O Luto na Infância
Por: Sabrina Grotti • 19/9/2018 • Monografia • 24.361 Palavras (98 Páginas) • 193 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios a serem vencidos na educação é identificar emoções e necessidades da criança, principalmente em casos de luto por morte, e assim, oferecer assistência necessária.
Este estudo tem como título Luto na infância: uma abordagem sobre morte no contexto escolar. O tema proposto pelo grupo vem abordar as dificuldades dos profissionais da educação quando confrontados com situações de luto, por morte, em sala de aula.
Tal realidade traz a necessidade de se trabalhar exaustivamente essa questão, não somente no âmbito familiar, mas também escolar, que com essa concepção permite perceber a importância do trabalho em conjunto da família com instituição.
Consideramos que é de suma importância o preparo de professores, diretores e coordenadores, para dar todo respaldo a esse aluno. Não que já tenhamos uma receita para a solução da temática, mas buscamos alguns pontos norteadores que são de extrema importância na prática pedagógica de educadores.
O objetivo geral do estudo em questão é discutir a função pedagógica na consequência do luto infantil, sendo instrumento para preparação profissional e trazendo segurança na prática pedagógica.
Entendemos que há uma problemática a ser discutida, pois não podemos apenas continuar fechando os olhos para a morte tão evidente dentro ou nas imediações das escolas o que tem trazido sofrimento e traumas irreparáveis para as crianças no Brasil e em todo o mundo.
Será este o papel só da família ou de psicólogos? Ou também da escola que promove a socialização e o desenvolvimento das crianças? Este trabalho possui dez seções sendo que na primeira seção fizemos um relato sobre a teoria do desenvolvimento humano de Erik Erikson, apontando os oito estágios do ciclo de vida, do nascer ao morrer. Na segunda seção discorremos sobre a morte como um percurso natural da vida e como último estágio do desenvolvimento humano, trazendo a morte como acontecimento histórico da humanidade. Na terceira seção identificamos que assim como o adulto, a criança possui entendimento e conceito sobre a morte. Na quarta seção partilhamos as ideias do teórico Freud e do autor Knapman apresentando o entendimento do luto e seus estágios. Na quinta seção abordamos o luto infantil no contexto escolar. A sexta seção traz a parceria família e escola para apoiar a criança enlutada. A partir da sétima seção apresentamos a educação para a vida como recurso para introdução da temática da morte no contexto escolar.
A seção: usando a literatura infantil como recurso, traz questões tanto para abordar a morte no contexto escolar como para auxiliar as crianças que possam estar passando pelo processo de luto. ( a continuar.....)
2 DESENVOLVIMENTO HUMANO
Esta seção apresenta as concepções do desenvolvimento humano a partir do ciclo de vida, desde o nascer ao morrer, de acordo com estudiosos do desenvolvimento humano: o alemão e psiquiatra Erik Homburger Erikson (1902-1994), e o médico neurologista e criador da Psicanálise, de origem judaica, Sigmund Freud (1856-1939).
Segundo Carpigiani, Erik Erikson iniciou a construção da teoria psicossocial do desenvolvimento humano, repensando vários conceitos de Freud, sem negar a sua essência no contexto do desenvolvimento psicossexual. O foco dessa teoria está no Ego[1], que para Freud, era um sistema subserviente ao Id[2]. Anna Freud, filha de Sigmund Freud, deu continuidade ao trabalho do seu pai, obtendo características de mais autonomia do Ego, com poder maior de atuação e decisão, sendo assim, atribuindo um caráter menos patológico. Ela transformou os estágios psicossexuais em estágios de busca de domínio do Ego.
Para Carpigiani, Erikson construiu sua teoria de forma a deixar duas importantes contribuições à psicanálise, uma teoria na qual o Ego tem uma concepção ampliada, onde cada fase influência a seguinte. Erikson afirma que o que se constrói na infância em termos de personalidade é, e pode ser parcialmente modificado, por experiências futuras individuais e a partir do meio em que vive, contribuindo para isso o social e o cultural.
2.1 ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO ERIK ERIKSON
A personalidade é moldada constantemente no decorrer de oito estágios estabelecidos, onde identificamos todo o ciclo vital. São eles;
- Confiança básica versus Desconfiança (bebê);
- Autonomia versus vergonha, dúvida (a infância – 2 a aproximadamente 3 anos);
- Iniciativa versus culpa (aproximadamente 3 a 6 anos);
- Atividade versus inferioridade (idade escolar – aproximadamente 7 a 11 anos);
- Identidade versus confusão de identidade (puberdade e adolescência – aproximadamente 12 a 20 anos);
- Intimidade versus isolamento (adulto jovem – aproximadamente 20 a 35 anos);
- Generatividade versus estagnação (adulto aproximadamente após os 35 anos);
- Integridade de ego versus desespero (maturidade – aproximadamente a partir dos 60 anos).
A seguir abordaremos as características de cada estágio citado, destacando pontos relevantes e sua importância.
2.1.1 Confiança básica versus Desconfiança
Corresponde ao estágio oral freudiano, essa fase ocorre na infância inicial. O bebê tem a atenção voltada a quem lhe oferece carinho e conforto, normalmente a mãe. É ali que ocorre a primeira relação social do bebê. Nessa fase, o bebê quando se dá conta que a mãe não esta, sente sua ausência, criando a esperança de sua volta. Querer e esperar começa a fazer parte da relação entre os dois. A confiança básica ocorre quando isso se realiza efetivamente, a criança desenvolve ali uma troca de confiança. Caso essa troca não ocorra, surge a desconfiança básica, que já começa a formar traços da personalidade da criança. Pequenas frustrações são necessárias para definir as esperanças que poderão ser realizadas. Os pais devem: “ser capazes de afirmar à criança uma convicção profunda, quase somática, de que tudo o que fazem tem um significado. Enfim as crianças não ficam neuróticas por causa das frustrações, mas sim pela falta ou perda de significado social nessas frustrações”. (ERIKSON apud CARPIGIANI, 2010, p.12)
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