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Psicalise Vida e Apego

Por:   •  12/9/2016  •  Dissertação  •  1.781 Palavras (8 Páginas)  •  230 Visualizações

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BOWLBY: A TEORIA DO VÍNCULO E DO APEGO

Anotações realizadas pela Profa. Cláudia Sandroni


Bowlby baseou-se na Psicanálise e na Etologia para a formulação da Teoria do
Vínculo.
Tem o mérito de propor um novo paradigma que compreende os aspectos afetivos
e comportamentais do vínculo, sublinhando as origens evolutivas e os
objetivos biológicos do comportamento.

A espécie humana caracteriza-se por a sobrevivência das crianças depender da
manutenção da proximidade de adultos que desempenhem funções de proteção e
fornecimento de alimentação, conforto e segurança. Perspectivando a sua
teoria numa base etológica, defende que a tendência em estabelecer vínculos
com determinados indivíduos é um componente básico da natureza humana, que
está presente desde o nascimento.

Bowlby definiu na sua obra Apego (1984), o vínculo como um laço
relativamente duradouro que se estabelece com outro. O apego é a disposição
para buscar proximidade e contato com uma figura específica, e o seu
objetivo central é a busca do sentimento de segurança, tendo como base o
conceito de base segura, que vai proporcionar um determinado tipo de
exploração do meio. Há que sublinhar que tanto o vínculo afetivo como o
apego, são estados internos. Os comportamentos de apego, por sua vez, são
observáveis e organizados nas relações das crianças com seus cuidadores,
permitindo que a criança consiga ter e manter a proximidade. Tais
comportamentos podem ser muito variados, sendo alguns dos mais comuns
chorar, chamar, balbuciar, sorrir e agarrar-se.

A tese de Bowlby é a de que tais laços surgem de uma necessidade de
segurança e proteção; eles iniciam cedo, são dirigidos a poucas pessoas e
tendem a durar por uma grande parte do ciclo vital. Formar laços com pessoas
e objetos significativos é considerado um comportamento normal não só entre
crianças, mas também entre os adultos. Bowlby argumenta que o comportamento
de apego tem um valor de sobrevivência, destacando a ocorrência deste
comportamento nos filhotes de quase todas as espécies de mamíferos
estudadas. Mas ele vê o apego como algo distinto do comportamento alimentar
e sexual: o apego tem algo de grandioso e insubstituível no comportamento
emocional. Quando a figura de ligação desaparece ou está ameaçada, a
resposta é de intensa ansiedade e forte protesto emocional.

Se o objetivo do comportamento de apego é manter um laço afetivo, situações
que colocam em perigo esse laço dão origem a determinadas reações muito
específicas. Quanto maior o potencial para a perda, mais intensas e variadas
serão estas reações. Nessas situações, todas as formas mais poderosas de
ligação são ativadas: agarrar-se, chorar e até a coerção raivosa. Quando
essas atitudes são bem sucedidas, a ligação é restaurada, cessam ações e o
estado de estresse e ansiedade são aliviados.

Bowlby sugere que a principal função dos comportamentos de vinculação é uma
função biológica de sobrevivência e proteção e deve ser compreendida à luz
de uma perspectiva evolutiva.

A sua ativação depende de condições como o estado da criança, a localização
e comportamento da mãe e as condições ambientais.


Bowlby estabelece quatro fases do apego, a saber:

1ª fase: respostas indiscriminadas, do nascimento aos dois meses. No
primeiro estágio, às vezes denominado estágio de pré-apego ou mais
precisamente Fase de orientação e sinais com discriminação limitada de
figura: o bebê orienta-se segundo os estímulos externos, basicamente
auditivos e olfativos. Aqui ele se comporta em relação a qualquer pessoa ao
seu redor, reagindo com movimento dos globos oculares, com estender dos
braços, sorrir, agarrar e balbuciar. Com freqüência o bebê deixa de chorar
ao ouvir uma voz ou ver um rosto.

2ª fase: comportamentos orientados para o seu prestador de cuidados
habitual, dos dois aos seis meses. Na segunda fase, às vezes chamada
formação do apego ou Fase de orientação e sinais dirigidos para uma figura
discriminada, o bebê torna-se apegado a uma ou mais pessoas em seu ambiente,
mas mantém o comportamento amistoso em relação às pessoas ao seu entorno
relatado na primeira fase.

3ª fase: manutenção da proximidade à figura de vinculação pela locomoção e
sinalização, protesto pela separação e preocupação com estranhos, dos seis
aos 24 meses. A terceira fase, definida como Fase de manutenção da
proximidade com uma figura discriminada por meio de locomoção ou de sinais,
é caracterizada por ações do bebê tendentes a seguir a mãe que se afasta, de
recebê-la efusivamente quando regressa e de usá-la de base para explorações.
Com relação a terceiros, que não a figura mais próxima "aqui denominada de
Mãe", alguns são escolhidos como figuras subsidiárias de apego, enquanto que
os estranhos podem passar a ser tratados com crescente cautela, podendo,
provavelmente causar alarma ou retraimento.

Nesta fase, segundo o psicanalista, "torna-se evidente o apego do bebê
à figura materna".

4ª fase: parceria de objetivos corrigidos para a meta a par da existência de
modelos internos do self, do comportamento e da figura de vinculação, dos 24
aos 30 meses. A quarta fase, denominada de Fase de formação de uma parceria
corrigida pela meta, na qual a criança passa a adquirir um discernimento
intuitivo sobre os sentimentos e motivos da mãe, estando aí lançadas as
bases para um relacionamento mútuo e muito mais complexo, denominado, pelo
psicanalista, como "parceria".

Em seus comentários esparsos em várias obras, destaca "a separação de uma
pessoa em particular não é um problema para o bebê nestes dois estágios (1 e
2), desde que suas necessidades sejam satisfeitas. No próximo estágio, às
vezes chamado de definição do apego (dos 6 meses até os 24 meses), o bebê
chora e exibe outros sinais de sofrimento, quando separado do responsável ou
da mãe".

Voltando a citar Bowlby, este afirma que "é evidente que não existe apego
na fase 1, ao passo que é igualmente evidente sua existência na fase 3",
deixando de afirmar, com a mesma intensidade acerca da ocorrência ou não de
apego na fase 2, relegando a conclusão às formas de conceituar
apego.

A teoria da vinculação nasceu dos estudos de John Bowlby com crianças que
foram separadas das suas famílias na Segunda Guerra Mundial.
Muitas destas crianças não teriam a designada "base segura", a qual permite
ao bebê explorar com mais confiança o meio, dado que possui uma
representação mental positiva de relação, crucial para futuras relações com
o ambiente.

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