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OS BENEFÍCIOS DO HUMOR TERAPÊUTICO NO HOSPITAL: UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

Por:   •  29/6/2022  •  Monografia  •  5.360 Palavras (22 Páginas)  •  75 Visualizações

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OS BENEFÍCIOS DO HUMOR TERAPÊUTICO NO HOSPITAL: UMA PERSPECTIVA PSICANALÍTICA

Elias Silva dos Santos1, Jorge Silva Meireles Junior2, Patrícia Moreira de Oliveira3, Maria Bastos Cacciari4

1 – Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Acadêmico do curso de Psicologia da Faculdade Multivix São Mateus

2 – Acadêmico do curso de Psicologia da Faculdade Multivix São Mateus

3 – Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Multivix São Mateus

4 – Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Espírito Santo, Psicóloga – Professora da Faculdade Multivix São Mateus

RESUMO

O presente trabalho buscou apontar os benefícios do humor dentro de um ambiente hospitalar, a partir da atuação dos “Doutores da Alegria” e dos estudos de Sigmund Freud sobre o Chiste e o Inconsciente. Para tal, foi realizada revisão bibliográfica de artigos publicados a partir de 2008 até a data atual. Utilizou-se principalmente a ferramenta de busca de dados Google Acadêmico contemplando a língua portuguesa. A pesquisa buscou discutir como a atuação do palhaço no hospital pode contribuir no processo de melhora dos pacientes hospitalares pela ótica da Psicanálise. De forma específica: a) apresentar as ações dos Doutores da Alegria nos hospitais; b) explorar o conceito de Chistes na Psicanálise; c) descrever a ação do lúdico a partir da Psicanálise. Os resultados evidenciaram a relação dos benefícios, das intervenções com humor no tratamento durante a hospitalização de crianças, adolescentes e adultos, contagiando todos ao redor, incluindo os pais, acompanhantes e a equipe médica. A diminuição da ansiedade, medo, angústia, dor e sofrimento, e melhor aceitação do tratamento estão entre os efeitos observados. Entende-se que há uma grande possibilidade de afirmar que o humor é terapêutico.

Palavras-chave: Doutores da Alegria; Chistes; Humor; Psicanálise.

INTRODUÇÃO

        Percebe-se nos dias atuais uma conscientização de que os ambientes hospitalares necessitam de uma maior abertura para uma humanização do tratamento oferecido, aos seus pacientes pelos profissionais que operam, pois a medicalização, procedimentos invasivos como a cirurgia, a higiene pessoal realizada por terceiros, enfim, os tratamentos médicos resultam em melhoria a partir da inclusão da empatia e do humor. Nestes aspectos se apresentam os “Doutores da Alegria”, grupos espalhados por vários países que se voluntariam para levarem o humor, a alegria para os acamados.

        Em um movimento surgido nos Estados Unidos, tendo como propulsor o médico Patch Adams, conhecido em razão do filme “Patch Adams, a alegria é contagiante” (SHADYAC, 1998), chega ao nosso país o movimento da alegria e adentra os hospitais marcados por seriedade e dor, levando o humor e prazer. Sobre o prazer do lúdico, Freud já retratara em um dos seus trabalhos no ano de 1905, alinhando o chiste e o inconsciente. E com o entendimento do “pai da psicanálise” o cenário hospitalar é permeado de regras, normas, que ao mesmo tempo que protege também cerceia a espontaneidade (FREUD, 1905).

O presente projeto tem como uma de suas motivações a participação de um dos autores no curso “Expresso Alegria” (2017), que resultou na cidade de São Mateus - ES o “Expresso Gargalhada”, grupo este que tem atuado no Hospital Público Roberto Arnizaut Silvares (HRAS). A oportunidade permitiu a observação in loco da importância deste trabalho, e também os desafios que estão inseridos nele, pois cada ala hospitalar, quarto e paciente conclamam interações diferentes. Além da mudança do ambiente com a presença do “doutor” do humor, também se observa a reação dos pacientes, acompanhantes, profissionais da saúde, incluindo os funcionários, desde a entrada na portaria.

No transcorrer deste artigo será corrente o termo “Doutores da Alegria”, mas como exposto no parágrafo anterior são várias as nomeações, em diferentes partes do país e do mundo, pois cada localidade tem as suas especificações e o público alvo a ser atendido. Alguns grupos se especializaram com intervenções de rua, nas escolas, presídios, orfanatos, casas de repouso, clínicas psiquiátricas, áreas de conflito militar, mas a presente pesquisa teve como foco a área hospitalar atentando para os efeitos benéficos na saúde dos pacientes.  

        A participação dos “Doutores da Alegria” dentro do ambiente hospitalar proporciona uma ação terapêutica que vai além da melhora física e psicológica dos pacientes, ocorre também uma melhora do ambiente de trabalho para a equipe médica, trazendo uma leveza na interação equipe técnica-paciente e na relação entre os membros da equipe, em outras palavras, ocorre uma humanização no trabalho hospitalar. Pode-se dizer que esse trabalho é uma aplicação prática da Política Nacional de Humanização (PNH), também conhecida como HumanizaSUS. Lançada em 2003, busca estimular uma melhor comunicação entre os gestores, trabalhadores e usuários do Sistema Único de Saúde, dando a todos os envolvidos autonomia e corresponsabilidade na gestão do cuidado e nos processos do trabalho. Através do trabalho coletivo e inclusivo ocorre a promoção da saúde (BRASIL, 2013).  

Tendo-se em vista que inúmeras pessoas estão temerosas quanto ao futuro incerto, em que as notícias da mídia são desanimadoras e adoecedoras, no ambiente hospitalar o palhaço surge, respeitando as restrições impostas, com sua arte e peripécias que resultam em efeitos positivos para os hospitalizados. O lúdico promove o  bem-estar tão necessário para o aumento da imunidade física e emocional, não somente no tempo presente, mas no futuro próximo em que as terapias e tratamentos têm que andar de mãos dadas visando a melhora para o paciente.

Utilizou-se a Psicanálise como norteadora para direcionar a relevância do humor, como complemento ao tratamento hospitalar, a fim de disponibilizar uma revisão bibliográfica para contribuição e entendimento da importância desses profissionais, os Doutores da Alegria, como auxílio no tratamento, não só do corpo (soma) como também da psique.

O artigo foi produzido como resultado do Trabalho de Conclusão de Curso de Psicologia. O objetivo geral do estudo foi discutir como a atuação do palhaço no hospital pode contribuir no processo de melhora dos pacientes hospitalares pela ótica da Psicanálise. De forma específica: a) apresentar as ações dos Doutores da Alegria nos hospitais; b) explorar o conceito de Chistes na Psicanálise; c) descrever a ação do lúdico a partir da Psicanálise.

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