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O Moreno e o Psicodrama

Por:   •  18/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.577 Palavras (11 Páginas)  •  532 Visualizações

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JACOB LEVY MORENO E O PSICODRAMA

  1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho objetiva uma explanação acerca do arcabouço teórico que inspirou Jacob Levy Moreno a pensar o Psicodrama enquanto técnica terapêutica dentro da visão de grupo moreniana, que é a teoria socionômica. Aliando os elementos teatrais com as teorias de base fenomenológica-existencial, Moreno compõe uma dinâmica terapêutica pautada na espontaneidade e nas relações sociais. Nas páginas que se seguem, é feita uma contextualização do momento histórico no qual se encontrava Moreno quando definiu o que era grupo e como isto se dá dentro do psicodrama, além da descrição das técnicas propriamente ditas e as implicações e possibilidades da ação psicodramática nos dias atuais.

  1. DESENVOLVIMENTO
  1. Breve histórico de Jacob Levy Moreno

O psicodrama foi criado por Jacob Levy Moreno (nascido em 18 de maio de 1889, em Bucareste, na Romênia) na primeira metade do século passado. Descendente de família judia, percorreu diversos lugares até se estabelecer em Viena, na Áustria, onde estudou Filosofia e Medicina. Apesar da formação em medicina, sempre teve muito afinco por questões sociais e envolvimento com a arte, sendo filosoficamente adepto do Hassidismo (crença baseada na ideia de que deus é um igual).

Moreno tratou um acidente que teve aos quatro anos de idade como marco zero da ideia de um Psicodrama. Ele brincava com um grupo de amigos em casa, quando assumiu o papel de deus e para atender aos pedidos de seus companheiros, se jogou em pleno voo, resultando em uma fratura no braço e uma experiência que renderia frutos na adolescência. Moreno ingressou na universidade em 1909, dois anos depois fez sua primeira seção de Teatro Espontâneo. De 1913 e 1914, realizou um trabalho com prostitutas vienenses, também em 1914 escreveu seu Convite a um Encontro, onde já era possível identificar alguns de seus conceitos básicos. Entre 1915 a 1917, desenvolveu outro trabalho em grupo, dessa vez, com soldados refugiados, onde percebeu o efeito terapêutico do grupo sobre o indivíduo.

Em 1921, ocorreu o 1º Ato Público Psicodramático e no ano seguinte Moreno projetou um Teatro da Espontaneidade, descobrindo futuramente a possibilidade de produzir efeitos terapêuticos através da representação espontânea, nomeando-o então Teatro Terapêutico. 1924 é o ano em que é editado O Teatro da Espontaneidade, livro onde foram definidos quatro enquadres psicodramáticos: Axiodrama, Teatro do Improviso, Teatro Terapêutico e o Teatro do Criador. O período entre 1922 e 1924 é visto como do nascimento do Psicodrama.

Moreno emigrou para os Estados Unidos em 1925, onde viveu em Beacon (NY). Casou-se em 1927 com Beatrice Beecher, abriu uma clínica psiquiátrica e realizou um ano depois sua primeira demonstração pública do Psicodrama. Passou então a fazer seções de Psicodrama Público até 1931, ano em que publicou a Revista Improviso, onde abordou seus métodos de psicoterapia. Em 1934 publicou também Quem Sobreviverá? (mais tarde nomeado como Fundamentos da Sociometria), que ao ser bem acolhido pela comunidade científica, abriu portas para Moreno, que então foi convidado a lecionar na Universidade. Tornou-se cidadão americano em 1934, abrindo dois anos depois um Hospital Psiquiátrico em Beacon. Anexo ao hospital, em 1941 passou a funcionar o Instituto de Psicodrama de Nova York. Fundou também a Associação Americana de Sociometria e tornou-se membro da Associação Psiquiátrica Americana. Recebeu em 1968 o título de Doutor Honores Causa, pela Universidade de Barcelona.

A primeira demonstração pública do Psicodrama que Moreno realizou na França foi em 1954, somente seis anos depois ele repetiu o feito na Rússia, ano em que também publicou Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. Veio a óbito com 85 anos, em maio de 1974.

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  1. O conceito de grupo na perspectiva moreniana

A teoria socionômica de Jacob Levy Moreno está entre as principais teorias que auxiliou no desenvolvimento do estudo da dinâmica de grupo. Definida como o estudo das leis que regem o comportamento social e grupal, a socionomia é composta pela sociometria, a sociodinâmica e a sociatria. A sociometria estuda a estrutura das relações interpessoais e a mensuração de relação entre as pessoas (tendo como seu principal método o teste sociométrico); a sociodinâmica, por sua vez, analisa o funcionamento dessas relações (seu principal método é o role playing); e a sociatria, por fim, atua como a terapêutica das relações sociais, sendo, portanto, composta pela psicoterapia de grupo, o sociodrama e o psicodrama.

O psicodrama é uma terapia de base fenomenológico-existencial que objetiva ajudar o cliente a vivenciar a sua experiência, buscando a compreensão fenomenológica do ser existente; é definido por Ramalho (2010, p. 29) como “uma abordagem que se situa na interface entre a arte e a ciência, mantendo os benefícios de ambas”. O psicodrama parte do princípio de que o homem é arquiteto de si próprio e do seu mundo e busca fazer com que o indivíduo alcance uma existência autêntica, espontânea e criativa. Nas abordagens vivenciais a técnica e a teoria são questões secundárias em relação à pessoa e à importância da relação terapeuta-cliente, como sublinha Souza (2014, p. 75):

Considera-se psicoterapia de grupo, segundo Moreno (1993), quando a meta terapêutica é primária e atingida por meio de métodos científicos, tais como a análise, o diagnóstico e o prognóstico. Aqui se encontra a diferenciação básica da psicoterapia de grupo, isto é, o plano científico empírico e a terapia de grupo, onde os objetivos terapêuticos são secundários.

Entre os principais conceitos morenianos está a teoria da espontaneidade. A espontaneidade é definida como a capacidade de responder de forma nova às situações recentes ou às situações antigas. Para Moreno, a sensibilidade, a criatividade e a espontaneidade (a qual denominou fator E) são características inatas do indivíduo. “O nascimento é um exemplo da existência desse fator, pois conta com a ajuda do feto que é um ser dotado de fator E, de modo que o bebê atua no parto de forma participativa e não traumática” (GONÇALVES et ali apud RAMALHO, 2010, p. 34), sendo ajudado pelos seus primeiros egos auxiliares (médico e mãe). Entretanto, após o nascimento e durante o desenvolvimento desse indivíduo, incontáveis situações sociais ocorrem e ocasionam um processo gradual de “poda” de sua espontaneidade. Neste contexto, Moreno propõe uma “revolução criadora” a partir do psicodrama, que diz respeito à recuperação da espontaneidade perdida no ambiente afetivo e no sistema social.

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