O lugar na função – uma questão de causa

O lugar na função – uma questão de causa

Numa instituição psicanalítica, uma questão se coloca para todos que estão na busca pela psicanálise – cada um que venha procurar a formação analítica traga seus próprios significantes e objetivos; entretanto, creio que caiba um questionamento para além dos motivos racionalizados e argumentados por cada um de nós.

A psicanálise é da ordem do desejo e é esta energia que nos impulsiona, o que procuraremos elucidar não como conceito, mas no possível como efeito e como causa em cada um de nós. Acredito que falar do Desejo do Analista, sem tecer alguns comentários sobre a formação em si, deixaria para trás pontos importantes para compreensão de tal lugar.

A despeito de um curso acadêmico ou instrucional, a formação analítica faz-se como “curso” (direção) para ir adiante, para ir além, na direção da busca dos estudos psicanalíticos, como a própria formação do inconsciente. Tendo em vista que o que podemos obter da psicanálise é a experiência única do inconsciente de cada sujeito dentro do processo analítico, cada um no seu “curso” é responsável por seu percurso de formação, considerando sua singularidade e seu momento, em meio às atividades oferecidas pela instituição.

Nesse sentido, coloco a escolha de estarmos no campo aberto à busca analítica, através de debates e de estudos. Portanto, reforço a todos a percepção quanto ao lugar de membro, lugar que ocupamos por escolha, este que se faz necessário movermos a transfêrencia na instituição testemunhando, assim, por via do trabalho a fim de sustentar esse lugar e, como causa, o lugar de analista.

A discussão aqui colocada se dirige a todos na instituição, o que demada debates e estudos quanto ao lugar de membro e como consequência da busca de cada um o lugar de analista. Dessa forma, proponho a todos os membros e participantes que se movam em direção aos debates e que possam elaborar, na letra ou no discurso, produções que contribuam junto à instituição, para lidar com os impasses intramuros que fazem o discurso analítico tropeçar ou se engessar diante das questões egoicas estabelecidas em direção ao lugar de membro e ao lugar de analista.

Aqui o curso se fará na direção do possível de cada um, mas não nos desataremos da instituição que nos assegura naquilo em que nos serviremos, como em um enlaçe que permeia a lógica do RSI.

Leonel Costa