O ESTUDO DE CASO PSICODIAGNÓSTICO
Por: bruuunasouuza • 8/4/2019 • Trabalho acadêmico • 1.618 Palavras (7 Páginas) • 549 Visualizações
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE OLINDA
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
BRUNA CAROLINE SANTOS DE SOUZA
ESTUDO DE CASO
OLINDA, 2019
BRUNA CAROLINE SANTOS DE SOUZA
ESTUDO DE CASO
Este trabalho foi desenvolvido no curso de graduação de psicologia com objetivo de obtenção de nota na disciplina Psicodiagnóstico, ministrada pela Profº Maria de Fátima Casa Nova.
OLINDA, 2019
ESTUDO DE CASO
- Dados de Identificação
Antônio, 24 anos, solteiro, desempregado, bilíngue e hispânico, mora com seus pais adotivos.
- Entrevista Inicial
Queixas: comportamento bizarro, agitação, desespero, falar sozinho em voz alta e rir despropositadamente;
Sinais e sintomas: angústia, pulso acelerado, alucinações auditivas persecutórias, pensamentos violentos e suicida.
- Anamnese
A mãe do paciente relatou que, quando adolescente, ele envolveu-se com “pessoas erradas”, começando a usar álcool e maconha. Bebia de 2 a 6 cervejas, duas vezes por semana, começando desde os 19 anos, o que segundo ele teria ajudado a enfrentar seus problemas e ainda declarou que não sentia desejo de parar com a bebida, embora sua mãe achasse que deveria. Ele não relatou evidências de tolerância ou sintomas de abstinência do álcool, e negou que seu filho tivesse histórico de apagamentos, complicações médicas ou tratamento para abuso de substâncias. Antônio relatou que fumava um cigarro de maconha a cada 1 ou 2 semanas desde os 18 anos, e que a quantidade havia aumentado recentemente para dois ou mais baseados por semana, para ajuda-lo a “trazer de volta a [sua] antiga pessoa”. Ele relatou que fumar meio maço de cigarros por dia durante seis anos, mas que a um ano parou de fumar.
Antes de sua primeira hospitalização, aos 20 anos, Antônio ficava com frequência acordado a noite, dormindo durante o dia, ouvia música alta para distrair de pensamentos perturbadores, acreditava que Jennifer Lopez estava lhe enviando mensagem pela TV e pelo rádio e, ás vezes, vomitava as refeições que sua mãe preparava, por razões que não ficaram claras. Em certa ocasião, começou a discutir com sua família e fez um rombo na parede com um soco, o que fez com que o hospitalizassem pela primeira vez. Uma toxicologia de urina foi positiva para canabinóides, evidência do uso de maconha. Foi estabilizado com medicamento antipsicótico, risperidona 3 mg/dia, e liberado para um programa de tratamento ambulatorial, ao qual não compareceu.
Após seis meses, voltou a usar maconha e álcool, foi várias vezes admitido ao pronto-socorro por comportamento bizarro, sendo liberado com seus pais. Foi hospitalizado uma segunda vez aos 22 anos por sintomas psicóticos, incluindo preocupação religiosa e alucinações auditivas, incluindo ameaçar seu pai. Ele inicialmente recusou o medicamento, mas necessitou de haloperidol e lorazepam de emergência após alterações verbais com amigos. Foi então tratado com olanzapina até 25mg e respondeu muito bem, embora tenha ganhado quase sete quilos. Durante sua terceira hospitalização por sintomas psicóticos, alguns meses depois, recebeu ziprasidona e risperidona, tendo declarado que ambos causavam efeitos colaterais de “tremedeira”. Foi encaminhado para uma residência de diagnóstico dual para o tratamento de indivíduos que lutam contra doença mental e dependência de drogas, mas, depois de três dias, voltou para casa. Durante oito meses, relatou ter se abstido de substâncias , mas continuava com sintomas psicóticos leves. Durante sua quarta hospitalização, aos 23 anos, começou a tomar injeções mensais de decanoato de haloperidol, mas declarou que a droga o deixava fraco e fazia com que “as pessoas começassem a entrar no seu corpo”. Disse que, desde então, não sentiu mais seu corpo como antes, e atribuía tais ilusões e sintomas somáticos ás injeções. Sua mãe relatou que depois que ele começou a tomar o decanoato de halaperidol, ficou bem a princípio, conseguindo trabalhar com seu pai como operador de empilhadeira. Após três meses, Antônio recusou-se a tomar injeção seguinte, e seus sintomas voltaram. Dois meses depois, disse que seu “chefe gordo” havia entrado em seu corpo. Visualizava-se atropelando o chefe com a empilhadeira para “parar a pulsação dele dentro do meu corpo”, mas nunca concretizou esses pensamentos violentos.
Antônio foi adotado aos 2 anos de idade, após sua mãe que alugava um quarto na casa dos seus futuros pais adotivos começar a beber, ao que se seguiu seu negligenciamento e posterior abandono. Após uma tentativa frustrada de encontra-la o casal decidiu cria-lo como filho. Contaram-lhe sobre a adoção quando ele estava com 10 anos, mas quase nunca a discutiram depois disso, e tal fato nunca foi contado a ninguém além da família (Antônio não queria que a mãe contasse). Quando era criança na Venezuela, ele era um bom aluno e jogava xadrez, embora fosse quieto e tímido. Aos 12 anos, dois anos depois de terem se mudado para os Estados Unidos, deixou a escola porque as outras crianças riam dele. Então decidiu ganhar dinheiro com empregos temporários, de limpeza e construção. Aos 17 anos, tornou-se mais zangado e retraído ao ponto de perder o contato com os amigos, mas continuou a realizar trabalhos temporários.
Antônio não tinha história relatada de trauma na cabeça, convulsões ou outras condições médicas que pudessem causar psicose. Na admissão seu exame físico não apresentou nada significativo, e ele tem um índice de massa corporal normal (uma medida de peso que se ajusta á altura) de 24. Não havia sinais de discinesia tardia, um transtorno dos movimentos ligado ao uso prolongado de medicamento antipsicótico. Os resultados de eletrocardiograma e os testes de laboratório, incluindo teste de HIV, estavam todos dentro do limite normal, exceto para o uso de canabinóides em sua toxicologia de urina. Exame de ressonância magnético (RM), que produz imagens detalhadas do cérebro para permitir a identificação de quaisquer anormalidades, não exibiu sinais de sangramento, massa ou infarto, nem aumento significativo dos ventrículos (embora uma perda leve de matéria cerebral e subsequente dilatação ventricular sejam achados comuns em esquizofrenia). O eletroencefalograma foi normal, apresentando evidências que descartavam um transtorno convulsivo.
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