O Conceito de Felicidade Para a Psicanálise de Freud
Por: Carol Gonçalves • 16/9/2018 • Artigo • 1.151 Palavras (5 Páginas) • 424 Visualizações
O conceito de Felicidade para a psicanálise de Freud
Resumo: A felicidade é considerada como o maior objetivo das pessoas e é tema recorrente em pesquisas e debates. Neste artigo, veremos um pouco do que a Psicanálise de Sigmund Freud tem a contribuir para o entendimento deste conceito, relacionando com o sentimento de desprazer e, também, com o de mal-estar na civilização.
Palavras chave: Felicidade, prazer, desprazer.
Qual o propósito de vida das pessoas? O que elas querem fazer e para qual finalidade? Para a psicanálise, de acordo com Freud (1930, p. 48) as pessoas buscam a felicidade e que assim permaneçam. Essa felicidade seria dividia em dois aspectos: obter sentimentos de prazer (intensos e repentinos, de preferência), que é o mais importante, e fugir do desprazer.
Começando pelos meios de se experimentar tais sentimentos de prazer, o princípio do prazer também pode ser considerado como forma de obtenção de felicidade? Como Freud (1920) explica em “Além do princípio de prazer”, essa satisfação do aparelho psíquico, que é a liberação das catexias do inconsciente paro o consciente, às vezes (ou sempre) causa desprazer para o Ego do sujeito, se tornando sintoma, ou até indo em “desacordo” com o mundo externo e suas exigências. Portanto, como Freud (1930, p. 49) explicita, não pode ser considerado uma forma eficiente de satisfação/felicidade.
Uma possibilidade de satisfação pela liberação de catexias seria a sublimação, quando a pulsão sexual é liberada, porém em formas aceitas pelo social, como a arte, pintura, etc. Como Freud (1930, p. 51) enuncia, é uma “produção de prazer a partir das fontes do trabalho psíquico e intelectual”.
Freud (1930, p. 53) cita o amor como uma das maiores formas de se obter felicidade, o amar e ser amado como os propulsores da satisfação. Porém, é também um campo perigoso enquanto ficamos vulneráveis à perda desse amor e pelo tamanho do sofrimento que nos é causado quando esse fim acontece.
A beleza, de acordo com Freud (1930, p. 53), também pode ser uma fonte de felicidade. O gosto pelo estético das formas, dos objetos, da natureza, entre outros, não consegue ser provado cientificamente e não é definido como necessário, porém, é muito valorizado e tem ligação com o sentimento sexual, enquanto “’Beleza’ e ‘atração’ são, originalmente, atributos do objeto sexual” Freud (1930, p. 53).
O alcance da felicidade também está ligado com a personalidade do sujeito e onde ele vai procurar atingir esse prazer. Freud (1930, p. 54) aponta que:
“O homem predominantemente erótico dará preferência aos seus relacionamentos emocionais com outras pessoas; o narcisista que tende a ser autossuficiente, buscará suas satisfações principais em seus processos mentais internos; o homem de ação nunca abandonará o mundo externo, onde pode testar sua força. ”
A religião, embora seja uma grande fonte de busca a felicidade desde os primórdios do homem na Terra, percorre um caminho obscuro quando, como demonstra Freud (1930, p. 54), ilude seus seguidores, deformando a realidade e a adaptando de acordo com seus interesses e, assim, impondo que todos sejam iguais e sigam um caminho determinado.
Em relação as formas de desprazer, Freud (1930, p. 49) cita três mais abrangentes:
1) Em relação ao próprio corpo: finitude, doença, decadência e velhice;
2) Em relação ao social: relação com amigos, família, fazer parte de um grupo, se identificar, etc.;
3) Em relação ao mundo externo: que pode ter forças para nos destruir.
Porém, Freud (1930, p. 49) explica que só de o sujeito conseguir fugir do desprazer e conseguir lidar com esses fatores, ele já fica satisfeito/feliz.
E quais meios ele usa para essa fuga?
Uma das possibilidades é fugir da sociedade, viver sozinho e sem precisar se relacionar com ninguém, só com ele mesmo e seu mundo particular. Chamado também de eremita.
Embora essa solução possa funcionar por um tempo, somos seres sociáveis, precisamos de carinho e companhia e a solidão também pode causar sofrimento. Como Maslow (1951) aponta temos necessidade de nos relacionar com o outro, ter trocas de amizade e afeto.
Freud (1930, p. 50) fala sobre outra alternativa, a mais utilizada em busca de prazer há muitos anos e por muitos povos: a intoxicação por drogas/substâncias, que além de liberar sensações de prazer, também inibem as sensações de desprazer.
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