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NEUROPLASTICIDADE, ESTRESSE E ATENÇÃO PLENA ALTERAÇÕES NO ENCÉFALO DE ADULTOS

Por:   •  20/9/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.322 Palavras (6 Páginas)  •  147 Visualizações

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NEUROPLASTICIDADE, ESTRESSE E ATENÇÃO PLENA – ALTERAÇÕES NO ENCÉFALO DE ADULTOS

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        As células do sistema nervoso possuem plasticidade, significando que os neurônios podem se modificar, em forma e função, respondendo aos estímulos do ambiente. O grau com que esse fenômeno ocorre varia conforme a idade da pessoa, sendo mais intenso durante o desenvolvimento inicial e gradativamente diminuindo, sem se extinguir, na vida adulta.

        Esta habilidade de adaptação é chamada de neuroplasticidade e é constante na função neural, afinal, todo estímulo do ambiente modifica de alguma maneira o sistema nervoso. Pode-se separar essa responsividade neuronal em dois tipos: plasticidade morfológica e plasticidade funcional. Na primeira constata-se as seguintes mudanças: morte e geração de novos neurônios (que é bastante limitada nos adultos). Na segunda fala-se da atividade sináptica de um circuito ou de um grupo de neurônios. Ambos os tipos de neuroplasticidade afetam o comportamento e o desempenho psicológico da pessoa. A plasticidade sináptica é considerada uma propriedade universal dos sistemas nervosos, representando a base material da memória!

Você sabe qual é a diferença entre CÉREBRO e ENCÉFALO?

Nosso sistema nervoso é composto por 2 partes: Sistema Nervoso Periférico - SNP (nervos e gânglios) e Sistema Nervoso Central - SNC (encéfalo e medula espinal). O encéfalo é a parte do SNC que fica dentro da caixa craniana, sendo composto de: cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Ou seja, o CÉREBRO, apesar de ser a maior estrutura neuroanatômica do ENCÉFALO, é uma parte dele! Esta matéria refere-se às estruturas que ficam dentro do crânio, então usaremos a expressão ENCÉFALO!

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O estresse é uma resposta que o nosso encéfalo gera frente a estímulos, que podem ser reais ou imaginários, para nos proteger. O estresse leva à liberação de um hormônio chamado esteroide cortisol, que viaja pelo sangue até o encéfalo e conecta-se a receptores no citoplasma dos neurônios, estimulando a síntese proteica no seu núcleo. Um dos resultados do cortisol nos neurônios é o aumento da entrada de cálcio (Ca2+) por canais iônicos dependentes de voltagem, que fazem parte de um processo chamado potencial de ação, integrante da sinapse neuronal. De forma geral, o que o cortisol faz é desencadear, em curto prazo, modificações que ajudam o encéfalo a lidar com o estresse, buscando soluções ou evitando situações estressantes. [pic 5][pic 6]

Porém, estresse em doses crônicas pode ter efeitos prejudiciais. O motivo é o seguinte: o excesso de cálcio nos neurônios provoca sua morte por excitotoxicidade, que ocorre quando células nervosas são danificadas ou mortas por estimulação excessiva de neurotransmissores. Pode-se verificar em estudos que o cortisol lesiona o hipocampo, que tem funções importantes para a consolidação da memória e que faz parte do sistema límbico, regulatório das nossas emoções. Além disso, os efeitos do cortisol e do estresse no encéfalo são semelhantes aos efeitos do envelhecimento, tendo pesquisas mostrado claramente que o estresse crônico provoca o envelhecimento prematuro do encéfalo.

Um estudo realizado em 2018 por um pesquisador da Universidade Johns Hopkins, envolvendo homens e mulheres não portadores de demência, com idade média de 48,5 anos, comprovou que níveis elevados de cortisol estão associados à redução da massa encefálica, nos lobos frontal e occipital, e piora da memória e da percepção visual. A associação entre níveis altos de cortisol e redução da massa encefálica foi percebida especialmente nas mulheres.

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                Mindfulness é a concentração intencional no momento presente, sem julgamentos, também definida como atenção plena às experiências internas e externas conforme elas ocorrem no momento presente. Em outras palavras, significa entrar em contato com o que está acontecendo no presente sem se envolver com lembranças ou pensamentos sobre o futuro. Sua prática passou a fazer parte da medicina comportamental a partir de programas de redução de estresse propostos por John Kabat Zinn, doutor em biologia molecular pelo MIT e professor emérito da Faculdade de Medicina na Universidade de Massachusetts e fundador do Center for Mindfulness in Medicine, Healthcare and Society, em 1982. [pic 8]

Uma das ideias centrais do Mindfulness é que a vida levada no “piloto automático” impede a pessoa de lidar com os eventos de forma flexível, pois confiar nesse estilo automático promove modos rígidos e limitados de reagir ao ambiente. Como isso se manifesta no cotidiano? Quando temos ações sem nos envolver emocionalmente, nos perdemos em pensamentos e sentimentos sobre o passado ou sobre o futuro ou mesmo quando fazemos várias coisas ao mesmo tempo – e sem perceber quando essas tarefas são incompatíveis entre si! Dessa forma, os exercícios propostos por Kabat-Zinn enfatizam vivenciar experiências positivas e negativas plenamente e sem preconceitos para que, por estar atento ao presente, possa-se lidar de forma criativa com as situações cotidianas. O que acontece é que ao aprender a reconhecer nossas respostas automáticas e nos desprendendo de reações não saudáveis, ativamos novos mecanismos que ajudam a lidar melhor com o estresse, a ansiedade, a depressão e melhorando a qualidade de vida.

Há estudos que mostram que o treino da atenção plena é eficaz na diminuição de problemas psicossomáticos, dor crônica, fibromialgia, transtornos de ansiedade, psoríase, entre outros. Um estudo específico feito pelo National Institute of Health, publicado em 2011, analisou 18 pessoas (8 homens e 10 mulheres) com 25 a 55 anos (idade média de 38 anos) que praticaram a atenção plena por 45 minutos diários em atividades diversas durante oito semanas, demonstrou aumento da massa cinzenta, em particular no hipocampo esquerdo. Observando o encéfalo como um todo, pode-se perceber aumentos no córtex singular posterior, na junção temporo-parietal e no cerebelo, quando comparado ao grupo de controle. Ou seja, viu-se aumento de concentração da matéria cinzenta no encéfalo em regiões envolvidas nos processos de aprendizado e memória, regulação das emoções, autopercepção e perspectiva.

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