Os Sentidos trans-histórico e histórico do trabalho e sua importância para o psicólogo
Por: Jéssica Menezes • 1/4/2018 • Resenha • 1.126 Palavras (5 Páginas) • 1.108 Visualizações
Os sentidos trans-histórico e histórico do trabalho e sua importância para o psicólogo – Maria Elizabeth Antunes Lima
O trabalho é visto como trans-histórico pois é uma categoria eterna, inseparável do homem, insuperável em todos os modos de produção já existentes e que ainda virão. Assim, sua finalidade é a auto-construção humana, pois o homem é o único ser que cria a si próprio, que se auto-constrói.
Lukács diz que o trabalho é ontológico ao homem, sendo mediador entre a sociedade e a natureza. É visto então como um complexo originário, categoria fundante do ser social.
Lukács afirma que a categoria trabalho é intermediária: liga pontas diferentes – a ponta da natureza com a ponta da humanidade.
Apoiado em Marx, Lukacs diz que o homem tem um duplo domínio sobre a naturalidade, quando, através do trabalho, transforma a natureza e ao mesmo tempo a própria natureza do homem. O homem enfrenta a natureza com seu equipamento físico e mental, e assim transforma a matéria natural em uma forma mais útil à sua própria vida.
Complexo teleologia/causalidade na atividade humana:
Há uma dimensão teleológica no trabalho: há uma prévia ideação daquilo que se deseja realizar, uma operação da consciência. Assim, o homem não apenas efetua uma transformação da forma da matéria, pois isso o animal também faz, ele a partir da sua subjetividade realiza uma materialidade objetiva. A subjetividade é realizada na objetividade.
Trabalho: inter-fluxo entre objetividade e subjetividade.
Todo ato humano é uma objetivação da subjetividade num mundo real.
Causalidade: dimensão do trabalho que não está ligado ao “trabalhador” (este é da telealogia), e sim no objeto pelo qual se trabalha, na matéria-prima. A causalidade está nos nexos lógicos que são próprios do objeto sobre o qual se trabalha (ao fazer queijo, não buscarei por areia).
A relação entre a causalidade e a teleologia, segundo Lukács, está na estrutura dinâmica do trabalho, consequentemente na atividade humano-social. Para ele, o resultado de um trabalho seria a causalidade posta, ou seja, uma causalidade é posta em movimento e que se move pela via de mediação de um fim, objetivo humanamente configurado.
Trabalho é uma atividade específica do homem?
Sim, o homem trabalha, enquanto o animal tem apenas atividade. O animal se reproduz, mas reproduz sempre o mesmo, enquanto o homem sempre reproduz um outro. Enquanto o animal apenas reproduz a si, produz algo pertencente imediatamente ao seu corpo físico, o homem reproduz toda a natureza, ele é livre perante seu produto.
Sobre a reprodução do homem, Chasin aborda dois aspectos:
Reprodução biológica: que é basicamente a mesma que ocorre com o animal;
Reprodução social: reprodução tipicamente humana, é sempre a reprodução do outro.
No fim do processo do trabalho, obtém-se um resultado que foi planejado, idealizado desde o início na imaginação do trabalhador.
É possível admitir o fim do trabalho?
Não. Segundo Chasin, o trabalho é peça ontologicamente estruturante do ser social. Não existe homem sem trabalho. Ele sendo uma mediação entre a natureza e o homem, e o homem não sobreviver sem a natureza, o trabalho não pode deixar de existir.
Configurações históricas do trabalho:
A comunidade primitiva é a forma mais antiga que se tem notícia. O homem tem disponível o meio de trabalho imediatamente dado, que é a terra, mas faz uso pela intermediação da comunidade. Todos são iguais entre si, é uma comunidade cooperativa e solidária, mas o indivíduo é escravo dela, não há individualidade. (“Quanto mais a gente recua, quanto mais a gente remonta nos tempos mais remotos, tanto menos indivíduo a gente encontra”.) Marx qualificou de “sistema de rebanho”, pois os indivíduos estão em uma relação de total identidade, real ou pretendida, com a comunidade a que pertence.
Há uma dupla unidade: relação que os indivíduos mantêm entre si e com as condições de sua própria atividade. O indivíduo, sua atividade e o conjunto social nessa forma de comunidade, estão indissolúveis.
Na comunidade antiga clássica há uma mudança da vida agrária para uma predominantemente urbana, há o intercâmbio societário, não mais as relações apenas de sangue ou tradição. Os membros da comunidade são efetivamente proprietários e não apenas possuidores. Há, pela primeira vez, a figura de Estado. Riqueza não é o determinante da produção social, será apenas para uso próprio e a produção de riquezas pelo comércio é acidental.
...