TEORIAS E TÉCNICAS EM PROCESSOS GRUPAIS Entrevista – Psicólogo de grupos
Por: joice86 • 15/11/2015 • Trabalho acadêmico • 1.726 Palavras (7 Páginas) • 1.043 Visualizações
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CURSO DE PSICOLOGIA
TEORIAS E TÉCNICAS EM PROCESSOS GRUPAIS
Entrevista – Psicólogo de grupos
JOICE MIRANDA DE ALBUQUERQUE RGM 136964-4
LILIAN CRISTINA NOBUMITSU LEÃO RGM 137190-4
TURMA 5º E
PROFESSOR MS. ROBERTO MAC FADDEN
Pesquisa de campo:
Para a realização do trabalho proposto, entrevistamos a psicóloga Ana Paula com onze anos de experiência em psico-oncologia, do instituto Oncoguia, uma associação sem fins lucrativos, criada e idealizada com o objetivo de ajudar o paciente com câncer e a população como um todo a viver melhor por meio de ações e estratégias de prevenção e promoção à saúde, bem-estar, qualidade de vida e do fomento da conscientização para a adoção de uma postura ativa e responsável em cidadania, voltada para o autocuidado em saúde.
Ana nos relatou sua experiência com grupos temáticos, participantes de um programa criado por ela para fomentar discussões focadas na parte educativa, informativa e também, aspectos relacionados às emoções, onde sempre eram utilizados alguns textos para embasar as discussões.
No entanto, seu trabalho preferido é o relacionado aos grupos terapêuticos, onde as discussões são conduzidas com o que é trazido pelo paciente, de acordo com a demanda. Como seu trabalho é na área de oncologia, também tem experiência como co-terapeuta de grupos focais, mas neste caso, após as sessões, ela fica sempre com a impressão de que o paciente sai do encontro precisando de um acolhimento, ou um acompanhamento posterior.
Em seus atendimentos, os grupos focais e os temáticos são formados de acordo com as especificidades da patologia, por exemplo: grupo de apoio para pacientes com câncer de mama; para pacientes com câncer de estômago, etc... Os gêneros não são limitados, assim, tanto homens como mulheres podem participar dos grupos quando as inscrições são abertas.
Em relação aos grupos terapêuticos, o único critério é que o sujeito seja paciente de qualquer tipo de câncer. Nesse tipo de grupo, lidam muito com a demanda trazida no dia a dia. No caso de pacientes em tratamento, existem muitas especificidades, então não há necessidade de dividir os participantes por sexo ou idade. Criam um grupo heterogêneo, acolhendo todas as pessoas que chegam até o instituto.
Todos esses grupos têm um tempo pré-determinado para acontecer, pois em oncologia, é muito importante para o paciente saber que se envolverá em algo que terá início, meio e fim.
Em sua opinião, a maior dificuldade nos trabalhos em grupos oncologicos é a adesão dos pacientes, pois muitos se encontram em tratamento e, por diversas vezes, não conseguem comparecer aos encontros por conta dos efeitos da quimioterapia. São pacientes com a saúde muito fragilizada, que não raramente morrem durante o processo.
Quando aderem aos grupos, os vínculos que estabelecem são muito interessantes. Ela diz que é possível observar a dinâmica das pessoas, pois elas se comportam no grupo como em sociedade, em suas famílias. Assim, se no grupo existe dois líderes, o terapeuta precisa ter um manejo mais assertivo.
Ao chegarem para a sessão, os pacientes sentem que são as únicas a viver aquela situação e, conforme observam que outras pessoas sentem o mesmo que ela, que passam por situações semelhantes ou ainda, quando percebem que há pessoas para escutar o que elas querem dizer, isso já faz muita diferença para ela. Sentem-se pertencentes a um grupo.
Ana destaca que no nosso processo de desenvolvimento, sempre buscamos essa identificação e pertencimento a grupos, fato facilmente observado na adolescência, com a formação das turmas, tribos, dentre outras, mas que ocorre e todas as fases da vida.
Em seu trabalho, segue uma abordagem psicanalítica, com as teorias de Pichon Rivière e o método Simonton, específico da oncologia.
Referências:
PICHON E OS TRABALHOS EM GRUPOS
Henriques Pichon Revière, foi um médico psiquiatra e para a prática da sua profissão dividiu sua área de estudo em psicanálise e psicologia social, realizou ações como a fundação da escola psicanalítica na argentina e instituto argentino de instituto social. Foi autor de grandes obras para o estudo da psicologia social de grupo.
Principais Teorias:
Teoria de grupo operativo: Esta teoria aparece a partir de uma experiência no hospital de Mercedes em Buenos-Aires, na ocasião de uma greve na enfermagem que consistia na teoria do atendimento dos pacientes portadores de deficiências mentais no que diz respeito a medicação e aos cuidados de uma maneira geral. Diante da ausência do pessoal de enfermagem, Pichon-Revière propôs para os pacientes menos comprometidos como assistente para com os mais comprometidos, essa experiência foi muito produtivo para ambos os pacientes, porque permitiu a maior identificação entre eles (cuidadores e cuidados) e pode-se estabelecer uma parceria de trabalho, fazendo uma troca de posição de lugares, trazendo como resultado uma melhor integração.
Teoria de terapia de grupos: Pichon Revière começou a trabalhar com os grupos na maneira em que observava na influência dos pacientes. A sua prática psiquiátrica esteve subsidiada principalmente para psicanálise e pela psicologia social sendo ele fundador da escola psicanalítica isto na Argentina (1940) como instituto Argentino de estudos sociais (1943).
Nessa teoria, o objetivo de formação do profissional deve instrumentar o sujeito para uma prática de transformação de si, dos outros e do contexto em que estão inserido. Defende ainda que a ideia de que a aprendizagem é sinônimo de mudança, e na medida em que deve haver uma relação dialética entre o objeto e o sujeito e não uma visão unilateral, exteriorizada e cristalizada.
Teoria de vínculo: Para Pichon-Revière tem um carácter social na medida em que compreende que sempre há figuras internalizadas presentes na relação, quando duas pessoas se relacionam ou seja uma estrutura triangular. O vínculo é bi corporal e tri-pessoal isto é, em todo vínculo há uma presença sensorial corpórea dos dois, mas há uma personagem que está interferindo sempre em toda relação humana, que é o terceiro, neste sentido, vínculo é uma estrutura psíquica complexa.
Teoria de Campo e de Sistemas: Para o Pichon Revière o processo grupal caracteriza-se por uma dialética na medida em que é premiada por contradições, sendo que a sua tarefa principal é justamente analisar essas contradições. O autor utiliza estruturação, reestruturação de um grupo que é um cone invertido.
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