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Michel Foucault

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Por:   •  2/12/2014  •  697 Palavras (3 Páginas)  •  663 Visualizações

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Michel Foucault, em sua obra Vigiar e punir, no capítulo ‘Os corpos dóceis’, alude à questão da disciplina que o corpo pode se submeter. Logo no início do texto o autor, sob um panorama histórico, transcreve as descrições da figura ideal do soldado nos séculos XVII e XVIII. Em ambos os períodos o comportamento do soldado se assemelha muito ao de um robô, completamente disciplinado para fazer aquilo que lhe fosse ordenado. Isso ocorreu pelo fato de que, durante a época clássica, teve-se descoberta a arte de o corpo, assim como um objeto, ser disciplinado, manipulado, modelado. Dessa forma, obedecendo, docilmente, às ordens que lhe fossem impostas. Foucault, ao longo da obra, elenca alguns elementos para se alcançar a disciplina: o controle; a hierarquia absoluta; castigos e punições e vigilâncias, sempre com o fim de conquistar a obediência.

Foucault mostra que já existiam diversos processos disciplinares, há tempos, quais sejam aqueles constantes em conventos, exércitos e oficinas; mas ressalta que foi no decorrer dos séculos acima mencionados que estes passaram a ser fórmulas de dominação, diferentes da escravidão, que se apropria do corpo do homem; e diferente da domesticidade; ou da vassalidade; do ascetismo e das disciplinas do tipo monástico. Em verdade, para Foucault, a disciplina é uma espécie de fábrica de corpos submissos e exercitados: corpos dóceis. Essa disciplina podia, e ainda pode ser localizada em funcionamento em várias instituições: colégios, escolas primárias, hospitais, quartéis etc. O ponto que justifica a complementariedade das idéias de Foucault e Bordieu é justamente a disciplina como meio de dominação. Este último, tema de grande estudo por Pierre Bourdieu, tem forte relação com a disciplina de Michel Foucault.

Destarte, mais à frente, Foucault, explica a disciplina nos quartéis e colégios. Melhor nos atermos à disciplina nos colégios, para uma melhor compreensão da relação entre os autores:

“O modelo do convento se impõe pouco a pouco: o internato aparece como regime de educação senão o mais freqüente, pelo menos o mais perfeito; torna-se obrigatório em Louis-le-Grand quando, depois da partida dos jesuítas, fez-se um colégio modelo.”

Quando menciona o princípio da clausura, ou do encarceramento, o autor refere à questão do quadriculamento, ou seja, que cada indivíduo deve estar, e saber que está posicionado no seu lugar – aí se reflete a idéia de dominação. Fica evidente que o espaço disciplinar tem de se dividir o quanto for necessário, a fim de impedir o desaparecimento de indivíduos, a circulação difusa destes, evitando, dessa forma, a deserção, a vadiagem, ou a aglomeração e, dessa maneira, facilitando o modo de encontrar os indivíduos e poder vigiá-los a cada instante, sancioná-los e medi-los as qualidades ou os méritos. Aqui se pode começar a relacionar os pensamentos dos autores que já fizemos alusão. Foucault, tendo mencionado esse ato de medir as qualidades dos indivíduos, dá margem para lembrarmos a crítica que Bourdieu estabeleceu, durante toda a sua trajetória, acerca do assunto, que ele chama de poder de nomeação: ele se pergunta de onde é que vem essa capacidade e legitimidade de os professores separarem os alunos em brilhantes e ignorantes; capazes e incapazes; aptos ou inaptos; criticando que a mesma sociedade que

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