Psicopedagogia e Psicanálise
Por: icoutinho • 12/3/2018 • Artigo • 1.382 Palavras (6 Páginas) • 124 Visualizações
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Curso: Pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional
Trabalho Avaliativo da Disciplina: Psicopedagogia e Psicanálise
Docente:
Discentes:
Análise
Segundo o artigo UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE O BRINCAR DE WINNINCOTT, NO TEMPO E NO ESPAÇO DA CRECHE: CONTRIBUIÇÕES DA PSICANÁLISE PARA A EDUCAÇÃO - 2006, que visa a investigar o quanto que a instituição creche compreende o brincar de uma criança pequena no seu tempo e espaço, foram apresentadas algumas hipóteses após a observação de uma criança de três anos de idade do maternal II. Foi verificado dentre outros fatores, que a criança demonstrou dificuldades em separar-se da mãe para frequentar a creche, remetendo a uma necessidade de um maior conhecimento das questões que envolvem o brincar e seu fruto lúdico propriamente dito. Pensar no brincar sob uma perspectiva técnica, pode facilitar os profissionais que lidam com tais crianças no sentido de poder explorar ao máximo suas funcionalidades.
Um olhar psicanalítico que permeia o brincar, pode tornar mais enriquecedor uma educação de base para apreensão do real e do social que envolve o brincar. O número de crianças encaminhadas para atendimento terapêutico que frequentam a educação infantil tem crescido cada vez mais, entretanto, será que o problema está na criança, que apresenta dificuldades emocionais, ou nos profissionais que não são dotados de conhecimento adequado e partem logo para a patologização, evitando o enfrentamento e fugindo de sua responsabilidade. As dificuldades emocionais observadas nas creches deveriam impulsionar os profissionais envolvidos na instituição a desvendarem os mistérios do brincar, ao invés de rotular a criança que apresenta tal dificuldade. Nesse interim, o movimento pela DESPATOLOGIZAÇÃO da vida, tem lutado há alguns anos em prol desta causa que abrange um universo muito maior do que ainda podemos elencar nesse presente trabalho.
Segundo Winnicott “A significação do brinquedo depende do uso de símbolos”, trazendo o entendimento mais amplo sobre o brincar, que não é apenas focalizar o brinquedo em si, e sim a representatividade da atividade e da brincadeira. É brincando que a criança traz para o consciente muita coisa que está no inconsciente, é brincando também que ela pode expressar alguma dificuldade, trauma, ou dor, é sua forma mais simbólica e clara de se comunicar com o mundo, pois possibilita à criança quebrar barreiras da realidade, transitando entre o subjetivo e o objetivo.
O método utilizado pelas autoras do artigo em análise foi o “Esther Bick”, que difere dos outros métodos de observação pois neste, se preocupa com os detalhes da relação mãe-bebê mais do que o comportamento individual do bebê. Tal observação durou aproximadamente dois anos, semanalmente por um grupo de observadores, entrando no campo emocional da família, sem, entretanto, intervir, trazendo dados fidedignos e não manipulados.
Durante as observações, foi verificado que a criança faz uso do “espaço potencial” ao brincara, entretanto, no contexto da creche, a mesma não foi totalmente assistida. Quando as atividades eram dirigidas, a professora estava presente e atendeu às solicitações da criança, demonstrando um relacionamento afetivo, o que é importante pois a mesma associa com sua relação mãe-bebê. Entretanto, foi verificado que não se tinha um espaço próprio para o brincar, por conta das atividades serem muito dirigidas. Durante a hora de atividade livre, não há interação dos profissionais com as crianças, e mesmo quando são solicitadas, não são atendidas por que esses estão atendendo mães, deixando as crianças atuarem livremente, porém sem suporte quando se faz necessário.
De acordo com as classificações realizadas através das observações, vale destacar três delas como abaixo:
- Ansiedade de separação
A criança tem uma necessidade de suprir uma carência afetiva materna, principalmente no momento em que acabam as atividades na creche e a mesma tem de esperar sua mãe para poder retornar para sua casa. Primeiro ela pergunta a professora (sua referência) onde está sua mãe. Se angustia ao ver as mães de seus colegas chegarem e os levarem, e ela ainda permanecer ali na instituição. Desolada, e ignorada pela professora, ela recorre ao seu consolo mais próximo e velho conhecido, chupar o dedo, em defesa contra sentimentos de insegurança ou ansiedades primitivas. Talvez, se a professora tivesse um papel mais efetivo e afetivo, levando em consideração essa ansiedade de separação, e amparasse a criança, ela ficaria mais tranquila e esperaria sua mãe com mais segurança, afinal, ela é parte desse processo de desligamento da criança com a mãe.
- Função de holding
Segundo Winnicott, holding significa sustentar, dar suporte, na relação mãe-bebê, é facilmente identificado por meio do ato físico de segurar no colo, entender as necessidades específicas do bebê e atende-las, pode ser caracterizada também como uma comunicação silenciosa entre mãe-bebê. De acordo com a observação feita com a criança em questão, foi constatado que a professora consegue com êxito proporcionar um holding com a mesma. Ao segurar a criança no colo, e esta segurar sua boneca (imitando a mãe, e a professora naquele momento), ambas concordam em cantar uma música para a boneca dormir. A criança sente-se acolhida e cuidada, e consegue transferir o mesmo sentimento e cuidado para a boneca, projetando estágios primitivos vivenciados anteriormente enquanto bebê. A função do professor de creche, exige que ele seja acolhedor, entretanto este só terá tal comportamento (ou reconhece-lo) se um dia obteve esse cuidado via mãe, ou substituto. A professora de creche tem o cuidar sobreposto ao educar, que tem como característica o toque, tanto físico quanto psicológico.
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