Resenha Critica Pinoquio às Avessas
Por: Dayane Aveiro • 4/11/2015 • Resenha • 1.540 Palavras (7 Páginas) • 3.111 Visualizações
PÍNÓQUIO ÀS AVESSAS
História
O livro de “Pinóquio às Avessas, escrito por Rubem Alves, traz importantíssimas reflexões em relação aos processos de ensino e aprendizagem. A relação que “Pinóquio às avessas” estabelece com o original “Pinóquio” de Carlo Coldi, centra-se no fato do personagem principal ter sido feito de madeira e depois de adquirir sentimentos e conhecimentos a fada ter o tornado “gente”. Já em “Pinóquio às avessas”, a reflexão se dá sobre as pessoas nascerem “gente” e se tornarem “bonecos” nas mãos do sistema escolar.
O livro conta a história de Felipe, o personagem principal da história. Felipe é um menino esperto e curioso, que gosta de fazer perguntas, adora pássaros e sonha em ser cuidador de pássaros quando crescer. Quando chega o período escolar, descobre que os adultos são aquilo que fazem para ganhar dinheiro e que ser cuidador de pássaros não será uma atividade produtiva.
Na escola, Felipe vai descobrindo e aprendendo muitas coisas que antes não sabia. Aprende que há hora certa para pensar as coisas e que cada professor sabe só sabe uma coisa; que é o sinal da campainha que faz mudar o canal do pensamento; que a escola é uma grande corrida, onde uns ganham e outros perdem; que os professores não gostam quando fazem perguntas que eles não sabem responder; que os conhecimentos não valem por serem úteis, valem porque vão cair na prova.
Felipe sente dificuldades de enteder o que se passa na escola, até o dia em que consegue se adequar as regras. A partir dai, torna-se um aluno com as melhores notas da classe. No vestibular, Felipe é o primeiro colocado. Quando adulto, Felipe tinha uma profissão, tornou-se um grande especialista em frangos.
Mas, diante de seu sucesso profissional, Felipe não se sentia feliz. Havia um sonho que ele tinha sempre, que lhe dava uma inexplicável tristeza: um pássaro azul que lhe dizia: “Lembre-se do meu nome e você será feliz”. Mas Felipe não conseguia se lembrar do nome daquele pássaro.
Quando mais velho, Felipe sonhou que uma Fada Azul tocou sua cabeça com uma varinha mágica, e num passe de mágica, ele descobriu o nome do pássaro azul. Felipe então voltou a ser o menino que um dia fora e nesse momento, voltou a ser feliz.
Análise
Com este livro, o autor aponta um sistema de ensino que apresenta o sujeito como tendo um papel insignificante na elaboração do conhecimento, além de, passivamente, receber as informações necessárias para passar no vestibular e poder repeti-las.
A partir dessa história é possível fazer uma análise de três abordagens de ensino e refletir sobre o efeito que cada uma tem sobre o indivíduo que está no processo de aprendizagem.
Abordagem Tradicional
A abordagem tradicional de ensino não é fundamentada em teorias empiricamente validadas, é fundamentada em uma prática educativa e na sua transmissão no decorrer dos anos. Esse tipo de ensino volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. É um tipo de abordagem na qual os padrões são muito respeitados e o que é diferente é discriminado. É caracterizada por ser rígida e centrada no professor, onde o aluno apenas escuta as prescrições que lhes são fornecidas por autoridades exteriores.
No livro, o escrito aponta:
“... O que é que você quer ser quando crescer? ... - Quando eu crescer quero continuar a ser o que sou agora: Felipe! Não quero ser outra pessoa! ... É claro que você vai continuar a ser o Felipe. Mas, quando crescemos, ficamos diferentes. Agora você é criança. As crianças brincam. Quando você crescer, deixará de ser criança e se transformará em adulto. Os adultos trabalham. Assim é a vida. É preciso trabalhar para ganhar dinheiro, para comprar uma casa, ter filhos. É por isso que quando alguém lhes pergunta “O que você é? “, os adultos respondem: “Sou professor, médico, advogado, engenheiro, mecânico...”. Os adultos são aquilo que fazem para ganhar dinheiro. Essa é a razão por que você em breve vai entrar na escola. As escolas existem para transformar crianças que brincam em adultos que trabalham. ” (Alves, 2005, p. 18)
Nesse trecho, Rubem mostra uma proposta para uma nova visão da escola, do aluno, do professor e da relação ensino-aprendizagem. Uma escola de pessoas que forma pessoas, com alunos que constroem seu conhecimento, com professores que respeitem e valorizem a bagagem de mundo dos alunos e uma relação que permita o engrandecimento de todos e, consequentemente, de toda a sociedade. O autor desperta, ainda, a atenção ao leitor para o fato de muitos pais dizerem aos filhos, que na escola eles aprenderão tudo sobre a vida e sobre o que mais desejarem saber. Dizendo isso, a ilusão de que os professores responderão todas as perguntas, permanece, durante muito tempo, na cabeça das crianças.
Abordagem Comportamental
Na abordagem Comportamentalista, o conhecimento é uma “descoberta” e é nova para o indivíduo que a faz. Os comportamentalistas consideram a experiência ou a experimentação planejada como a base do conhecimento. O conhecimento é o resultado da experiência.
Aos alunos, caberia o controle do processo de aprendizagem. O professor teria a responsabilidade de planejar e desenvolver o sistema de ensino-aprendizagem, de forma tal que o desempenho do aluno seja maximizado, considerando-se igualmente fatores tais como economia de tempo, esforços e custos
Nessa abordagem, se incluem tanto a aplicação da tecnologia educacional e estratégias de ensino, quanto estratégias de reforço no relacionamento professor-aluno.
Assim é estabelecido aos alunos metas e eles têm que cumpri-las; de forma programada eles têm que atingir os objetivos esperados o que não os permitem desenvolver-se.
No livro, o autor aponta:
“... A senhora, que ensina nomes, poderia me dizer qual é o nome dele? A professora sorriu e disse: - Agora não é hora de pensar em pássaros. Os nomes dos pássaros não estão no programa de português. Na aula de português, temos de pensar e falar sobre aquilo que o programa manda... - Professora o que é programa? ... – Programa é uma fila com todas as coisas que você deve aprender na escola, colocadas uma atrás da outra... – Felipe continuou – quem é que diz quais são as coisas que devo aprender? Quem foi que colocou em fila as coisas que devo aprender? – Quem põe os conhecimentos em fila são pessoas muito inteligentes, do governo. – E como é que eles sabem o que quero aprender se não me conhecem e moram longe de mim? – A escola é para você aprender aquilo que deve aprender... tudo na ordem certa... todas as crianças ao mesmo tempo. Na mesma velocidade...” (Alves, 2005, p. 30)
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