Pós-graduação em Neurociência e Psicologia Aplicada
Por: Jorge Borges • 27/6/2021 • Artigo • 596 Palavras (3 Páginas) • 217 Visualizações
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Pós-graduação em Neurociência e Psicologia Aplicada
Trabalho, Motivação e Stress
Resenha: Ostracismo via sala de bate-papo virtual - efeitos sobre as necessidades básicas, raiva e dor
Jorge Humberto Borges da Silva[1]
Esse texto apresenta algumas contribuições descritas no artigo descrito nas referências, relacionando com situações de ostracismo que podem ser observadas no ambiente acadêmico ou de trabalho. O ostracismo caracteriza-se como dor social provocada por ser excluído e ignorado. O referido artigo descreve o estudo da realização de um experimento de interação social utilizando um paradigma de sala de bate-papo virtual para indução do ostracismo social em um procedimento experimental realista, mas controlado, e avaliação dos efeitos em participantes na expressão de necessidades sociais básicas, experiência emocional e sentimento doloroso.
Na sala de bate-papo foram promovidas interações controladas de diálogo social entre os participantes e dois outros parceiros da sala (confederados). Por meio da variação do número de mensagens recebidas pelo participante, manipulou-se a exclusão (15%) ou inclusão social (33%). A partir da análise das respostas dos participantes (N = 54) verificou-se que os participantes que se sentiram excluídos ativaram áreas associadas aos sentimentos de tortura, mágoa e raiva, além de baixa autoestima, quando comparado com os participantes incluídos. Os resultados sugerem que este paradigma é eficaz na indução do ostracismo social em um procedimento experimental realista, mas altamente controlado. O paradigma proposto não permite conversas autogeradas, garantindo um controle adequado de vieses e maior acessibilidade a experimentos usando medidas neurais ou fisiológicas. Conclui-se que, mesmo de forma parcial, podemos ser alvo de ostracismo social em ambiente virtual (DONATE et al, 2017).
A humanidade é uma espécie com tendência gregária, por isso, nossas emoções são influenciadas pelas relações sociais. Nosso cérebro pode identificar e reagir mesmo às emoções sutilmente expressadas por outras pessoas. Praticamente os mesmos circuitos cerebrais são ativados nas sensações de prazer ou desprazer quando se compara sensações fisiológicas com as psicológicas. É o caso, por exemplo, do sistema de recompensa que é ativado nas situações em que a fome saciada, mas também quando nos sentimos amados. A pessoas reagem de diferentes formas à exclusão social, podendo gerar sentimentos de solidão, dor, raiva, baixa autoestima, euforia para tentar ser aceito, ou mesmo se fecharem e desenvolverem quadros de sofrimento psíquico (BOGGIO, 2021).
Como parte da temática de estudos relacionados a neurociência social cognitiva, as constatações e os resultados do referido estudo podem ser transpostos para os ambientes acadêmico e de trabalho, seja no ambiente virtual ou presencialmente. Quando em idade escolar ou acadêmica, permanecemos um bom tempo nesses ambientes. Infelizmente, existem relações nesses espaços que refletem muitas violências veladas praticadas na sociedade. A principal é o chamado bulling, uma forma de discriminação e exclusão social, por vezes acompanhada de preconceitos sociais, fenotípicos e culturais, violência verbal, física e psicológica. Da mesma forma, quando em idade adulta, passamos boa parte de nossas vidas no ambiente de trabalho. Aqui, além dos preconceitos sociais, fenotípicos e culturais, a violência se especializou nos assédios social e sexual, na violência psicológica e na competição que acaba por promover a sensação de exclusão social. A consequência disso, são empresas com funcionários desmotivados, com queda no desempenho de tarefas, aumento dos quadros de ansiedade, depressão e Síndrome de Burnout.
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