Introdução a Compreensão do Tratamento
Por: lanareislima • 20/5/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 3.846 Palavras (16 Páginas) • 142 Visualizações
Introdução a compreensão do tratamento
• A técnica psicanalítica correta: requer que o médico suprima sua curiosidade, e deixe ao paciente liberdade total para escolher a ordem na qual os temas sucederão durante o tratamento. EX: COMO O SENHOR DESEJA PROSSEGUIR HOJE?
História clínica do PAI
• Ele começa a contar a história do pai que morreu com enfisema a 9 anos atrás.
• Certa noite, achando que se tratava de uma crise, ele perguntara ao médico quando o perigo poderia ser considerado acabado. O médico responde: “Na noite depois de amanhã”, porém, nunca havia imaginado que seu pai poderia não sobreviver aquele prazo.
• Ele deita-se a 23:30h para descansar, acorda 1:00h e um amigo médico lhe comunica a morte de seu pai
• Ele se recrimina por não está perto na hora da morte de seu pai, e ainda mais quando a enfermeira lhe diz que o pai chamava pelo seu nome.
• Ele nota que sua mãe e irmã também se recriminam, porém não dizem nada a respeito.
• De início essa recriminação não era dolorosa nem o atormentava. Por muito tempo não compreendia o fato de o pai haver morrido. Também a sua imaginação estivera ocupada com o pai, de modo que, com freqüência, quando batiam à porta, ele iria pensar: `É papai que está chegando’, e quando ia para uma sala esperaria encontrar seu pai nela.
• Embora jamais tivesse esquecido a morte do pai, tinha a expectativa de ver seu fantasma. Este expectativa de ve-lo não era acompanhado de medo e sim de um desejo.
• Somente 1 ano e meio depois, ele lembra-se de sua negligencia (não estar perto do pai) e começa a atormenta-lo de forma terrível, de modo que ele passa a tratar-se com um criminoso.
• Este fato ocorre com a morte de uma tia (mulher de seu tio), onde ele comparece ao velório da tia.
• A partir daquele tempo, ele ampliou a estrutura de seus pensamentos obsessivos de maneira a incluir o outro mundo.
• A consequência imediata dessa evolução é ele ficar seriamente incapacitado de trabalhar.
• Ele conta que a única coisa que o continuar avante naquele tempo era o consolo que recebe de um amigo, o qual sempre afasta suas autocensuras, com base no fato de que elas eram totalmente exageradas.
Primeira visão dos princípios da terapia psicanalítica
• Existe uma combinação ruim, entre um afeto e seu conteúdo ideativo. Neste caso entre a intensidade da autocensura e a oportunidade para ela se manifestar.
• Um leigo diria que o afeto é demasiadamente grande para a ocasião – que isto é exagerado – e que, consequentemente, a inferência originária da autocensura (a inferência de que o paciente é um criminoso) é falsa.
• Pelo contrário, o médico [analista] diz: `Não. O afeto se justifica. O sentimento de culpa não está, em si, aberto a novas críticas. Mas pertence a algum outro contexto, o qual é desconhecido (inconsciente) e que exige ser buscado. O conteúdo ideativo conhecido só entrou em sua posição real graças a uma falsa conexão. Não estamos acostumados a sentir fortes afetos, sem que eles tenham algum conteúdo ideativo; e, portanto, se falta o conteúdo, apoderamo-nos, como um substituto, de algum outro conteúdo que seja, de uma ou de outra forma, apropriado, com a mesma intensidade com que a nossa polícia, não podendo agarrar o assassino certo, prende, em seu lugar, uma pessoa errada. Além disso, esse fato de existir uma falsa conexão é o único meio de se responder pela impotência dos processos lógicos para combater a idéia atormentadora.’ Concluí admitindo que esse novo meio de encarar o assunto deu origem imediatamente a alguns problemas difíceis; porque, como podia ele admitir ser justificada a sua autocensura de ser um criminoso com relação ao seu pai, quando precisa saber que, na realidade, jamais cometera crime algum contra ele?
• Na sessão seguinte, o paciente mostrou grande interesse por aquilo que eu dissera, mas se arriscou, conforme me contou, a apresentar algumas dúvidas. – Como, perguntou, podia justificar-se a informação de que a autocensura, o sentimento de culpa, tenha um efeito terapêutico? – Expliquei que não era a informação que possuía esse efeito, mas sim a descoberta do conteúdo inconsciente ao qual a autocensura de fato estava ligada. – Sim, disse ele, este era o ponto exato ao qual fora dirigida a sua pergunta. – Fiz então algumas pequenas observações sobre as diferenças psicológicas entre o consciente e o inconsciente, e sobre o fato de que toda coisa consciente estava sujeita a um processo de desgaste, ao passo que aquilo que era inconsciente era relativamente imutável; e ilustrei meus comentários indicando as antiguidades que se encontravam ao redor, em minha sala. Era, com efeito, disse eu, apenas objetos achados num túmulo, e o enterramento deles tinha sido o meio de sua preservação: a destruição de Pompéia só estava começando agora que ela fora desenterrada. – Havia alguma garantia de qual seria a atitude de alguém com relação ao que foi descoberto? Um homem, pensou ele, sem dúvida se comportaria de um modo tal a conseguir o melhor de sua autocensura; outro, porém, não o faria. – Não, disse eu, seguia da natureza das circunstâncias o fato de que, em todo caso, o afeto seria superado – na maior parte, durante o progresso do próprio trabalho. Foi feito todo esforço para preservar Pompéia, enquanto as pessoas estavam ansiosas por se livrarem de idéias atormentadoras como as suas. – Ele disse a si mesmo, prosseguiu, que uma autocensura só podia originar-se de um rompimento dos próprios princípios morais internos de uma pessoa e não do de quaisquer outros princípios externos. – Concordei, e disse que o homem que simplesmente rompe com uma lei externa muitas vezes se vê como um herói. – Uma ocorrência assim, continuou, era então possível apenas onde já estivesse presente uma desintegração da personalidade. Havia uma possibilidade de ele efetuar uma reintegração da sua personalidade? Caso isso pudesse realizar-se, ele achava que seria capaz de tornar a sua vida um êxito, talvez mais do que a maioria das pessoas. – Respondi que eu estava completamente de acordo com essa noção de uma divisão (splitting) da sua personalidade. Ele apenas tinha de assimilar esse novo contraste, entre um eu (self) moral e um eu (self) mau, com o contraste que eu já mencionara, entre o consciente
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