Psicoeducação para a prevenção do Bullying com alunos do 8º ano em uma escola estadual da cidade de São Miguel do Iguaçu

Psicoeducação para a prevenção do Bullying com alunos do 8º ano em uma escola estadual da cidade de São Miguel do Iguaçu

Aline Evers^[1]

Noeli Pospiecha^[2]

RESUMO

O presente artigo propõe contribuir para a dialética em torno do Bullying apresentando um projeto de psicoeducação direcionado para a prevenção da prática no contexto escolar. O objetivo foi contribuir para a redução do Bullying e de suas consequências entre alunos, estabelecendo inicialmente um levantamento do entendimento dos alunos acerca do tema e dos principais tipos de Bullying que ocorrem dentro do contexto escolar. Posteriormente foram introduzidas atividades que auxiliassem na compreensão da empatia, dos tipos de comunicação e resolução de conflitos, buscando sensibilizá-los quantos as consequências, visando minimizar as práticas dentro da instituição. Trata-se portanto de uma análise qualitativa descritiva acerca dos resultados de um projeto desenvolvido com alunos do oitavo ano de uma escola estadual de São Miguel do Iguaçu/PR. O projeto aconteceu no decorrer de sete encontros no qual foram trabalhados aspectos envolvidos como empatia, comunicação assertiva e  resolução de conflitos, os conceitos destes estão presente no decorrer deste trabalho. Apresenta-se então o conceito de Bullying, os tipos de Bullying, suas consequências bem como as características dos envolvidos. resultadooooooos

Palavras-chave: Bullying; Prevenção; Violência Escolar.

1. INTRODUÇÃO

O projeto apresentado neste artigo surgiu a partir de uma conversa com a diretora do período da tarde do Colégio Estadual Nestor Victor dos Santos, da cidade de São Miguel do Iguaçu/PR, sobre a turma do 8º ano. Verificou-se então haver um aumento na incidência de Bullying, dificuldade na comunicação, uso de muitos palavrões e falta de respeito entre os colegas. Diante disso foi proposto um projeto de psicoeducação para a prevenção do Bullying junto aos alunos do 8º ano.

        O local onde o projeto foi realizado trata-se de uma escola estadual, localizada na cidade de São Miguel do Iguaçu-PR, com turma no período da manhã e da tarde que vão do 6º ao 3º ano do ensino médio. Quanto aos alunos que participaram desse projeto, foram 17 na faixa etária de 13 a 16 anos, sendo 6 meninas e 11 meninos. As atividades foram divididas em sete encontros que aconteceram nos meses de Setembro e Outubro de 2018, com tempos aproximado de cada em encontro de uma hora. A descrição de cada encontro consta na análise dos dados dessa pesquisa que trata-se de uma análise qualitativa descritiva, onde prevalece a análise das falas trazidas durante as atividades.

Esse projeto teve como objetivo geral contribuir para a redução do Bullying e de suas consequências entre alunos do 8º ano, seguindo as seguintes etapas como objetivo específico:

• fazer inicialmente um levantamento do conhecimento dos alunos acerca do tema;
• Sensibilizá-los quantos as consequências, visando minimizar as práticas dentro da instituição;
• Introduzir atividades que auxiliem na compreensão da empatia, dos tipos de comunicação e resolução de conflitos

Programas que disponibilizam espaço para discussão acerca do Bullying em escolas auxiliam a minimizar as consequências desta prática entre os alunos. O efeito desta forma de violência pode ser tanto imediato quanto tardio na vida dos envolvidas direta ou indiretamente, trazendo prejuízos emocionais e influenciando no seu convívio social. A prevenção do Bullying possibilita um desenvolvimento sadio seguro, habilitando para uma convivência mais assertiva em seu contexto social.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O termo Bullying é uma palavra inglesa utilizada para classificar um tipo de violência muito comum em escolas, que é a violência entre pares que ocorre sem um motivo específico, mas de maneira recorrente e com intenção de ferir de forma física ou psicológica outra pessoa. Lopes Neto e Saavedra apud Só (2010) afirma existir duas classificações para os tipo de bullying, que pode ocorrer de forma direta subdividido por ações físicas, empurrando, chutando, batendo, ou por ações verbais, insultando, dando apelidos ou tendo atitudes preconceituosas. Outra classificação é para as ações que ocorrem de forma indireta pois afetam as pessoas emocionalmente, ou seja por meio de violência psicológica, que se refere aos atos de difamação ou pressionar outras pessoas para que o outro seja excluído ou discriminado. Matos et al. apud Vieira (2013) categoriza o bullying em violência psicológica, física e sexual, usando como exemplos “a mentira, a ofensa, boatos, gozo, intimidação, ameaça, roubo, agressão física, uso de armas, abuso ou assédio sexual, discriminação e exclusão pelas diferenças”.

Existe ainda mais um tipo de problema que pode ocorrer nas escolas, chamado de cyberbullying, que é caracterizado por agredir, humilhar, denegrir e fazer o mal ao outro por meio das redes de comunicação. Este tipo de bullying pode ser considerado como mais difícil de erradicar, pois é possível que o agressor se mantenha no anonimato das redes sociais (ANDRADE, 2002).

Este termo foi citado pelo primeira vez por um professor da Universidade de Bergen, Noruega, chamado Dan Olweus no ano de 1978, em uma pesquisa realizada sobre a incidência de suicídio em jovens. Nessa pesquisa Olweus observou que havia as crianças que cometiam suicídio tinha passado alguma vez por situações de ameaças ou exclusão no âmbito escolar. Bullying fazia referência ao ato praticado pela crianças mais forte contra a crianças mais fraca, hoje o conceito é mais específico, sendo o comportamento que tem por objetivo gerar desconforto e mal-estar em outra pessoa, bem como ter o controle sobre ela, evidenciando uma clara desigualdade de poder entre as partes. Tais características facilitam diferenciar o bullying de brincadeiras saudáveis para o desenvolvimento infantil (OLWEUS apud BINSFELD E LISBOA, 2010).

        A palavra bullying vem do inglês “Bully” e pode ser traduzido como “valentão” ou “brigão”, que faz referência à violência, mas não possui uma tradução fiel para o português. Apesar de ser um tipo de violência, cabe aqui diferenciá-lo de violência escolar, pois essa não possui uma frequência ou objetivos determinados, no caso do bullying, além de ser intencional, há uma quantidade mínima de três repetições das ações, buscando à posição de líder e de ser temido pelas outras pessoas em um determinado contexto, normalmente o escolar. Outra diferença entre a violência escolar e o bullying é acerca dos envolvidos, que no caso da violência escolar pode ser entre alunos e professores ou outros colaboradores da escola ou entre os colegas, já o bullying acontece especificamente entre alunos (SILVA apud  JUNIOR, 2014).