Psicologia Humanista: a história de um dilema epistemológico
Por: Sa_Ge • 23/10/2018 • Trabalho acadêmico • 984 Palavras (4 Páginas) • 324 Visualizações
Psicologia Humanista: a história de um dilema epistemológico
De origem norte-americana, a psicologia humanista surgiu no cenário psicológico, há aproximadamente 50 anos. Os líderes desse movimento discordavam tanto do Behaviorismo, que defendia a imagem de homem e de método científico (Psicologia experimental), quanto dos ideais da psicoterapia, que defendia a imagem de homem e de método terapêutico da Psicanálise (Psicoterapia). Em suas vozes de completa negação, os humanistas caracterizam o Behaviorismo como uma teoria muito desumana, ao enxergar o homem sem vontade própria, sem controle do seu próprio comportamento.
Os humanistas discordam do Behaviorismo em quatro pontos cruciais. Primeiro: não há como compreender adequadamente o ser humano por intermédio de pesquisas com ratos. Segundo: Para os humanistas, não pode ser por sua adequação ao método experimental, mas, sim, pela importância que possuem para o ser humano e para o conhecimento psicológico é que os temas de pesquisa devem ser direcionados. Terceiro. Os humanistas são contra a concepção reativa e mecanicista concebida pelo Behaviorismo ao ser humano. Finalmente, para os humanistas, o homem é constituído por um todo único e indivisível (uma gestalt). Dessa forma, o Behaviorismo nunca conseguirá descrever adequadamente a natureza humana ainda que realize um levantamento completo do comportamento humano.
A Psicologia Humanista não se levantou apenas contra o Behaviorismo, mas reagiu também com força total à visão da Psicanálise, quanto ao pessimismo, ao fatalismo e ao lado negro da natureza humana, demonstrado por Freud. De acordo com o Humanista De Carvalho, Freud só via coisas negativas na natureza humana, como, por exemplo, que traumas originados na infância são as causas de problemas psíquicos atuais, fazendo com que o ser humano seja regido por pulsões.
Mesmo sendo difícil apontar o nome de um grande teórico como fundador da Psicologia Humanista, não é fácil falar dessa Terceira Força em Psicologia sem citar Abraham Maslow, que é o nome que mais representa o movimento humanista. Este teórico acusa que a Psicanálise se preocupa em estudar apenas pessoas perturbadas: neuróticas e psicóticas, quando a psicologia deveria se voltar para o lado positivo do indivíduo, como, por exemplo, a alegria, a satisfação e o êxtase.
A Psicologia Humanista tem relação com o Existencialismo, mas o pensamento psicológico tem diferenças fundamentais nessas duas correntes. Dentre as críticas dos psicólogos humanistas ao Existencialismo destaca-se a que é direcionada a Sartre e sua tese de que no conceito de natureza humana inexiste qualquer essência ou realidade, resultado do princípio de que a existência vem antes da essência no ser humano. Os humanistas creem que existe uma essência comum à espécie humana, alicerçada em base biológica.
A Psicologia Humanista permanece ainda hoje apresentando um grande problema: demonstra indefinição quanto à psicologia Científica e confusão conceitual. Os principais nomes da Psicologia Humanista, reivindicavam sua adesão ao projeto da ciência moderna. Para Maslow, essa ciência, capaz de forçar a verdade nos relutantes, é a que permite chegar ao conhecimento universalmente válido e empiricamente comprovável.
Quanto às crenças que constituem a base da ciência moderna, temos a primeira: é o chamado Realismo Ontológico, que é a crença de que o objeto de investigação independe da mente do observador para existir. A segunda, denominada Regularidade do Objeto, é a crença na estabilidade do objeto estudado. A terceira, leva o nome de Otimismo Epistemológico, e é a crença de que, utilizando método adequado, poderemos conhecer algo acerca do objeto. A quarta crença, trata-se da formulação de argumentos válidos através da apropriação das leis básicas da lógica clássica, e, denominaremos Representacionismo, a última, que é a crença que o mundo pode ser representado adequadamente e estavelmente por nós por intermédio da linguagem. A Psicologia Humanista tem o ser humano como o iniciante e não como resultante de uma série de coisas
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