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O Século dos Manicômios

Por:   •  1/5/2017  •  Resenha  •  1.306 Palavras (6 Páginas)  •  160 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

UNIDADE EDUCACIONAL DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PSICOPATOLOGIA

PROFª. CAROLINE CAVALCANTI PADILHA MAGALHÃES

ALUNA: LAURA GABRIELLY PORTO DIAS

O século dos manicômios

Isaias Pessotti

        A noção de loucura durante o século XVIII tinha um caráter dogmático, havia um desinteresse pela observação e descrição dos sintomas, ou seja, não existia uma classificação nosográfica da loucura. No final do século XVIII, Pinel apresenta suas ideias e causa uma revolução na teoria médica do seu tempo. Propondo a origem passional e moral da alienação, sendo sua essência o desarranjo das funções mentais, além de fazer uma redefinição das funções do manicômio, como parte essencial do tratamento e não só para asilo.

        Em sua obra Traité, Pinel traz uma inovação em relação a psicopatologia, a classificação nosográfica da alienação e as paixões como fatores da loucura, trata-se de uma concepção que resgata para o louco a identidade humana. As espécies em Traité, ou de toda a psiquiatria, não tem contornos fixos, como é ilustrado nos quadros por Pinel. Como a mania, melancolia ou idiotismo, todos estes têm pontos de sobreposição, aspectos que são comuns a uma ou mais espécies, só posteriormente os contornos que separam as espécies da loucura ficaram nítidos.

        Pinel irá manter uma visão mentalista da loucura, como sendo uma lesão do intelecto e/ou da vontade, que se manifesta no comportamento do paciente, ou seja, nos seus sintomas. A loucura deixa de ser irreversível, e passa a ser um desequilíbrio, uma distorção na natureza do homem, e que pode ser corrigido, sendo a intervenção terapêutica a restituição do equilíbrio, que foi rompido pela doença,

        A psicopatologia trazida por pinel tem influência das ideias presentes na sociedade nascida da revolução francesa, na linha do humanismo iluminista. Trata-se de uma filosofia humanista, baseada no valor absoluto do homem livre, com o conceito não excludente da loucura. Sendo a observação e a descrição rigorosa cientifica das peculiaridades de cada caso, o pré-requisito para uma intervenção válida, capaz de trazer o louco para a plenitude humana         

        Em Traité é dado ênfase a observação do comportamento, que responde a uma necessidade teórica e metodológica, o qual o homem em estado de alienação deve ser observado com objetividade, obedecendo a algumas regras. A primeira regra é que toda observação deve ocorrer sem qualquer pressuposto ou preconceito teológico, teórico ou metafisico; já a segunda se refere a suspensão de qualquer avaliação sobre o significado último da loucura;  a terceira regra fala da gentileza na observação e no falar com os doentes; o quarto requisito afirma que uma observação correta requer tempo, e por isso não deve ser apressada;  e a quinta regra fala que para uma observação correta é necessário excuta-la numa situação adequada e especifica, como no manicômio.

        Pinel irá classificar as grandes formas clássicas da loucura, melancolia e mania, sob a designação genérica de alienação mental, os quais são reformulados em traité a partir da observação persistente dos comportamentos. O texto aponta algumas características físicas e morais da alienação mental, dentre elas, a primeira classe de sintomas são as “lesões da sensibilidade física”. Sendo que, estas alterações se evidenciam mais em casos de mania, como a sensação de fraqueza e dor, e em fase aguda, movimentos convulsivos, gritos agudos, loquacidade e ira, além de alguns pacientes relatarem também excitação nervosa pela falta de sono, aumento da força muscular e mudança no apetite.

        É observado também dentre os sintomas físicos da loucura alguns aspectos sexuais da mania. Porém, pelas preocupações moralizantes de pinel, a atenção a doença e ao doente é comprometida. Para o autor, a função terapêutica deve reformar os hábitos e tendências do paciente, e caso se configure impossível, cessa a competência clínica, pois não há mais alternativa médica, sendo o louco confinado.

        Os melancólicos apresentam alguns aspectos característicos, como a associação coacta de ideias pela qual está dominado, e as impressões dos órgãos sensoriais parecem não ser recebidas pelo cérebro, o olhar feroz, e aparentam totalmente estranhos a realidade externa. Uma das importantes contribuições de pinel é considerar que as ideias delirantes resultam de um domínio hegemônico da memória sobre as funções mentais, implicando a abstração da realidade. Então, apresenta uma hipótese explicativa sobre a melancolia, a qual fala que as impressões sensoriais não são recebidas pelo cérebro.

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