O Resumo Psicose
Por: Daniella Oliveira • 7/9/2015 • Seminário • 906 Palavras (4 Páginas) • 407 Visualizações
PSICOSE
No séc. XIX surgiu o termo “psicose”, criado por Ernst Von Feuchtersleben - filósofo austríaco que utilizava esta terminologia para nomear, de modo mais global, as doenças do espírito – em 1845. Essa terminologia se transformou em um sinônimo de alienação mental (ALLAIN, 2005 apud POLLETO, 2012).
De acordo com Laplanche e Pontalis (1998), o surgimento desse termo levou paulatinamente à constituição de um domínio autônomo das doenças mentais, agora apontadas não apenas como ‘enfermidades dos nervos’ mas também do corpo e diferenciadas das doenças consideradas “da alma”.
“Assim, no decorrer do século XIX, o termo psicose espalhou-se pela literatura psiquiátrica alemã para designar as doenças mentais em geral, a loucura, a alienação, sem, entretanto, implicar em uma teoria psicogênica da loucura. Ao final do século vê-se uma separação mais clara entre neurose e psicose” (POLLETO, 2012; p. 3).
Zimerman (1999) distingue três situações para definir a psicose, são elas: psicose propriamente dita; o estado psicótico e a condição psicótica, interessando neste caso apenas a psicose propriamente dita. O autor pontua que as psicoses “implicam um processo deteriorativo das funções do ego, de tal modo que haja, em graus variáveis, algum sério prejuízo do contato com a realidade. É o caso, por exemplo, das diferentes formas de esquizofrenias crônicas” (ZIMERMAN, 1999, p. 227).
Freud (1924) propõe a neurose e a psicose divididas em dois tempos. A primeira resultaria de um recalque fracassado, já a psicose, na sua primeira fase, o eu é arrastado para longe da realidade e em seguida, para reparar o dano, restabelecer-se-ia uma nova relação com a realidade à custa do id. A segunda fase se caracterizaria por uma reparação. Assim, para Freud, “tanto a neurose como a psicose na segunda fase possuem as mesmas tendências anunciadas pela rebelião do id contra o mundo externo, expressando seu desprazer e sua incapacidade de se moldar à real necessidade” (POLLETO, 2012).
A psicose tem como núcleo estruturante central a prevalência do princípio do prazer sobre o princípio da realidade (Lins, 2007). Assim, para este autor, as funções do ego são danificadas, e é caracterizado o contato do indivíduo psicótico com seu mundo exterior como um espaço limitado ao seu próprio universo apenas.
Para uma caracterização mais específica, Henberg (2001 apud LINS, 2007) aponta alguns traços de pessoas psicóticas:
“Profundas, centradas nelas mesmas, estabelecendo uma delicada relação com o ambiente porque esse ambiente pode ser fator de desorganização pessoal [...] têm um mundo interno rico, em função do id como instância dominante. [...]” (p.98).
Além dessas caracterizações, importa citar a relevância da questão social, fortemente marcada no psicótico. Esta por sua vez é manifesta sob a forma de uma “dificuldade de se desempenhar no campo social. Em termos psicanalíticos, ele apresenta dificuldade de se desempenhar diante do outro, no espaço do outro” (LINS, 2007), pois o delírio e a alucinação ocupam o lugar da fissura na relação do eu com o mundo (OLIVEIRA, 2008).
No Seminário 3 sobre as Psicoses (1981) “o significante, como tal, não significa nada”, Lacan define que a neurose e a psicose são estruturas clínicas e ao afirmar isto, retoma os pressupostos Freudianos sobre a importância do Édipo na constituição do sujeito, em que “num primeiro tempo a criança mantém com a mãe uma relação fusional, reforçada pelos cuidados e pelas necessidades da criança, que se coloca na posição de objeto complementar da mãe, objeto falo, objeto de desejo da mãe” (OLIVEIRA, 2008).
Assim, quando o Nome-do-pai enquanto lei se insere no lugar do falo na relação de objeto da mãe, é por ele que a criança poderá nomear o objeto fundamental do seu desejo. “Seu processo de produção é passível de falha, o que gera a não-estruturação ou sua foraclusão, produzindo uma desestruturação imaginária, origem da psicose”, como afirma Oliveira (2008).
Para Lacan (1981), um tratamento possível para as psicoses reside na premissa de que se parte de um mal-entendido fundamental, com o qual os analistas se deparam e visam tomá-lo “ao pé da letra”, ou seja,
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