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REFUGIADOS SÍRIOS E A PROBLEMÁTICA DA XENOFOBIA NO BRASIL

Por:   •  19/11/2018  •  Artigo  •  542 Palavras (3 Páginas)  •  300 Visualizações

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REFUGIADOS SÍRIOS E A PROBLEMÁTICA DA XENOFOBIA NO BRASIL

Desde 2011 a Síria vive uma guerra civil que foi responsável por devastar um grande número de cidades e fazer com que milhões de cidadãos deixassem suas casas, muitas vezes em destino a outros países, em busca de refúgio. Desde então, de acordo com dados da CONARE, o Brasil já tem um número de refugiados que já ultrapassa os 2700, e as solicitações de refúgio ainda não deixaram de chegar. No entanto, junto a esse crescimento de sírios no Brasil, aumenta também o número de casos de xenofobia, que dificultam o convívio entre estrangeiros e nativos, fazendo com que a paz que os primeiros tanto procuram fique cada vez mais longe de ser alcançada.

A maior problemática com os sírios no Brasil diz respeito à imagem que grande parte dos brasileiros e do resto do mundo têm sobre esse povo. Desde o ataque terrorista às torres gêmeas em 2001, a mídia tem vendido uma imagem dos muçulmanos como terroristas, homens-bomba, fazendo com que o mundo desenvolvesse uma aversão à religião e seus adeptos. Por isto, entre 2014 e 2015, os casos de xenofobia aumentaram 633%, subindo de 45 para 333 registros, sendo quase 16% direcionados a árabes ou muçulmanos.

Chimamanda Adichie, em seu texto “O perigo de uma história única” fala exatamente sobre esse impacto que a mídia e as pessoas tem sobre a nossa construção de imagens. Ela critica que a manipulação da mídia, a forma como ela aborda a história, faz com que os telespectadores acreditem que aquela é a única história, a única versão, reduzindo todo um povo àquilo que é dito sobre eles. Fala ainda que uma das consequências dessa criação de estereótipos é que ela reduz a dignidade das pessoas, enfatizando as diferenças e tornando o reconhecimento da humanidade no outro um desafio.

Franz Boas também faz uma reflexão interessante em seu texto “Raça e Progresso”, enfatizando que em tempos de intenso sentimento religioso e conflitos, o indivíduo é, muitas vezes, confundido com seu grupo, sendo descartado todo e qualquer valor pessoal. Nesse contexto o refugiado sírio deixa de ser um indivíduo e passa a ser apenas mais um muçulmano. Além disso, após uma certa análise acerca dos motivos para a discriminação racial, conclui que não há um fundamento biológico, mas sim uma construção social e cultural. Dentre outras coisas, isso evidencia o quanto as nossas impressões e opiniões são influenciáveis pelo ambiente em que vivemos, podendo ser facilmente alteradas e manipuladas.

Em suma, a forma como enxergamos o mundo e como desenvolvemos as nossas opiniões ao longo da vida são produtos não apenas dos nossos sentimentos e emoções, mas das fontes que utilizamos para acessar informações e da sociedade em que estamos inseridos. Por este motivo, não devemos ter nossas opiniões, nem a história que nos é contada, como verdades universais. É preciso ter sempre em mente que existem diversas perspectivas e, consequentemente, diversas versões de uma mesma história. Tendo isto como princípio, caminhamos para uma humanidade com mais respeito e empatia, reduzindo os conflitos e propiciando uma vida mais saudável e pacífica para todos os tipos de pessoas.

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