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O ESTÁGIO DO PERSONALISMO: APROXIMAÇÕES TEÓRICAS NA OBSERVAÇÃO DE UM INFANTE

Por:   •  9/3/2016  •  Relatório de pesquisa  •  1.140 Palavras (5 Páginas)  •  1.089 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL II

PROFESSORA ANDREIA ALVES DE CASTRO VILELA

ALUNO: IASSER DA SILVA SHIHADEH

O estágio do personalismo: aproximações teóricas na observação de um infante.

O presente trabalho tem como objetivo relatar a observação das atividades de uma criança e referenciá-las com a Teoria do Desenvolvimento Infantil de Henry Wallon, identificando o estágio de desenvolvimento em que ela se encontra e descrevendo as aproximações verificadas.  

A criança observada tem aproximadamente três anos e meio de idade, filho único e residente com os pais, já inserida no processo escolar onde desenvolve atividades no período vespertino.

A observação se deu em seu ambiente domiciliar na presença da mãe e do observador, por um período de três horas.

De início, ao sermos apresentados A. mostrou-se desconfiado, não quis me cumprimentar recusando-se a dar-me a mão, com um sonoro “não”.

Ao mesmo tempo montou em seu velocípede e saiu em disparada (chamar atenção), sendo sua mãe obrigada a contê-lo por correr risco de acidentar-se, mediante protestos, acedeu. Então, procurei se eu poderia também andar no velocípede, ele respondeu de imediato: “Não, é meu”.

Tentando fazer uma aproximação ofereci a ele um doce de sabor menta, novamente recebi uma negativa, “eu não gosto desse”, então foi até uma bombonière e trouxe-me uma bala de chocolate dizendo: “eu gosto dessa, você quer?”.

Já de início pudemos observar quão aparente se manifestam as características do estágio em que se encontra, o personalismo. Como o próprio nome diz, nesta fase a criança está voltada para sí própria (direção centrípeta do desenvolvimento) na difícil tarefa de conquistar e fazer notar sua identidade.

Segundo Henri Wallon, o estágio do personalismo é marcado por oposições, inibições, autonomia, sedução, imitação, que irão contribuir para a formação e enriquecimento do eu, a construção interior. Primeiramente, ao buscar afirmar-se como indivíduo autônomo, a criança toma consciência de si própria, o que é constatado pelo emprego dos pronomes eu e meu e demonstração de atitudes de recusa (uso do não). Seu ponto de vista diante do mundo se torna único e exclusivo, e suas crises de oposição confrontam-se com as pessoas do meio próximo a fim de imperar sua vontade. Ao alcançar tal objetivo, sente-se exaltada. Nem sempre é vencedora, e isso lhe causa ressentimentos e diminuição da autoestima. Ambos os momentos representam uma crise necessária para a construção do eu. É preciso se opor ao outro para afirmar a si.

Os sentimentos de ciúme, a posse extensiva aos objetos e as cenas para chamar a atenção dos que estão ao seu redor são características essenciais para se distinguir dos outros. Mas, para tanto, é preciso haver a participação da representação.

Deixando a brincadeira com o velocípede, com a qual ele quis chamar a minha atenção, me convidou para ver seus brinquedos no quarto, apresentando um por um. Quando eu pegava um dos seus brinquedos ele os tomava de minha mão. Ao apresentar-lhe um boneco que uso como chaveiro ele se interessou e imediatamente colocou um brinquedo em minha mão e pegou o que eu trazia.

Na disputa pelos objetos, pode-se observar que o sentimento de propriedade, baseia-se num sentimento de competição. Embora a criança já reconheça o direito dos outros, oferece seus pertences como estratégia para se apossar dos do outro, torna-se “manhosa”.  

Em determinado momento empreendo uma conversação com sua mãe sobre um assunto que não lhe dizia respeito, ele então deixa os brinquedos vai para o colo da mãe e solicita-lhe atenção, a mãe ignora, ele puxa seu rosto para o seu lado, olha para mim e diz: “Não, sai”.  A necessidade de ser aprovada por quem admira vem sempre acompanhada de inquietações, conflitos e decepções quando não é correspondido em suas reinvindicações, a criança torna-se não só competitiva, mas também ciumenta.  

No momento em que é repreendido pela mãe por atrapalhar a conversa ele vai até o quarto e aparece novamente vestido com uma fantasia de super-herói, posta-se a nossa frente e inicia uma sequência de “macaquices” com a pura intenção de nos seduzir e chamar a atenção. Ao demonstrarmos interesse, ele convenientemente, aproxima-se da mãe, dá-lhe um beijo me pega pela mão e me convida para brincarmos.  

A criança vive um momento fortemente exibicionista, procurando a aceitação do outro. A construção da consciência de si, que se dá por meio das interações sociais, reorienta o interesse da criança para as pessoas, definindo o retorno da predominância das relações afetivas.

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