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O TRATAMENTO DA DROGADIÇÃO EM UMA PERSPECTIVA PSICOSSOCIAL A PSYCHOSOCIAL APPROACH ON DRUG ADDICTION TREATMENT

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Por:   •  15/10/2013  •  6.390 Palavras (26 Páginas)  •  472 Visualizações

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O TRATAMENTO DA DROGADIÇÃO EM UMA PERSPECTIVA PSICOSSOCIAL

A PSYCHOSOCIAL APPROACH ON DRUG ADDICTION TREATMENT

Flávia Maria Alves

RESUMO

Neste artigo, a autora busca investigar sobre as dimensões psicossociais envolvidas no tratamento da Drogadição em uma fazenda terapêutica de regime interno, identificando seus aspectos positivos e negativos. O sujeito não é reduzido a um estereótipo de drogadicto, sendo compreendido em sua complexidade, enfatizando a rede de relações sociais na qual está inserido. Na pesquisa de campo, foi realizado um grupo focal com sujeitos em tratamento de Drogadição a fim de obter informações acerca da experiência de cada um e das características do tratamento nesta instituição. Com este trabalho, podemos considerar que a análise de diversos tipos de tratamento da Drogadição, assim como das suas dimensões psicossociais, possui grande relevância para o atendimento nesta área.

Palavras-Chave: Drogadição, tratamento, sujeito psicossocial

ABSTRACT

In this article, the author investigates the psychosocial dimensions involved in a drug addiction treatment, which is performed at a boarding therapeutic farm, identifying its positive and negative aspects. The individual is not reduced to any stereotype of the drug addicted. Instead, s/he is also understood in his/her own complexity, with the emphasis on the social relationships in which s/he belongs. In the field research, a focal group, composed with drug addiction patients, was chosen to gather data about their own experiences and the characteristics of the treatment in the studied institution. The study of different types of treatments for drug addiction as well as of their psychosocial aspects have a huge importance for this area of professional practice.

Key Words: Drug addiction, treatment, psychosocial approach

Para a Psicologia Social, a concepção de ser humano como um ser histórico-social é essencial para compreensão dos fenômenos humanos (LANE, 2004a). Nesta concepção, o Ser Humano é considerado produto e produtor dentro de seu contexto histórico e social. Desta forma, só é possível compreender os comportamentos humanos a partir da relação estabelecida com os outros. Um comportamento não existe isoladamente e por isso não pode ser estudado de forma fragmentada. Considerando isto, o uso de substâncias tóxicas não deve ser o único fenômeno a ser observado para compreensão do sujeito drogadicto, antes de ser drogadicto, este indivíduo é um sujeito com diversas experiências que estão interligadas e que só fazem sentido entre si.

Segundo Lane (2004a), o objetivo fundamental da Psicologia Social é “... conhecer o Indivíduo no conjunto de suas relações sociais” (LANE, 2004a, p. 19). Portanto, para a Psicologia Social, não há como realizar uma pesquisa sobre o ser humano desconsiderando a rede de relações sociais na qual está inserido.

Neste artigo, trabalharemos autores que entendem a drogadição a partir de um viés psicossocial: Kalina (1999) e Sanchez (1982) apontam que tanto a Drogadição quanto o seu tratamento são fenômenos socialmente construídos; Freud (1974) sinaliza que a sociedade influencia fortemente o comportamento do sujeito que busca as substâncias tóxicas para obtenção de prazer; Bucher (1992) retoma a história do uso e abuso das drogas e aponta que as diversas formas com que este fenômeno é tratado depende do contexto histórico e cultural em que está inserido; Berger & Luckmann (1985) defendem que toda realidade é construída socialmente, através das interações sociais e da linguagem. O sujeito interage com o meio social que influencia seu comportamento, porém cada sujeito atribui um significado diferente à realidade social na qual está inserido. Desta forma há uma multiplicidade de significados atribuídos a uma mesma realidade objetiva, ou seja, há uma construção da subjetividade a partir da interação social.

A Drogadição tem sido tratada de diversas formas pela sociedade, e pode-se constatar uma ampla gama de possibilidades e ofertas de tratamento atualmente (QUEIROZ, 2001).

Bucher (1992) afirma que o toxicômano tem ficado entre o manicômio e o presídio, ocupando o lugar do louco e do transgressor da lei, ambos excluídos pela sociedade e rotulados ora como doentes e ora como delinqüentes. A maioria das propostas de tratamento da Drogadição propõe a institucionalização do sujeito. Zenoni , citado por Queiroz (2001), argumenta sobre a importante função social conservada pelas instituições:

Antes de ter um objetivo terapêutico, a instituição é uma necessidade social, é a necessidade de uma resposta social a fenômenos clínicos, a certos estados de psicose, a certas passagens ao ato, a alguns estados de depauperamento físico, que podem levar o sujeito à exclusão social absoluta e até a morte

(ZENONI apud QUEIROZ, 2001, p. 8).

Bucher (1992) defende uma abordagem multifatorial da Drogadição, e critica as visões unilaterais acerca do fenômeno: a psicopatologização, o sociologismo, o psicologismo, etc. Segundo o autor, a dependência de drogas ocorre a partir da confluência de três fatores: o produto (droga), a personalidade do usuário e o momento sociocultural. Podemos perceber que os tratamentos existentes abarcam estes fatores fundamentais citados por Bucher, ora privilegiando um, ora privilegiando outro.

Os modelos tradicionais de tratamento da Drogadição, baseados na abstinência, são os mais difundidos. Sobre estes modelos de tratamento, Milby , citado por Rezende (2005), discorre sobre quatro abordagens de tratamento que considera fundamentais: abordagens médico-farmacológicas, psicossociais, socioculturais e religiosas. Segundo Rezende (2005), não existe tratamento que contemple apenas um tipo de abordagem, geralmente há influência de mais de uma, porém há prevalência de uma modalidade específica.

Queiroz (2001) apresenta quatro tipos de tratamentos baseados na abstinência: o Tratamento Moral Pineliano, as Colônias Agrícolas, as Comunidades Terapêuticas e as Fazendas de Recuperação. A autora discute as características destes tratamentos e apresenta os Programas de Redução de Danos, “... uma alternativa aos modelos tradicionais de prevenção e tratamento das toxicomanias” (QUEIROZ, 2001, p. 3).

A seguir iremos apresentar o trabalho realizado em Comunidades Terapêuticas, discorrendo especificamente sobre o CRER, a comunidade terapêutica

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