RESENHA DO FILME “ANTES DE PARTIR” COM UMA VISÃO DA TEORIA EXISTENCIAL HUMANISTA
Por: Daiane Batalin • 31/3/2017 • Resenha • 537 Palavras (3 Páginas) • 5.410 Visualizações
FILME “ANTES DE PARTIR”
Carter é um homem casado, que trabalha como mecânico. Submetido a um tratamento experimental para combater o câncer, ele se sente mal no trabalho e com isso é internado em um hospital. Logo passa a ter como companheiro de quarto Edward, um rico empresário que é dono do próprio hospital. Edward deseja ter um quarto só para si, mas, como sempre pregou que em seus hospitais todo quarto precisa ter dois leitos para que seja viável financeiramente, não pode ter seu desejo atendido, pois isto afetaria a imagem de seus negócios. Edward também está com câncer e, após ser operado, descobre que tem poucos meses de vida. O mesmo acontece com Carter, que decide escrever uma lista que consiste em desejos que ele gostaria de realizar antes de morrer. Ao tomar conhecimento desta lista, Edward propõe que eles a realizem, o que faz com que ambos viagem pelo mundo para aproveitar seus últimos meses de vida.
O filme demonstra claramente a forma como cada um pensa e lida com a vida. Enquanto Carter é uma pessoa mais simples e que dá valor à vida, à família, percebe a beleza nas coisas simples. Edward é autoritário, solitário, pensando sempre em ganhar dinheiro. Apesar das diferenças, a doença e a morte eminente os uniu, e ambos formaram uma bela amizade. Juntos, foram atrás do que lhes trazia felicidade, em busca de um sentido para o pouco de tempo que lhes restava. Recordo-me de uma frase de um livro de Paulo Coelho que diz que “a consciência da morte nos faz ter vontade de viver”. Ambos passaram anos de uma vida inautêntica, e ao perceber que a morte se aproximava, foram em busca da autenticidade. Isso nos remete a Heidegger, que diz que somos seres para a morte, e que a consciência da morte nos causa angústia. O que cada um faz com essa angústia vai depender de si mesmo, no filme, a angústia os levou a ser autênticos e a correr atrás dos seus sonhos.
O filme me fez pensar na nossa finitude, em como vivemos dando desculpas para não correr atrás dos nossos sonhos, sem nos dar conta de que um dia vamos morrer, e aí não haverá mais possibilidades.
Sartre nos diz que somos livres para escolher, e mesmo que eles não tenham escolhido ter um câncer, o que eles fizeram com a notícia foi escolha deles. Os dois poderiam ter escolhido ir para as suas casas e passar o tempo que lhes restava choramingando, enquanto esperavam o dia da morte. Poderiam ter agido com covardia e má-fé, atribuindo o câncer a algo ou alguém, ao invés de encarar a doença de frente.
Além disso, nos mostraram que há uma vida após um diagnóstico, o diagnóstico é só uma parte da pessoa e não a pessoa em si. Mostraram que apesar da doença é possível viajar, se divertir, conhecer e aprender coisas novas.
Tiro do filme uma lição, de que devemos aproveitar cada dia de nossas vidas como se fosse o último e aprender como se fossemos viver pra sempre. Aprendi que um diagnóstico não é uma sentença. E que não devemos esperar estar com os dias contados pra fazer o que temos vontade.
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