solitária, pobre, pois esta em guerra com os demais, pois estes querem o mesmo que ele. “Se dois homens desejam a mesma coisa [...] eles se tornam inimigos”. A igualdade seria o fator que contribui para a guerra de todos contra todos, levando-os a lutar pelo interesse individual em detrimento do interesse comum.
Para poder obter a paz e a segurança de vida, Hobbes fala sobre as formas de contratos e pactos possíveis em sua obra Leviatã, assinalando que o Estado é o resultado do “pacto” feito entre os homens para, simultaneamente, todos abdicarem de sua “liberdade total”, do estado de natureza, consentindo a concentração deste poder nas mãos de um governante soberano. Este Leviatã (ou seja, o próprio Estado soberano) vai concentrar uma série de direitos (que não podem ser divididos) para poder deter o controle da sociedade, em nome da paz, da segurança e da ordem social, bem como para defender a todos de inimigos externos.
Principais ideias
- O homem visa sempre seu próprio interesse, seus beneficios.
- O homem para Hobbes é puro desejo, ele não tem livre-arbítrio. Seu modo de pensar é mera representação (aparência).
- O homem é como um animal -> busca seu benefício sem pensar em qualquer outra pessoa, suas emoções e desejos apontam para si mesmo.
- Todos os homens são naturalmente iguais
- Ninguem sabe o que outro deseja, e por isso é necessário fazer uma suposição de qual será a sua atitude mais prudente. Como ele também não sabe o que quero, também é forçado a supor o que farei. Com essas suposições, o mais razoável e seguro para cada um é atacar o outro, ou para vencê-lo, ou simplesmente para evitar um ataque possível: assim a guerra se generaliza entre os homens.
- Para Hobbes, todos os homens tem uma natureza desejante, esta que empurra homem em direção a uma determinada coisa que lhe proporcionará prazer.
- Homem deve buscar a paz, tendo como objeto último, a vida. A razão deve direcionar o homem para que o mesmo chegue àquilo que lhe dá prazer efetivo.
- Tem que ter um poder absoluto que dite as regras, para manter os homens em mutuo respeito, pois por serem muito iguais ocorre uma constante discórdia entre os homens.
- Hobbes diz que as discórdias tem as seguintes origens, a competição, que ocorre no desejo de dominar e possuir o maior número de coisas possíveis; a desconfiança, que busca a segurança, que é o desejo de defesa própria, e a glória, visando à reputação, sendo que qualquer coisa que ameace tal pretensão promove discórdia.
- Existe uma condição de guerra em um estado em que mostra a igualdade de capacidades, de esperanças, de direitos, onde a liberdade dos indivíduos não encontra nenhum obstáculo. Homens visam a vida da maneira que lhes convém, existindo assim uma disposição para a disputa, luta de todos contra todos.
- Nesse contexto de guerra, não existe espaço para tranquilidade e esperança, pois o medo da morte é constante, pois não há um poder que aplique justiça na vida do homem.
- A vida do homem, em tais condições, é individualista, solitária, pobre, ruim, animalesca e sem perspectiva de alongar-se.
- O homem além de querer preservar a vida, quer também se apoderar dos bens do outro.
- Para poder obrigar estes homens a cumprirem regras e assim poder assegurar a segurança de todos é a instauração do Estado civil.
- Os homens querem sair da insegurança, a fim de ter paz e segurança.
- É necessária a inclusão de um poder suficientemente grande, com autoridade e poder para obrigar os pactuantes a cumprir seus pactos. Esse poder é o Leviatã, o Estado civil.
- Os homens, mergulhados nesses estados sem regras e sem garantia apresentam o desejo de escapar das situações de insegurança pela morte.
- O Estado não é estabelecido por obrigação, o mesmo é efetivado pela vontade livre dos homens. Pois estes estão com medo da morte violenta querendo garantir paz e segurança.
- Com esses sentimentos, voluntariamente, celebram entre si um pacto de cada um para com todos os outros, escolhendo, na melhor das hipóteses, um soberano, que não participa do pacto, mas está acima dele, e transferem a este o direito de governá-los, outorgando assertivamente todas as atitudes do soberano.
- O Estado age tendo em vista a garantia da paz e dos direitos básicos dos cidadãos, sem levar em consideração qualquer base ética e moral.
- Para que esse poder soberano se mantenha necessita-se de uma autoridade forte, de um poder forte, capaz de reprimir os instintos do homem e assim poder conservar o Estado civil.
- Esse poder só pode ser encontrado em um tirano único, despótico, dotado de espada, que, por pior que seja, é melhor que a anarquia, a situação na qual os homens se encontravam, no estado de natureza.
- Ninguem pode acusar o soberano de ser injusto, pois com o poder dado a ele o que ele diz é o que o homem fez, é o correto. O soberano que vai identificar o bem e o mau, assim somente ele pode julgar algo.
