O Intrumento e o Símbolo no Desenvolvimento da Criança
Por: Letícia Graziele • 23/6/2018 • Resenha • 1.121 Palavras (5 Páginas) • 857 Visualizações
Referência bibliográfica: VYGOTSKY, L. S. O intrumento e o Símbolo no Desenvolvimento da Criança. A formação social da mente. 4 ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes, 1991.
1 – O instrumento e o símbolo no desenvolvimento da criança.
O aspecto principal da teoria de Vygotsky é caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formam ao longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida de um indivíduo.
O autor do texto examina a tese botânica e zoológica.
A tese botânica é representada por Karl Stumph, que enfatiza o caráter botânico do desenvolvimento, ele associava à maturação do organismo como um todo. Assim sendo, o fundamento de sua teoria é a maturação. Essa tese determinava a criança como um organismo com o desenvolvimento linear durante a vida.
“Segundo Vygotsky a maturação per se é um fator secundário no desenvolvimento das formas típicas e mais complexas do comportamento humano. O desenvolvimento desses comportamentos caracteriza-se por transformações complexas, qualitativas, de uma forma de comportamento em outra”.
A tese zoológica é representada por W. Kohler, K. Buhler e C. Buhler, e baseia os seus modelos de observação no reino animal, assim sendo questões sobre as crianças são procuradas na experimentação animal. Essa ligação entre a psicologia animal e a psicologia da criança contribuiu de forma importante para o estudo das bases biológicas do comportamento humano.
No entanto, surge um paradoxo entre as duas teses. Enquanto a primeira enfrentava dificuldades com os experimentos, a tese zoológica conseguia produzir testes empíricos, mas falhava em não considerar a singularidade do comportamento humano e sim como uma extensão direta dos processos correspondentes nos animais inferiores. Sua tese baseava-se na observação das experiências com macacos antropoides sob o argumento que o processo do desenvolvimento infantil ocorria da mesma forma desses animais.
A inteligência prática nos animais e nas crianças.
Existem três autores e eles dedicavam-se ao estudo da inteligência prática baseada em experiências com animais:
- W. Hohler comparou o comportamento de chimpanzés com alguns tipos
particulares de respostas em crianças. - K. Buhler considerava que as manifestações de inteligência prática
em crianças eram exatamente do mesmo tipo daquelas conhecidas em chimpanzés. Assim sendo Buhler chamou de "idade de chimpanzé" uma certa fase na vida da criança. - Charlotte Buhler concluiu que o organismo da criança se desenvolve por inteiro, não apenas o uso de instrumentos, mas também os movimentos sistemáticos, a percepção, o cérebro, as mãos. Assim, o desenvolvimento no domínio de uso de instrumentos ocorre em comum com o desenvolvimento orgânico.
Para Vygotsky, K. Buhler descobriu algo importante: o início da inteligência
prática na criança, assim como no chimpanzé, é independente da fala.
Vygotsky crítica K. Buhler quando a comparação entre comportamento da criança com o chimpanzé se restringe à fase inicial da vida da criança, isto é, à fase pré-verbal, Vygotsky aceita os argumentos de Buhler, ainda que com reservas. Entretanto, quando os estudos sobre o comportamento humano e animal extrapolam esse estágio, Vygotsky rejeita suas teses.
Pois, Buhler não considera que haja vínculo entre o raciocínio técnico e a linguagem, em nenhum momento da vida da criança. E Vygotsky, ao contrário, afirma a interação entre fala e raciocínio prático ao longo do desenvolvimento.
Continuando a sua revisão teórica, Vygotsky examina as teses de Shapiro e
Gerke. Esses autores basearam seus estudos nos experimentos de Kohler e
afirmaram à semelhança do pensamento infantil com o do adulto e a importância da experiência social no desenvolvimento humano.
De acordo com os autores, a noção de adaptação está ligada a visão mecanicista de repetição, através da imitação e da sobreposição de ações como determinante nos esquemas adquiridos durante o desenvolvimento.
- Mecanicista: Considera que o social tem apenas a função de prover a criança de modelos e não considera as mudanças internas provocadas a partir da experiência social.
Na visão desses autores, a fala tem apenas a função de adaptalidade social e não está relacionada ao desenvolvimento de uma nova organização estrutural da atividade prática.
Vygotsky contrapõe a perspectiva determinista afirmando que a imitação é algo dinâmico e dialético e para que a sobreposição de processos ocorra, é significada em perspectivas singulares do indivíduo. Considerando a fala como preponderante no processo interacionista de resolução de problemas e formação dos processos mentais superiores.
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