Interferência política na humilhação social
Seminário: Interferência política na humilhação social. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Elis30 • 14/3/2014 • Seminário • 1.885 Palavras (8 Páginas) • 259 Visualizações
Interferência da política na humilhação social
Muito pouco é feito em favor das classes menos favorecidas, ou seja, o mínimo do mínimo. Diferente, é o que acontece com as classes que detém o maior poder econômico, dando a impressão que o pobre recebe as sobras, ou simplesmente um agrado, é como se estivessem recebendo apenas um favor, uma caridade. A inclusão social só é lembrada, com a intenção de gerar votos.
Todos os políticos falam sobre esse tema em suas campanhas eleitorais, usando pessoas simples em seus programas de rádio e TV, pessoas com poucos estudos ou nenhum, que exercem as profissões mais degradantes, possuidores dos menores salários, moradores de loteamentos irregulares ou clandestinos, de favelas, cortiços, desprovidos de cultura. Esses indivíduos são usados, na sua maioria voluntariamente, sempre com a mesma expectativa, a de uma transformação social, e com isso, a esperança de um futuro digno, com a realização dessa inclusão tão falada, mas ao mesmo tempo, tão distante. Ao fim da eleição, o pobre cai novamente no esquecimento.
Mas como todo ato tem uma consequência, essa violência que assombra toda a sociedade, que está corrompendo, degradando de uma forma até traumática, é resultado também da falta de interesse dos políticos em investir os recursos públicos de maneira uniforme. Vários condomínios são formados, cercados por enormes muros de concreto, equipados com câmeras de segurança, com vigilantes, visando pela segurança de seus condôminos, contudo, basta um descuido e pronto, a violência entra, e o cidadão se depara com a sua casa invadida por pessoas estranhas. A violência está tomando proporções alarmantes, resultado também de tanta desigualdade. O poder público não investe na educação e cultura, para as classes menos favorecidas. A saúde está doente e a segurança insegura.
Aquele indivíduo que cresce vendo pai e mãe, se sujeitando a qualquer tipo de trabalho, se humilhando, de sol a sol, debaixo de chuva, muitas vezes sem nenhum tipo de proteção, se alimentado de marmita, usando uniformes que os tornam invisíveis ao mundo, limpando casas enormes, levando horas para chegar ao serviço, e outras tantas para voltar levando um mísero salário, para sustentar uma família inteira. Uns buscam a mesma dignidade de seus pais, mesmo em trabalhos degradantes, por total falta de opção, buscam com esforço uma melhor qualidade de vida, trabalhando num período e estudando em outro, apesar de tantas dificuldades e falta de recursos. Outros já agem diferente, cada um com seus valores, mas todos vítimas da ganância, resultando tanta divisão de classes.
A humilhação destrói qualquer tipo de expectativa, privam direitos, degenera a alma. Leis não são respeitadas, verbas são desviadas. Uma nação arrecadadora de altos impostos, convivendo com tanta pobreza, recursos sendo usados para favorecer interesses de pessoas influentes, visando acordos políticos. A questão social precisa ser discutida, deveres do Estado cumpridos, em prol da nação.
Invisibilidade pública
Ao longo dos anos, em parte por conta da pressa constante que temos, e por causa dos problemas que essa precipitação gera em nossas vidas, ou ainda por conta dos medos reforçados pelos noticiários em relação à violência, e consequentemente temos criado uma nova sociedade, uma sociedade que só enxerga à função e não o que as pessoas são além do trabalho que elas exercem.
Tamanha invisibilidade, onde muitas vezes desviamos desses sujeitos, como quem desvia de um obstáculo. A sociedade é analisada a partir de noções de personalismo, familismo e patrimonialismo. A mudança nas estruturas familiares, a mudança no modo de viver e ter, leva a ser alvo de humilhação social e provoca um imenso sofrimento psíquico nos sujeitos invisíveis. Aqueles que não conseguem ser vistos, inseridos na lógica do capital, consequentemente serão estes socialmente vítimas da invisibilidade pública.
Essa questão vem do passado, é nítido e retratado o sofrimento dos negros pobres e escravizados, onde surgem influências da Europa burguesa, a ocidentalização que aparece desde o século XIX, com a chegada da família real. Mas a modernização, a tecnologia, e a esfera privada reforçam esse traço do passado, e hoje é preciso articular a história de vida desses sujeitos invisíveis com teorias sólidas, e buscar explicações para compreender a constituição social dos brasileiros. Sendo assim a invisibilidade faz parte da história, e também faz parte dos nossos dias atuais.
Temos obras que analisam todo esse processo de invisibilidade pública, como o livro “A invisibilidade da desigualdade brasileira” de Jessé Souza e o livro “Homens Invisíveis: relatos de uma humilhação social” de Fernando Braga da Costa. Nota-se que o sociólogo esforça-se muito para dar conta deste contexto sócio-histórico, que possibilitou a construção da desigualdade; já o psicólogo vai direto ao relato dos seus sujeitos e propõe interlocuções, desenvolve estratégias para lidar com questões sociais tão complexas.
Com a força de interesse de hoje em torno desse sistema, os meios de comunicação vivenciam e dividem a humilhação dessa invisibilidade no nosso dia-a-dia. É necessário valorizar nossos dias de forma diferente, ter a sensibilidade de ver o que ninguém quer ver, buscando novas respostas, novas relações em comunidade, combater a individualidade.
Humilhação social
Tese desenvolvida sobre Invisibilidade Social através de observações, relatos de histórias de vida e procedimentos de métodos desenvolvidos no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Realizada com desempenho pelo estudante e pesquisador Fernando Braga da Costa, exercendo o trabalho de gari para sua pesquisa de iniciação científica, mestrado e doutorado. Dez anos de trabalho e pesquisa em campo duas vezes por semana com os garis da USP. Estabeleceu um diário de campo com interpretações dos fenômenos psicossociais, buscou o conceito de Invisibilidade Social nos estudos de Karl Marx e Sigmund Freud. Os garis desse estudo sabem a respeito da invisibilidade e falam dela de forma coerente sem ter o entendimento científico, relataram a humilhação que sofreram, dizem ouvir comentários desagradáveis, passam por constrangimentos que lhes causam angústia e sofrimento. Para os garis o obstáculo é humano, por isso evitam o contato, vivem continuamente sob o fantasma do insulto. Na história da humanidade sempre existiram sujeitos invisíveis. No caso dos brasileiros, começou com o trabalho servil dos nativos, africanos, depois sobre
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