Psicologia Humanista
Por: samuellpessoa • 1/5/2015 • Artigo • 1.919 Palavras (8 Páginas) • 344 Visualizações
Introdução à Psicologia Humanista
Ezequiel Nogueira Braga1
O Humanismo não conta com pensadores específicos que possam ser considerados seus criadores.
Tampouco é uma filosofia que permite delimitar seus princípios a uma ou outra época. É uma filosofia
que abrange a história da humanidade e aparece em várias escolas de pensamento e áreas do
conhecimento desde que o humano se entende por humano e pensa sobre seu próprio fazer e existir.
Por esse motivo, fazer uma leitura histórica do pensamento humano é indispensável se o objetivo
for compreender “O Humanismo” como um todo. No entanto, podem ser considerados vários tipos de
Humanismos. Quando o objetivo for mais humilde e condensado, se escolhe um deles para explicitar
(Holanda, 2010).
Para falar de fundadores, deve-se especificar de qual Humanismo se está falando. De forma geral,
porém, se constata que ser humanista é endossar uma atitude de valorização do ser humano e de suas
questões, dando ênfase a estas mais do que aos deuses, a Deus e às instituições de forma geral. Ser
humanista é enxergar o ser humano como protagonista de sua própria vida e do conhecimento que é
criado sobre si e sobre o mundo em que vive.
Nesse sentido, entende-se que, onde existir um fazer ou existir humano, aí se encontrará um
Humanismo em ação. Seja na literatura, nas artes, na psicologia, na teologia ou nas ciências, o
Humanismo tem espaço e, de fato, tem criado suas escolas de pensamento em cada uma dessas áreas.
Ao longo da história, partindo da Grécia Antiga, passando pelo Renascimento europeu e desembocando
na reação ao positivismo modernista, surgiram pensadores que inovaram em cada um desses saberes,
colocando o foco na participação do ser humano, não como mero objeto, mas principalmente como
sujeito que fala e de quem se fala.
O que diferencia uma escola de pensamento da outra, ou um “ismo” do outro, é a visão do ser
humano que o embasa. Quais os pressupostos por trás das teorias e da forma de pesquisar e entender os
dados? Historicamente, a pergunta tem sido, o que é o ser humano? Nesse sentido, seja qual for o
Humanismo o qual nos referimos, a resposta transforma o “que” dessa pergunta a “quem”. Quem é o
ser humano? Esse simples pronome transforma a pergunta e desvela todo o pressuposto humanista que
subjaz tal mudança: deve-se falar do humano a partir do humano.
A primeira vista, essa afirmação pode causar estranhamento. Como “falar do humano a partir do
1 Psicólogo clínico, Gestalt-terapeuta e Terapeuta Comunitário. É professor, pesquisador e Especialista Socioeducativo no
trabalho com adolescentes e jovens em conflito com a lei.
humano”? Não é óbvio que sempre é assim?
Pois, na verdade, não. O uso do “que” ao indagar sobre o humano traz à tona a naturalização que
se carrega de que se deve estudar todas as coisas segundo o modelo das ciências naturais que se
embasam na filosofia positivista. Nesse modelo, a verdade está aí no mundo, fora de nós, e para
alcançarmos a verdade devemos sistematizar o estudo em métodos que permitem o olhar objetivo sobre
ela. Deve-se exorcizar o tal do subjetivismo que atrapalha a neutralidade científica e a capacidade de
chegar à “verdade”. A Fenomenologia, por exemplo, entra nessa discussão com maestria e questiona
essa maneira de produzir conhecimento. Para ela, "explicações e interpretações são consideradas menos
confiáveis do que aquilo que é diretamente percebido ou sentido." (Yontef, 1998)
Para a objetividade acontecer, deve-se fazer a cisão entre quem estuda e o que é estudado.
Quando abordamos as ciências humanas, porém, temos um dilema natural: o que fazer quando “quem”
observa e o “que” é estudado são a mesma coisa? Onde cabe a objetividade, onde está o objeto? Ao
reformular a pergunta em “quem é o ser humano”, cria-se outro caminho para o conhecimento. Esse
caminho não ignora as questões expostas acima, mas simplesmente não as torna um problema. A
resposta simples, porém muito difícil de entender, é – se estuda o ser humano com o pressuposto de que
é um ser humano. Além disso, é um ser humano que se debruça sobre si mesmo e tem todo o direito de
fazê-lo, tais como as mãos de Escher que se desenham e são desenhadas. O humanismo propõe:
Apreciemos o paradoxo de sermos como somos!
Olhando para a história do pensamento humano, o Humanismo pode ser observado em duas
vertentes complementares. Primeiro, temos o Humanismo como resposta
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