Paisagem Interior

Nossa maior necessidade

Depois de três tentativas enfim consegui. Lá estava eu, parada esvaziando minha mente que ultimamente andava transbordada, muitas coisas, tanto estresse. Admito que depois da aula da semana passada fiquei com medo, mas sabia que minha atitude era necessária, tinha tomado minha decisão precisava por um momento esquecer o meu mundo complicado.

Escolhi uma serra bem atrás da minha casa, um local onde ninguém me incomodaria, para onde fugia na minha infância depois de desentendimentos. Ainda sinto vontade de fazer isso, porém sei que se fugir, quando voltar os desentendimentos e problemas estarão lá, como uma espécie de obrigação, que quando criança não tinha.

Mas voltando ao meu momento (é assim que chamo), ao fechar os olhos não conseguia me concentrar, minha mente permanecia agitada nunca tinha parado para pensar o quanto é confuso o meu pensar, não conseguia parar de lembrar dos trabalhos da escola, nos do estágio, nos meus deveres em casa que tinha que deixar para fazer depois, no meu casamento que se aproxima, ah... São milhares de pensamentos que não tenho o menor domínio. Mas continuei.

Na segunda vez quase decidi ir para casa, voltar para meu mundo, só que no mesmo instante percebi que não valeria a pena, que tinha que caminhar mais um pouco pois só os pensamentos que tenho não resolvem nada, precisamos agir, também não queria perder a oportunidade de sentir-me diferente. Caminhei uns três minutos e avistei uma pedra onde tinha sombra, no início foi só para descansar não era o local que tinha imaginado para tentar encontrar a tão esperada luz, mas sem planejar acabou acontecendo, depois de sentar e de um longo suspiro de cansaço fechei os olhos, relaxei e esvazie minha mente e por um breve momento me senti leve, calma, como se não tivesse nenhum problema, como se a vida se resumisse naquela paz, é quase impossível à descrição daquele meu momento.

Era como se a luz iluminasse meus pensamento, aquela paisagem interior aliviava a pressão do meu corrido dia-a-dia, além dessa sensação percebi que quanto mais o homem se afasta da natureza ele cria necessidades e “obrigações” supérfluas e uma consequência disso é a falta de tranquilidade, ao deixarmos de lado a natureza passamos a dar valor às coisas materiais, gerando assim nossas preocupações.

Fomos corrompidos pelo luxo que somos rodeados, infelizmente foi escolha do homem afastar-se da natureza, agora o abandono do mundo agitado que vivemos não é algo simples, requer muito esforço, esforço esse que estou dedicada a realizar, pois assim como temos precisão de coisas superfulas, nasce hoje em mim uma necessidade de envolver-me mais com a natureza, ter outros momentos como o que passei, vale a pena, realmente relaxa a alma.