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Pinel, Basaglia e Delgado. Um breve resumo da participação na história da saúde mental.

Por:   •  7/8/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.320 Palavras (6 Páginas)  •  289 Visualizações

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Pinel, Basaglia e Delgado. Um breve resumo da participação na história da saúde mental.

Como toda história sobre a loucura, antes de ser um problema, viveu livremente em nossa sociedade como sendo parte do convívio das pessoas, parte das experiências do ser humano e circulava pelas ruas sendo tema de expressões artísticas, como peças de teatro, literatura, romances. Loucos conhecidos e que produziam algo para sociedade. Em um certo momento da história, a loucura é conhecida como o oposto da razão e os loucos que eram considerados estranhos eram levados para o Navio dos Loucos ou Nave dos Loucos. As pessoas consideradas loucas eram colocadas nesse navio com a ideia de que seriam purificadas pelas águas.

Em um determinado período da história a loucura propriamente dita começa a ser trancafiada. Tudo começou com uma ideia de se tratar a lepra que hoje conhecida como Hanseníase, que começa a aumentar muito na Europa criando assim os leprosários, uma espécie de local para conter a doença com objetivo de afastar essas pessoas da sociedade e não necessariamente com intuito de curá-las. Foi através desses leprosários que começaram a pensar sobre o hospital geral, com a ideia de hospedar e recolher as pessoas da rua. Depois de controlado o tratamento da lepra esses espaços se tornam também um local para tratamento de doenças venéreas e para os loucos que não se ajustam a sociedade.

As pessoas que demonstravam um comportamento ou expressões que condiziam com a falta de razão passaram a ser consideradas loucas, chamadas de Alienados Mental. Esse termo foi desenvolvido por Philippe Pinel que começa a inserir a medicina com o intuito de tratar a loucura. Pinel resolve tratar os loucos do hospital de Bisetrê, libertando das correntes, propondo que essas pessoas sejam reeducadas socialmente, através do controle social e tratamento moral dentro de instituições. Pinel não era psiquiatra e também não tinha a ideia de acabar com as instituições, mas sim propor tratamentos que eram mais humanizados para época. As instituições para onde esses alienados metais iriam, seriam para disseminar valores como religião, trabalho e família.  Uma das propostas de tratamento de Pinel eram relacionadas com banhos de agua fria e camisas de força. O modelo de Pinel provoca discussões para falar sobre questões como isolar, conhecer e tratar essas pessoas considerada loucas e também para fazer um marco da importância do hospital e o saber médico em relação aos corpos das pessoas.

Em 1841 foi criado o primeiro hospício no Brasil, por Decreto Imperial, durante o Brasil Colônia inspirado pelas ideias de Philippe Pinel, sendo inaugurado somente em 1852 recebendo o nome de Pedro II, onze anos depois do decreto, na capital do Rio e Janeiro. O hospício passa ser um local de classificação, diagnóstico e tratamento para os loucos e o médico aquele que possui a verdade sobre a doença, sobre a loucura e sobre como retirá-la das pessoas. O nome de Pedro II, passa a ser chamado de Hospício Nacional de Alienados. A partir do primeiro hospício criado, foram se criando outros hospícios em diversos locais do Brasil. Em 1889 quando o Brasil se torna República, é que a loucura passa ser tratada pelo discurso, médico e cientifico, passando a ideia de substituir todo tratamento primitivo, vindo de maus cuidados, por um tratamento mais humanizados, mas, sendo que esses “loucos” estavam sendo colocados em locais insalubres. A proposta do isolamento ainda era a visão dos médicos psiquiatras. Durante décadas dentro de hospícios, os loucos eram maltratados e uma maioria ficaram durante suas vidas inteiras dentro deles e os manicômios passaram a ser comparados a campos de concentração, e não só no Brasil como em outros lugares começaram a repensar a psiquiatria e os hospícios, começando assim a surgir novas correntes com novas propostas.

Dentre elas a psiquiatria Democrática que ganha força na Itália com o surgimento do médico psiquiatra Franco Basaglia. Médico italiano que tem toda uma visão diferente sobre a psiquiatria. A coisa importante é que temos demonstrado que o impossível se torna possível. Dez, quinze, vinte anos atrás era impensável que um manicômio pudesse ser destruído Basaglia, (2000).

Em 1971 ele assume a direção do hospital psiquiátrico Trieste, e em 1977 esse hospital é fechado se transformando em um local com outras instituições e organizações como escolas e universidades e até mesmo cooperativas. É muito fácil para a psiquiatria dominante definir o nosso trabalho como desprovido de seriedade e respeitabilidade científica. O juízo não pode nos lisonjear, uma vez que nos une, finalmente, a falta de seriedade e respeitabilidade sempre atribuída aos pacientes mentais e a todos os excluídos. Basaglia, (1968,  p. 9).

Franco Basaglia trouxe a proposta de desconstruir todo o saber psiquiátrico, como sendo soberano e sua principal proposta era substituir os manicômios por serviços extra hospitalares. Para ele a doença não era o problema em si, mas como ela estava sendo compreendida pela nossa sociedade.

No Brasil estava acontecendo movimentos sociais em prol da democracia e um deles era o movimento da Reforma Sanitária. Esse movimento acontecia com o objetivo de rever as questões de saúde no país e principalmente propor transformações.

Em 1978 acontece o grande marco do movimento social pelos direitos dos pacientes com transtornos mentais, surgindo o movimento dos trabalhadores de saúde mental, com intuito de buscar melhoria no tratamento para pacientes e também denunciar os maus tratos causados nos manicômios e hospícios.

Em 1986 acontece a 8º Conferência Nacional de Saúde, o grande marco para criação do Sistema Único de Saúde – SUS. EM 1987 acontece o 2º Congresso dos Trabalhadores de Saúde Mental na cidade de Bauru –São Paulo. Nesse congresso é adotado um lema “Por uma Sociedade sem Manicômios e nesse mesmo ano na cidade de Santos –São Paulo, surge o primeiro CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).

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