Modernas Diretrizes da Neuropsicologia Aplicada
Por: Katiane Janke • 19/5/2020 • Trabalho acadêmico • 2.507 Palavras (11 Páginas) • 159 Visualizações
Modernas Diretrizes da Neuropsicologia Aplicada
A neuropsicologia, ciência que pode ser definida como área que estuda o funcionamento cerebral, processos cognitivos superiores e a relação com o comportamento humano, nasceu e se desenvolveu por meio do conhecimento científico sobre o funcionamento cerebral. No início o enfoque estava voltado para as alterações cerebrais e as funções mentais, porém com o passar dos anos ocorreram algumas alterações nos conceitos, como a compreensão de que as funções complexas geralmente envolvem regiões que, apesar de diferentes e distantes entre si, atuam em conjunto (Hazin, Fernandes, Gomes, & Garcia, 2018).
A neuropsicologia aplicada se ocupa da aplicação dos conhecimentos desenvolvidos por meio de investigações clínicas e experimentais de questões que envolvem a relação cérebro-comportamento, visa identificar a amplitude da alteração em um determinado processo ou processos cognitivos e com esses dados fornece informações para o planejamento de um programa de reabilitação individualizado baseado em evidências, estabelece prognósticos e realiza reabilitação. Nesse processo se torna imprescindível o contato com os diferentes profissionais que estão em contato com esse indivíduo, como psiquiatras, neurologistas, pediatras, fonoaudiólogos e pedagogos (Ramos & Hamdan, 2016).
O profissional que atua nessa área deve ter conhecimentos que vão além da formação básica, a avaliação depende de conhecimentos teórico-metodológicos, realização de avaliação qualitativa e quantitativa dos dados obtidos, interpretação dos escores e tipos de erros, correlacionar as alterações observadas/relatadas com as áreas cerebrais envolvidas, utilizando para isso o sistema se analise do sintoma, causa e processo, supor e testar as hipóteses levantadas por meio instrumentos como anamnese, testagem padronizada, questionários/inventários/escalas, relatos de informantes, verificar a integridade ou alteração das funções como linguagem, percepção, memória, atenção, raciocínio, abstração, processamento da informação, visuoconstrução, afeto, funções motoras e executivas (Conselho Regional de Psicologia do Paraná, 2018) (Haase, et al., 2012) (Hazin, Fernandes, Gomes, & Garcia, 2018).
O processo de intervenção e reabilitação visa a melhora do funcionamento cognitivo, funcional e na qualidade de vida do indivíduo, ocorre por meio da capacitação do indivíduo e familiares para mudanças no funcionamento do paciente, treino de funções cognitivas, ensino do manejo das alterações, desenvolver estratégias para conviver, lidar, contornar, reduzir ou superar os déficits. Novamente neste âmbito a atuação interdisciplinar é uma premissa básica (Conselho Regional de Psicologia do Paraná, 2018) (Haase, et al., 2012).
A neuropsicologia é citada como área de constante desenvolvimento, mas ainda encontra dificuldades em sua expansão, segundo estudos que avaliaram os últimos anos as maiores dificuldades para promover a expansão da neuropsicologia, estão entre eles fatores como restrições econômicas para realização de serviços de saúde, escassos métodos apropriados de avaliação e intervenção, falta de conhecimento sobre as disfunções neurológicas, carência de formação especializada adequada, a invisibilidade do campo em alguns países, entre outros (Hazin, Fernandes, Gomes, & Garcia, 2018).
Algumas dificuldades estão na escassez de treinamento clínico, poucos trabalhos em conjunto com profissionais de outras áreas, falta de interesse na validação de testes neuropsicológicos existentes e criação de instrumentos culturalmente relevantes (Hazin, Fernandes, Gomes, & Garcia, 2018).
Isto posto, um dos obstáculos da área da neuropsicologia se constitui em firmar relações relevantes com as neurociências, com a moderna psicometria e a tecnologia. Considerando isto neste trabalho será abordado a relação da neuropsicologia com a interdisciplinaridade, tecnologia e métodos de avaliação e intervenção, validade e relevância social (Hazin, Fernandes, Gomes, & Garcia, 2018).
Interdisciplinaridade
A neuropsicologia é um campo de conhecimento das neurociências, integra várias áreas do saber, é uma área ampla e de caráter interdisciplinar, oriunda de diversas disciplinas básicas como neuroanatomia, neurofisiologia, neuroquímica e neurofarmacologia e disciplinas aplicadas psicometria, psicologia clínica, experimental, psicopatologia e psicologia cognitiva. Os campos de atuação se estendem para as áreas de prevenção, pesquisa, ensino, avaliação e reabilitação (Conselho Regional de Psicologia do Paraná, 2018) (Haase, et al., 2012).
Esta área de pesquisa emprega os conhecimentos adquiridos no campo acadêmico de ensino e pesquisa que norteiam a multidisciplinaridade e o embasamento epistemológico da Neuropsicologia em sua prática clínica. Como seu campo é de base multidisciplinar, a pesquisa também precisa estar cada vez mais implicada com esses saberes, estabelecendo parcerias de estudos com a fonoaudiologia, biologia, neurologia, geriatria e psiquiatria, tecnologia entre outros saberes, visando desenvolver melhores métodos de avaliação, diagnóstico, intervenção, produção e divulgação de conhecimento interáreas (Haase, et al., 2012).
Na neuropsicologia a relação entre pesquisa e prática clínica sempre deve estar interligada para que a área continue em constante desenvolvimento. As evidências científicas embasam a produção de instrumentos de avaliação, técnicas e instrumentos de reabilitação, diagnóstico, acompanhamento, e pesquisa, também pode ser solicitado aos neuropsicólogos serem codesenvolvedores de programas inovadores de informática, jogos e consultores de indústria (Conselho Regional de Psicologia do Paraná, 2018) (Haase, et al., 2012)
Fator para o constante desenvolvimento da neuropsicologia é a interdisciplinaridade, é necessário inter-relacionar-se com outras áreas, envolver conhecimentos provenientes de diversos campos como neurologia, genética, engenharia, etc. Além disso, envolver esforços na investigação e difusão de resultados, estabelecer parcerias e inteirar dos estudos que ocorrem dentro e fora do país, visando o desenvolvimento e crescimento da neuropsicologia (Hazin, Fernandes, Gomes, & Garcia, 2018) (Ramos & Hamdan, 2016).
A neuroimagem foi uma das técnicas que revolucionou os estudos em neurociência, se caracteriza como ferramenta aliada ao campo da neuropsicologia, por meio dela foi possível o estudo das estruturas do sistema nervoso central, o mapeamento da estrutura com função, permitem a compreensão da dinâmica cerebral, funcionamento e conexões. Os métodos de imagem funcional incluem exames como a Perfusão Cerebral, a Espectroscopia, o PET (Positron Emission Tomography), o SPECT (Single Photon Emission Computer Tomagraphy), a Tractografia (ou Difusão Tensorial) e a Ressonância Magnética Funcional (RMF) (Conselho Regional de Psicologia do Paraná, 2018) (Hazin, Fernandes, Gomes, & Garcia, 2018).
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