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Praticas Emergentes

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Por:   •  30/3/2014  •  3.098 Palavras (13 Páginas)  •  645 Visualizações

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Áreas emergentes na atuação do psicólogo

É conhecido por toda a categoria dos psicólogos que a lei 4119 de agosto de 1962 dispõe sobre os cursos de formação em psicologia e regulamenta a profissão. Ela determina funções privativas do psicólogo e, entre outras, a tríade de títulos que o profissional graduado pode obter: o bacharelado, a licenciatura e o título de psicólogo. O espírito da lei volta-se à formação generalista, à medida que habilita o profissional psicólogo a atuar em qualquer área da Psicologia.

Vinte e três anos após a regulamentação, o Conselho Federal de Psicologia elaborou um documento para integrar o Catálogo Brasileiro de Ocupações do Ministério do Trabalho, onde se identificam as seguintes áreas de atuação: Psicólogo Clínico (onde já se vêem descrições de atividades típicas do que se vem denominando Psicologia Hospitalar ou Psicologia da Saúde), Psicólogo do Trabalho (e não mais portanto psicólogo industrial ou industrialista), Psicólogo do Trânsito, Psicólogo Educacional, Psicólogo Jurídico (ainda sem as atividades típicas do que se está denominando Psicologia Militar), Psicólogo do Esporte, Psicólogo Social e Professor de Psicologia (nível de segundo grau e nível superior). Uma leitura detida nas atribuições destes muitos profissionais com uma mesma habilitação leva-nos a concluir, sem medo, que a prática da Psicologia vem consolidando-se e ampliando-se em nossa sociedade com o passar das décadas. Ao lado das áreas de atuação do psicólogo que podemos chamar de "tradicionais", quais sejam, a clínica, a escolar, a do trabalho e a social, começam a configurar-se "áreas emergentes" no mercado de trabalho.

Ora, a emergência de uma nova área de atuação do psicólogo (e, vale dizer, de qualquer outro profissional) depende em grande parte do trabalho de pioneiros. Ou seja, é na medida em que psicólogos, solicitados a desenvolver determinada atividade, mostram competência nesta atividade, e mesmo a sua viabilidade, é que se abrem possibilidades a novos colegas. Estas possibilidades ampliam-se no movimento de vaivém entre oferta e demanda, típico do mercado de trabalho. No crescendo dessa demanda é que surgem, em geral, as inquietações sobre a formação do profissional que deverá atuar nesta área. Algumas perguntas novas começam a repetir-se cada vez mais insistentemente. A qualificação percebida pelo psicólogo nos cursos de graduação realmente lhe confere uma base sólida para o exercício de qualquer uma destas áreas? Uma vez graduado o recém-psicólogo pode aceitar o encargo de psicólogo do esporte, por exemplo, em um grande (ou pequeno, que seja) time de futebol? Ele dispõe de um rol de conhecimentos e técnicas que lhe permite realizar minimamente seu encargo, enquanto procura por cursos de pós-graduação que lhe possibilitem uma especialização? As interrogações multiplicam-se e detêm-se, em geral, nos currículos. De que forma esta área emergente relaciona-se com as demais disciplinas ? Cabe propor uma mudança curricular de forma a incluir novas disciplinas? Ou seria esta nova área deixada a cargo de cursos de especialização? Como contemplar tal área nos estágios?

Sem pretender propor respostas a tais questões, faremos em seguida algumas considerações que, muito mais do que indicar caminhos, tem por objetivo suscitar reflexões.

Áreas emergentes e reformas curriculares

Os currículos plenos dos cursos de Psicologia foram, de um modo geral, elaborados visando à formação do psicólogo "generalista", seguindo aí o espírito da lei que regulamentou a profissão. Isto é, os cursos privilegiam o conhecimento genérico em temas psicológicos, proporcionando uma formação científico-metodológica e o desenvolvimento de habilidades técnicas que serão úteis nas intervenções do psicólogo em geral, sem a delimitação de áreas de atuação específicas. Sabemos, no entanto, que embora não sendo voltados para a formação específica, os cursos de Psicologia organizam-se segundo elencos de disciplinas que vêm a configurar as áreas de atuação do psicólogo que, até então, têm sido as principais: clínica, trabalho, escolar e social.

Em análise realizada por Bastos & Gomide dos resultados da pesquisa feita pelo CFP entre 1986 e 87, visando obter o perfil do psicólogo brasileiro, estes autores constataram, no que diz respeito à formação profissional, um alto grau de insatisfação (mais de 50% da amostra) com a fundamentação filosófica, metodológica e científica adquirida na graduação. Esta insatisfação é ainda maior quando se refere à experiência científica. Com relação aos conhecimentos mais diretamente ligados a uma determinada área de atuação profissional, o índice de insatisfação decresce, principalmente na prática da psicologia clínica, aumentando um pouco nas áreas escolar e organizacional ou do trabalho. Ou seja, a satisfação dos ex-alunos com os conhecimentos referentes a atuações específicas é maior do que com os conhecimentos mais genéricos e fundamentais, sobretudo aqueles ligados à fundamentação científico-metodológica. Nesta análise, é interessante notar também que, com o passar dos anos, essa defasagem aumentou, isto é, relativamente aos colegas formados anteriormente, os psicólogos formados a partir dos anos 80 avaliaram mais positivamente os conhecimentos voltados para a prática clínica e escolar e mais negativamente a fundamentação filosófica, científica e metodológica (Bastos & Gomide, 1989: 13).

Nos resultados desta pesquisa as "áreas emergentes", relacionadas no documento do CFP, ainda não são mencionadas, estando certamente incluídas na categoria "outras". A concentração de psicólogos por área de atuação apresenta variações segundo as regiões, mas em todas elas prevalece a área clínica. O que evidentemente é de se esperar à medida que a representação social da Psicologia se constitui em torno da imagem da Psicologia Clínica, que por sua vez, se acha melhor constituída dentro das instituições de ensino. Desta forma, a maioria dos alunos de Psicologia acaba sendo atraída pela formação clínica, seja a psicoterapia "de consultório", especificamente, sejam os seus desdobramentos, como a Psicologia Hospitalar, a saúde mental no trabalho, entre outros. Consideramos, por todos estes motivos, que a clínica ainda é o grande aglutinador das diferentes áreas de atuação do psicólogo.

Mas neste ponto voltamos às nossas interrogações iniciais: a constatação de áreas emergentes no mercado de trabalho deveria refletir

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