- Somente o soberano pode limitar aos súditos a sua liberdade. E é necessário esse poder comum com autoridade de mandar e afirmar categoricamente o que é e não permitido aos súditos para que esses não voltem a possuir liberdade sem restrições, retornando ao estado natural e, por conseguinte, à condição de guerra, a anarquia. Tendo posse desses poderes de limitar a liberdade dos súditos, o soberano encarrega-se de engendrar a paz e a segurança, garantindo a conservação efetiva do Estado e a finalidade para a qual o mesmo foi criado.
Citações:
- “Todo homem tem por natureza direito a todas as coisas, ou seja, a fazer qualquer coisa que lhe apraz e a quem lhe apraz, a possuir, a utilizar e usufruir todas as coisas que quiser e puder” (Ibid., p. 92).
- “o homem natural de Hobbes não é um selvagem. É o mesmo homem que vive em sociedade. Melhor dizendo, a natureza do homem não muda conforme o tempo, ou a história, ou a vida social” (RIBEIRO, 2004, p. 54).
- As paixões que fazem os homens tender para a paz são o medo da morte, o desejo daquelas coisas que são necessárias para uma vida confortável, e a esperança de consegui-las através do trabalho. E a razão sugere adequadas normas de paz, em torno das quais os homens podem chegar a acordo. (HOBBES, 1979, p. 77).
- ‘Portanto, conforme Hobbes, o Estado civil pode ser definido como a grande multidão unida numa só pessoa (soberano), formando o “Leviatã”. A multidão assim unida em uma pessoa se chama Estado “[…] Deus mortal, ao qual devemos, abaixo de Deus imortal, nossa paz e defesa” (HOBBES, Ibid., p. 106). ’
- “O poder absoluto hobbesiano não deve ser vislumbrando como ontológico, com um fim em si mesmo, mas como meio para que se manifeste a realização dos direitos básicos à vida e a liberdades dos indivíduos. Assim, a missão do Estado, em seu poder absoluto, é a criação de um espaço no qual o ser humano possa vislumbrar a perspectiva real de alcançar seus fins naturais.”
- Uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum. (HOBBES, Ibid, p. 106).
- Não existe qualquer forma perfeita de governo em que a decisão da sucessão não se encontre nas mãos do próprio soberano. Porque se esse direito pertencer a qualquer outro homem, […] ele pertence a um súdito, e pode ser tomado pelo soberano ao seu bel prazer, e por onsequência o direito pertence a ele próprio (HOBBES, Ibid., p. 119).
- A comodidade da vida consiste em liberdade e riqueza. Por liberdade eu quero dizer que não existe proibição sem necessidade de alguma coisa para um homem, que seria legítimo para ele na lei de natureza; ou seja, que não existe restrição da liberdade natural, senão naquilo que é necessário para o bem da república, e que os homens bem intencionados possam não cair no perigo das leis, como em armadilhas, antes que sejam alertados. Diz respeito também a esta liberdade que um homem possa ter uma passagem cômoda de um lugar a outro, e não ser aprisionado ou confinado com a dificuldade de caminhos e falta de meios para transporte de coisas necessárias. Quanto à riqueza do povo, ela consiste em três coisas, a boa ordenação do tráfico, a obtenção de trabalho, e a proibição de consumo supérfluo (Hobbes 2002, p. 207).
- Entende-se que a obrigação dos súditos para com o soberano dura enquanto, e apenas enquanto, dura também o poder mediante o qual ele é capaz de protegê-los. Porque o direito que por natureza os homens têm de defender-se a si mesmos não pode ser abandonado através de pacto algum.” (Hobbes, Ibid., p. 135).
Considerações finais:
Foi possível observar que para Hobbes o ser humano é comandado pelas paixões quando este está no estado natural. Os homens, pela questão da igualdade, vivem numa constante discórdia, conflitos, intrigas, guerras, causadas pela ambição do lucro e pelos desejos de segurança e de glória, poder, que são infindos. Assim mostra-se que eles estão em uma constante condição de guerra para poder obter seus desejos. Não havendo nem o justo, nem injusto, pois não há critérios. Cada um luta pelo que quer e se apossa do que conseguir, apresentando uma liberdade ilimitada, porém uma vida com medo e sem segurança alguma, uma vida que tende a morte. Por esse medo ele deseja sair dessa situação e se submete a um poder suberano, o qual vai limitar as regras e o certo e o errado, governado por um so homem que deve ser forte e poderoso que obrigue seus súbitos a cumprirem as leias e não voltaram para a natureza. Dentro de tal Estado, o qual foi formado por um ato voluntário dos indivíduos, a partir de uma necessidade causada pelos desejos de paz e segurança, há um soberano, ao qual foram transferidas as liberdades dos súditos. Este soberano tem uma liberdade infinda, e tambem o poder de julgar tudo o que é ou não justo dentro do Estado, estabelecendo assim a paz e mantendo a segurança dentro do Estado entre os que pactuaram. Os súditos devem obedecer ao soberano e têm sua liberdade restrita, mas é melhor assim do que um constante medo da morte, com uma vida insegura.
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