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REFLEXÃO SOBRE O FILME PERSONA

Por:   •  23/11/2016  •  Ensaio  •  947 Palavras (4 Páginas)  •  329 Visualizações

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REFLEXÃO SOBRE O FILME PERSONA

PERSONA - O filme

Elizabet é uma atriz que surta durante a representação de Electra, e, a partir de então, se coloca em um estado de mudez absoluta.

Ela é levada a uma clínica psiquiátrica para permanecer internada, onde conhece Alma, a enfermeira que a assiste. No quarto da clínica onde Elisabet fica sozinha pode calmamente situar-se em relação a si mesma.  

Quando a psiquiatra avalia o comportamento de Elisabet como uma recusa em representar papéis atribuídos na sua carreira e na vida real (esposa e mãe), insiste que este silêncio é um papel do qual Elisabet cansará, tal como todos de os outros papéis. Ela só se recusa a falar porque não quer mentir, como se cada palavra tivesse a finalidade única de cobrir um vazio. Na impossibilidade de viver com a verdade, ela escolhe o mutismo.

A médica diz para Elizabete: “Compreendo-a. Compreendo o seu silêncio, a sua imobilidade. Que tenha colocado esta falta de vontade num sistema imaginário. Compreendo-a e admiro-a. Acho que devia manter essa representação até estar esgotada. Até já não ter interesse. Depois pode abandoná-la. Tal como, pouco a pouco deixa todos os outros papéis”.

Muito significativo também quando a médica diz: “seu esconderijo não é a prova d’agua”.

Ela cansou de atuar, ou seja, cansou de ser um não ser, e, por esse motivo, ela se impõe a mudez completa – algo que assassinaria, a priori, todo o lado de atriz que existisse em sua personalidade.

Percebendo que a internação não surte efeitos, a médica sugere que ela e Alma passem uma temporada em sua casa de praia esperando que o isolamento possa ajudar a recuperação da atriz.

O aforismo grego "Conhece-te a ti mesmo" também me parece bastante apropriado para falar sobre a angústia da personagem Elisabet. Desde a antiguidade até a modernidade, o sujeito, para ter acesso à verdade, precisava realizar certas práticas específicas. No oráculo, eram realizados ritos de purificação necessários para que os deuses pudessem dizer verdades, incluindo-se o escutar música, o respirar perfumes e a prática do exame de consciência.

Alma, a enfermeira que se mostra geralmente calma e introvertida, falando apenas o necessário, muda de comportamento ao chegarem à casa de praia. Esta mudança deixa entrever uma inversão de papeis. Alma acolhe a personalidade da atriz antes extrovertida e Elizabeth através de gestos e olhares expressivos assume a personalidade de Alma caracterizada por sua introspeção. O silêncio de uma incita a fala da outra. O silêncio torna-se uma possibilidade de escapar à realidade, para criar uma nova visão do mundo.

A partir daí ocorrem sequências de monólogos de Alma, que, devido à mudez de Elizabeth, passa todo o tempo lhe contando suas histórias, apenas observando a expressão quase imutável da outra. As duas a cada dia tornam-se mais próximas e amigas até o momento que há uma quebra desses papéis.

Alma lê uma carta, na qual Elizabet revela as confidencias dela à médica, gerando o conflito do filme. Há uma discussão entre ambas e suas personalidades confrontam-se acontecendo assim uma fusão de personas transmitindo a ideia de que há apenas uma pessoa. O embate entre as duas continua, Alma percebe que Elizabet estava se divertindo ao ouvi-la se entregar com suas histórias todo aquele tempo em que permanece em mudez. Alma se sente ofendida e usada, tratada como um objeto de experimento para a diversão de uma atriz muda. Então, Alma começa a denunciar todas as falhas e erros da personalidade e das ações de Vogler, como se a conhecesse há muito, mesmo a outra estando sempre muda.

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