Processos Grupais Análise do Filme: "12 Homens e Uma Sentença"
Por: Itsmenanaf • 19/6/2022 • Trabalho acadêmico • 2.660 Palavras (11 Páginas) • 131 Visualizações
1 – Introdução:
Este trabalho possui como objetivo correlacionar as relações interpessoais dos 12 jurados dentro do cenário do filme “12 homens e uma sentença” com base teórica aos processos grupais propostos por Kurt Lewin e Pichón-Riviéri, tendo como pré-estabelecido as teorias e como as relações interpessoais se estabelecem dentro de um grupo de indivíduos.
2 – Descrição do filme:
O filme começa em uma sala de julgamento, onde o juiz fala sobre a importância dessa escolha dos jurados e dali eles vão a uma sala para essa decisão possa ser tomada. A trama mostra os 12 homens tentando entrar com consenso sobre um adolescente que, supostamente matou seu pai com uma facada no peito, e havia algumas testemunhas que disseram ter visto e ouvido o menino no dia do assassinato, embora a versão apresentada pelo julgado seja outra, porém, as testemunhas estavam convictas de que aquele menino era o verdadeiro culpado. Caso julgado culpado ele seria condenado a morte, sendo que a primeira votação do julgamento foram 11 jurados votaram que o réu era culpado e 1 (um) como inocente, onde ocorre a discordância do grupo e a discussão do caso se dá início.
Apesar disso, um dos homens ao ouvir todas as versões discordava de algumas evidências do caso, dado a isso nenhum dos homens poderiam ir para suas casas já que a decisão deveria ser unânime sobre se o menino seria culpado ou não, mas para isso eles precisam argumentar entre si o porquê da discordância entre os demais ali presentes.
Alguns que ali estavam votavam para que pudessem ir para suas residências o mais rápido possível, outras questões pessoais que não foram resolvidas e até mesmo por preconceito social (falando que o menino era da periferia e que as pessoas dali não prestavam), então foram aparecendo os personagens com profissões, classes sociais, histórias de vida totalmente divergentes, mas que suas concepções, interesses e histórias influenciavam suas decisões.
O grupo abria mais espaço para o caso ser discutido e a cada evidência discutida com a possibilidade de erro que poderia estar imposta ali, os que julgaram “culpado” foram alterando o seu voto para "inocente", tal mudança não foi imposta de maneira racional, com um olhar mais crítico e amplo para que pudessem conseguir reproduzir o que aconteceu naquela fatídica noite e que caso não fossem possíveis olhar de uma maneira racional, deixariam consequências graves para o réu.
3 – Análise do caso em base teórica de Pichón-Riviéri:
Com a aplicação de Pichón-Riviéri (2005) sobre do que se trata um grupo, é visível a percepção de que o grupo de jurados corresponde a esse conceito, sendo um grupo de pessoas que estão realizando uma tarefa que tem um objetivo em comum, julgar o réu inocente ou culpado.
Uma situação que ocorria durante o filme e que há de ser destacado são as mudanças de opiniões ocorridas durante o processo de desenvolvimento de decisões dos jurados, pois iam se alterando de acordo com as propostas e argumentos apresentados para eles, fazendo desse modo com que o grupo se fizesse saudável e dialético. (AFONSO et.al 2009).
A alteração de humor do jurado número 3 (três) que ficava irritado por conta da mudança de posição de um colega, pode ser encaixado na descrição de Castanho (2012) de negação que seria uma forma de enfermidade do grupo. Segundo Pereira (2013):
“destaca a técnica de grupo operativo, algo que ocorreu quando os 12 homens de diferentes profissões e classes sociais estão postos numa sala para decidir o destino de um rapaz que foi acusado de homicídio contra o próprio pai começam a dialogar e trocar informações, sendo coordenados pelo jurado número 1 (um), sobre o porquê o rapaz era culpado ou inocente. Valendo ressaltar que a técnica de grupo operativo é não diretiva e que os indivíduos vão superando os obstáculos para que desse modo todos possam entrarem comum acordo como que por fim os jurados vão jurados tem a intenção de solucionar o problema mostrando seus pontos de vista e desenvolvendo argumentos para que desse modo mostrem seu lado para os outros.”
Nos grupos operativos temos presente também a abertura de dúvidas e inquietações, e podemos observar que no filme, os questionamentos começaram a surgir quando um dos dozes homens se posicionou discordando da opinião de todos, que particularmente eram todas iguais, exceto a deste homem, que não aceitou que o rapaz fosse acusado antes de analisar cada contexto do acontecimento. A partir deste momento de discórdia, grandes debates e reflexões começaram a surgir entre os 12 homens.
Pode-se observar que mediante a este caso houve presente o conceito da tarefa explícita, pois gerou aprendizagem entre os envolvidos, com o intuito de avaliar o caso com mais atenção. A tarefa implícita que é analisada na cena do filme se trata de como cada integrante vivencia naquele contexto que está inserido.
No filme, entende-se que, é preciso que seja tomada uma decisão em grupo e que os doze homens precisam entrar em um acordo, porém esta tarefa se torna difícil quando um deles tem a opinião diferente dos demais, isso se dá devido ao esquema conceitual referencial operativo, que é formado por nossas crenças, valores e o que acreditamos, pois cada um possui um ECRO diferente. Pichon nos diz que nos relacionamos com ECRO dentro de um grupo, a coletividade é favorável para contribuições diferentes em uma tarefa.
O ECRO é presente no filme inteiro, pois os doze homens selecionados para decidirem a causa judicial são totalmente diferentes, cada um com suas fantasias e ideias a serem expostas diante de um caso que é preciso ser decidido em conjunto.
“A partir da elaboração do seu Esquema Conceitual Referencial Operativo (ECRO), Pichon-Riviére aprofundou os estudos dos fenômenos que surgem no campo dos grupos que se instituem para a finalidade não de terapia, mas de operar numa determinada tarefa objetiva, como, por exemplo, ensino-aprendizagem. (Contribuições teóricas e grupo operativo com pré-adolescentes,
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