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Psicose e Neurose e a foraclusão do nome-do-pai

Por:   •  20/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.998 Palavras (8 Páginas)  •  719 Visualizações

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PSICOSE

Alunos:

Alisson Santana, Camila Fideles, Lívia Faria, Natália Pinto Simões, Rafael Maurício, Raphael Pires.

        A psicose é uma das três estruturas de funcionamento do aparelho psíquico ao lado da neurose e da perversão que se constituem diante dos Complexos de Castração e do Édipo. Freud (2006/1924 [1923] 169 p.), aponta sobre a diferença entre a neurose e a psicose que “a neurose é o resultado de um conflito entre o Ego e o Id, ao passo que a psicose é o desfecho análogo de um distúrbio semelhante nas relações entre o Ego e o mundo externo”. Para compreender a psicose, são necessárias algumas breves observações acerca da neurose e de como tal sujeito lida com a Castração e com o Édipo.

        O Complexo de Édipo se refere a um dos dramas centrais do desenvolvimento infantil, ao lado do desenvolvimento sexual da criança, principalmente a fase fálica. Tal fase consiste na concentração das satisfações pulsionais na zona erógena correspondente, exercida pela criança por meio da masturbação. Inicialmente, Freud trabalhou tal complexo separado de um outro complexo de importante valor para o período da infância, o Complexo de Castração. Posteriormente, Freud associa ambos. (CURI, 2012). Sendo assim, o Complexo de Édipo conforme Roudinesco e Plon (1998, 166 p.) consiste em uma

[...] representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo. Essa representação pode inverter-se e exprimir o amor pelo genitor do mesmo sexo e o ódio pelo do sexo oposto. [...] Seu declínio marca a entrada num período chamado de latência, e sua resolução após a puberdade concretiza-se num novo tipo de escolha de objeto.

        É importante destacar que         o desenvolvimento do Édipo na menina e no menino têm caminhos diferentes. Enquanto o menino tem o declínio do Édipo a partir da castração, a menina entra no Édipo por esse motivo. Nesse sentido, faz-se necessário compreender a relação de tais complexos. Roudinesco e Plon (1998, 105 p.) apontam que para Freud o Complexo de Castração se refere ao “sentimento inconsciente de ameaça experimentado pela criança quando ela constata a diferença anatômica entre os sexos”. Assim, a castração para o menino inicia-se e tem como pré-condição a crença deste de que todos têm um pênis assim como ele. Tendo em mente que, como citado anteriormente que nessa época coexistem as satisfações masturbatórias da fase fálica e o amor por um dos genitores (optou-se aqui por descrever o Édipo positivo), um segundo momento da castração ocorre com as ameaças verbais, proferidas pelas funções materna e, em especial a paterna, frente as manifestações sexuais da masturbação. Nesse momento, apesar de tais ameaças se direcionarem a uma perda simbólica do pênis, elas incidem, devido as fantasias infantis, no objetivo do menino de um dia alcançar seu objeto de amor, a mãe[1]. Em um terceiro momento, ocorre a descoberta por parte do menino, da diferença anatômica entre os sexos, que por ele é vista como a falta do pênis. O menino assim, se depara com a mãe castrada. Diante disso, ao recordar das ameaças de castração, as mesmas ganham força nas fantasias infantis. O menino então se depara com a angústia da castração e cabe ele decidir entre a preservação de seu órgão tão precioso (pênis) e o desejo de ter a mãe. No neurótico, o menino escolhe preservar o pênis e abrir mão do seu objeto de amor no Édipo, resultando no declínio do mesmo e na inserção da lei de interdição do incesto, conceituada por Lacan como o Nome-do-Pai (NASIO, 1989).

        Na menina existem alguns pontos em comum com a castração masculina, uma vez que esta fase também se inicia com a crença de que todos têm um pênis (uma vez que para ela o clitóris é seu equivalente) e a mãe também é seu objeto de amor. Entretanto, o segundo momento se refere a descoberta da diferença anatômica entre os sexos, o que leva a menina a admitir que ela não é dotada do mesmo órgão que o menino. O que se instaura, não é, como no menino, uma angústia, mas sim a inveja do pênis devido à constatação de que já foi castrada. Diante de tal constatação a menina percebe que as outras mulheres são como ela, inclusive a sua mãe. Como consequência, a menina nutre um ódio e um desprezo pela mãe, por não lhe ter conferido o órgão agora invejado. Nesse momento, ocorre uma separação – parcial – entre a menina e a mãe, onde a primeira volta-se para o pai como seu objeto de amor. Nesse sentido, o que surge é um desejo de ser desejada pelo pai, ou ter um filho deste. E é a partir desse processo que a menina entra no Complexo de Édipo. Dessa forma, enquanto menino sai do Édipo com a castração, a menina ainda passará pela perda de um segundo objeto amoroso, o pai. Tal perda levará (no caso da estrutura neurótica) a inserção da lei do incesto (Nome-do-Pai) também na menina (NASIO, 1989).

        É importante pontuar, brevemente também, os Complexos de Édipo e de Castração a partir das conceituações lacanianas. Lacan teoriza o Édipo a partir de três tempos. O primeiro seria o tempo da relação dual da criança com a mãe, em que a primeira ocupa o lugar de falo para a segunda e a função paterna está ausente. Esse é o período de uma relação ilusória de completude. O segundo tempo edipiano de Lacan é marcado por uma leve presença da função paterna, em que tal função se apresenta como uma espécie de “pai” terrível e onipotente. O importante nessa fase é que aqui se dá o início da percepção da criança de que ela não completa a mãe, não ocupa o lugar de falta, isto é, de falo da mãe. Nesse sentido, a função paterna, com o consentimento da função materna, frustra tanto “mãe” quanto filho na relação de completude ilusória. Assim, o pai enquanto uma função, passa a ser percebido pela criança como aquele que completa a mãe, passando a ocupar o lugar de falo da mãe. Por fim, o terceiro tempo é onde a função paterna se revela totalmente presente e opera a introjeção do significante do Nome-do-Pai, sendo este o significante da castração, ou seja, a lei de proibição do incesto, enquanto uma defesa do real, do insuportável via o registro do simbólico. É nesse processo também que a criança é inscrita na significação fálica e busca o seu lugar na partilha entre os sexos (CURI, 2012).

        Sendo assim, os dramas infantis do Édipo e da Castração no neurótico culminam em um período de latência, na amnésia infantil. Portanto, o mecanismo de defesa da neurose, frente a realidade da castração, em que afeto e ideia se separam, é o recalque. Nesse sentido, o que ocorre é que com a separação entre a ideia e o afeto, a primeira é recalcada. A partir de então, o aparelho psíquico passa a se organizar em três instâncias, a saber: o Isso (inconsciente), o Eu e o Supereu, sendo este último considerado o herdeiro do Complexo de Édipo (CURI, 2012). Dessa forma, segundo Roudinesco e Plon (1998, 647 p.)

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