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Olhas Existencialista

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Por:   •  21/10/2013  •  4.549 Palavras (19 Páginas)  •  362 Visualizações

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REFLEXÕES SOBRE A CONDIÇÃO DO JOVEM INFRATOR A PARTIR DO OLHAR EXISTENCIALISTA DE SARTRE

Jussara Teresinha Henn

RESUMO: Esta pesquisa bibliográfica objetiva compreender um pouco mais sobre o fenômeno violência e como esta permeia a existência do ser no mundo, relacionando aspectos sócio-econômicos e enfatizando que o sujeito é um ser em relação, mais especificamente aqui, neste estudo, tal fenômeno será analisado em relação à adolescência, pois muitas vezes o adolescente opta pela violência como a única possibilidade de existir em meio as inúmeras formas de escassez no mundo partindo de uma escolha alienada. Esta compreensão está pautada nos pressupostos filosóficos de Jean Paul Sartre, no que compete aos pressupostos teórico-filosóficos de fragmentos de sua obra Saint Genet – Ator e Mártir, a qual explicita de forma muito clara o conceito de liberdade de escolha. Pode-se ressaltar que a transformação desta condição somente ocorrerá, a partir do momento em que o jovem e a sociedade deixar de pensar e agir como vítimas do contexto sócio-histórico por meio de uma consciência mais reflexiva, sobre seus atos. Para o próprio Sartre, liberdade está sempre relacionada e com limites, uma vez que, o homem, é o único que pode transformar sua realidade por meio de suas escolhas. O que seria liberdade para Sartre? Ser livre é fazer escolhas concretas através de uma ação, da tomada de uma decisão. Ser livre é estar num campo de resistência do mundo.

PALAVRAS – CHAVES: Adolescência, Violência, Existência.

Introdução

Este artigo tem como objetivo realizar uma breve análise sobre o tema do jovem que comete algum tipo de infração e, portanto, encontra-se segundo a ciência jurídica, em Conflito com a Lei. Pautaremos nossa pesquisa bibliográfica, nos pressupostos teórico-filosóficos do Existencialismo Moderno, de Jean Paul Sartre, bem como, teceremos algumas considerações a partir de sua obra intitulada Saint Genet – Ator e Mártir (1950), não cabe, aqui, uma análise da obra, mas sim, um recorte, do fenômeno violência , vivenciado por Genet em uma época específica, bem como, um olhar geral para o mesmo fenômeno, hoje na sociedade em que estamos inseridos.

Antes de iniciarmos a análise sobre o tema proposto, destacaremos o que o próprio Sartre, escreveu sobre a intenção de sua obra:

Indicar os limites da interpretação psicanalista e da explicação marxista, afirmar que só a liberdade pode tornar inteligível uma pessoa em sua totalidade, mostrar essa liberdade em luta com o destino – primeiro, esmagada por suas fatalidades, depois, voltando-se para elas, digerindo-as pouco a pouco – provar que o gênio não é um dom, mas a saída que se inventa nos casos desesperados, descobrir a escolha que um escritor faz de si mesmo, da sua vida e do sentido do universo, até nas características formais do seu estilo e da sua composição, até na estrutura das suas imagens e na particularidade dos seus gostos, traçar detalhadamente a história de uma libertação: foi isso que desejei (2002, p. 546)

Sartre teceu uma análise existencialista da vida de Genet, aquele que, durante muitos anos experimentou o abandono pessoal e social como uma forma de existir, “apenas com sua existência, ele já perturba a ordem natural e a ordem social” (Sartre, 2002, p.20). Para Schneider (2008), Sartre mostra em sua obra, uma compreensão existencialista do processo de constituição da personalização de Genet, enquanto alguém que está situado em um contexto sócio-histórico.

Sobre Jean Genet

Quem foi Jean Genet? Ainda bebê, fora abandonado por sua mãe e confiado à Assistência Pública, aos sete anos, fora adotado por um casal de camponeses do interior da França e recebera desta família uma educação pautada em valores religiosos tradicionais e rígidos. Na época, era hábito dos camponeses daquela região, adotar crianças abandonadas, pois contavam com ajuda financeira do Estado e ainda tinham como utilizar estas crianças como ajudantes na lavoura.

Aos dez anos de idade, Genet passa a existir para o Outro, para a sociedade local, para os demais meninos de sua idade, com uma nova identidade, a de ladrão.

O menino brincava na cozinha; de repente, notou a sua solidão e foi tomado de angústia, como sempre. Então, ele se “ausentou”. Uma vez mais, mergulhou numa espécie de êxtase. Agora, não há mais ninguém ali, uma consciência abandonada reflete os utensílios. Eis que uma gaveta se abre, a mãozinha avança […] (SARTRE, 2002, p. 29)

De repente, uma voz o define por meio de uma frase:

[…] Você é um ladrão (SARTRE, 2002, p. 29)

O que eu faço com o que fizeram de mim?

De acordo com Schneider (1977), para Sartre, Genet escolhe-se ladrão. Para compreendermos tal afirmativa, precisamos entender a concepção Sartriana de homem e aqui nos pautaremos novamente nos escritos de Schneider (1977) que diz, Sartre apoia-se na visão antropológica de que o homem só pode ser compreendido a partir de sua história individual, levando-se em consideração as questões sociais e culturais de sua época. Desta forma, podemos dizer que o homem se faz e é feito nesta relação com o mundo, numa dialética consigo e a sociedade, a fim de transformá-las, é a lógica da ação, sempre recomeçada.

Cabe-nos aqui, refletirmos sobre o que é que Sartre quis dizer quando, referiu-se a escolha de Genet, em tornar-se um ladrão. Ainda conforme Schneider, (1977), quando o homem escolhe, este ato não é gratuito e nem determinante de seu desejo, mas, uma escolha que se apresenta a partir de possibilidades e frente as quais o homem não pode deixar de escolher, pois não escolher já é uma escolha.

A escolha de Genet, foi pautada na sua própria situação quando comparada com a de outras pessoas que viviam naquela comunidade, pois no contexto sócio-econômico em que estavam inseridos, eram definidos a partir de suas posses, ou seja, prevalecia a premissa de que para ser, tinha que ter. O que estava impresso nos valores daquela sociedade onde as pessoas eram definidas em função das terras herdadas, era a forma de existir, as terras herdadas eram carregadas de um modo de ser.

Para a Psicologia Existencialista, entende-se por existir, sair de si, transcender,

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