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RESENHA CRÍTICA DO ARTIGO SOBRE A CENTRALIDADE DO TRABALHO

Por:   •  29/11/2021  •  Resenha  •  1.031 Palavras (5 Páginas)  •  234 Visualizações

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Para abordar o tema “trabalho e identidade”, acredito ser necessário refietir sobre as possibilidades de construção indenitária nos atuais contextos produtivos, tendo em vista as transformações drásticas pelas quais têm passado.

As críticas que dirigiu à centralidade do trabalho na sociedade moderna, fundadas na “ [...] negação da esfera da produção material humana como aspecto decisivo do processo de formação e determinação do ser do homem [...]” (FORTES, 2001, p.

As mudanças drásticas introduzidas nos contextos de trabalho, sobretudo, nos últimos 30 anos, têm sido interpretadas por um grupo de teóricos [Gorz (1982) , Offe (1989) , Habermas (1987,1988), Kurz (2002) e Méda (1995a, 1995b) ] como indícios de que a atividade laboral perdeu sua centralidade na organização da sociabilidade e, portanto, deixou de ser percebida “ ...

Dentre essas transformações, duas merecem ser destacadas, tendo em vista, as múltiplas interpretações que suscitam: o incremento intensivo de tecnologia nos contextos produtivos e a consequente redução dos postos de trabalho regulamentados e regidos pelo assalariamento.

Ou seja, com a introdução maciça de tecnologias nos contextos laborais, os postos de trabalho têm diminuído, gerando a redução do operariado industrial tradicional e o aumento das atividades informais, além do incremento do setor de serviços e do aprofundamento do desemprego estrutural.

Ou seja, o trabalho vivo estaria sendo substituído, em ritmo acelerado, pelo trabalho morto, levando as empresas a abstrair, progressivamente, das habilidades humanas, tornando-as, em grande medida, supérfluo.

Tais mudanças, portanto, têm sido interpreta- das por diversos autores, como o fim do poder aglutinador do trabalho, colocando em xeque, inclusive, “ [...] sua força enquanto categoria analítica do mundo social”.

Ainda que, os teóricos do “fim do trabalho” apresentem algumas diferenças nas suas teses centrais, não há divergências fundamentais naquilo que concerne à essência de suas ideias, nem nos equívocos que contêm.

O que é mais importante: ao preconizarem o fim do trabalho, eles destituem essa atividade do seu papel central na constituição e consolidação das identidades individuais e coletivas, questão que nos ocupa neste artigo e que, portanto, necessita ser mais aprofundada.

Desde então, tornou-se possível e1ucid ar os processos de individuação, a partir das formas de sociabilidade, passando-se a compreender a individualidade como “[...] a síntese máxima da existência social, ou seja, [...] da produção social”.

A partir da propositura marxiana de que “a essência humana é o conjunto das relações sociais” (VI tese Ad-Feuerbach), e da compreensão de que o trabalho é uma categoria central e fundante nessa trama complexa que constitui cada forma de sociabilidade, abriu-se o caminho para a compreensão da identidade como o resultado da ação do homem no mundo.

Portanto, embora a ação humana não se restrinja ao trabalho, este passou a ser concebido, a partir da perspectiva aberta por Marx, como o mediador por excelência entre o homem e a natureza, mas também como a proforma de todas as atividades humanas.

Observa se que, esta é a direção oposta tomada pelos adeptos das teses sobre o fim do trabalho, que negam sua centralidade nas atuais formas de sociabilidade e, consequentemente, seu papel nos processos de construção e consolidação das identidades atuais processos produtivos, se a condição de desempregado ou de subempregado tornou-se quase banal e, portanto, não necessariamente portadora de angústia, então, a atividade laboral perdeu sua força, estando, portanto, destituída do seu papel central nos processos de construção indenitária.

No entanto, ao leitor atento das obras dos teóricos da perda da centralidade do trabalho, não escapa um fato essencial: eles apresentam poucas evidências empíricas para sustentar suas teses e as reduzidas evidências que trazem são, em geral, muito frágeis.

Ao contrário, quando nos dirigimos para os autores que refutam o grupo anterior, as evidências são numerosas e revelam, de forma contundente, a permanência do trabalho como uma categoria central e, portanto,

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