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Resenha: Modernidade E Produção De Subjetividades: Breve Percurso Histórico.

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Por:   •  10/10/2014  •  1.321 Palavras (6 Páginas)  •  1.203 Visualizações

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Resenha: Modernidade e produção de subjetividades: breve percurso histórico.

Este texto visa analisar a formação da subjetividade individualizada considerando os fatores históricos e sociais que foram dando forma ao pensamento moderno individualista. Ao longo da história, foi-se cultivando a expectativa de respeito a subjetividade, e se instituindo a nítida separação entre as esferas públicas e privadas da vida social.

O texto propõe a problematização dos discursos apresentados como únicos e naturais, como as várias dicotomias propostas pela psicologia, e assim contribuir para a desconstrução desse pensamento determinista, a partir de uma análise dos modos de produção das sociedades e as possibilidades que nos são apresentadas na condição de sujeitos do nosso próprio projeto de vida.

Modernidade e Indivíduo: Breve percurso Histórico

O sec. XVI apresenta-se mais heterogêneo comparado à Idade Média. Com o fim dos feudos e formação das cidades, o surgimento de alguns movimentos, como o capitalismo e o protestantismo, tornam-se indispensáveis a essa discussão acerca da construção da subjetividade individual.

O capitalismo não atinge a sociedade apenas como novo modo de produção, mas também como ideário de liberdade e igualdade. O protestantismo propõe uma relação mais direta com Deus e o fim da hegemonia da igreja, que até então era detentora de toda produção cultural, política e religiosa.

A revolução científica iniciada nesse mesmo período, que se concretiza no séc. XVII, principalmente a partir das idéias de Bacon e Descartes, constituem na sociedade moderna um espírito crítico e racionalista, que vai mudar a ótica acerca do sujeito-objeto de conhecimento. O sujeito racionalizador e dominador de sua própria vontade são marcas da idade moderna.

A organização dos Estados Nacionais também contribui para esse processo da construção da subjetividade privatizada, além de terem contribuído também no desencadeamento de mudanças de ordem econômica e social. O Estado absolutista significaria uma continuação da hegemonia da nobreza e exploração dos camponeses e da burguesia. Desta forma, pode-se falar em “subjetividade aristocrática”, onde a etiqueta cortesã ditava formas de pensar e agir altamente codificadas.

Essa reorganização do Estado deixa ainda mais nítida essa cisão entre as esferas públicas e privadas, de forma a equilibrar as necessidades das exigências coletivas do Estado e de uma consciência individual.

É no período entre o Renascimento e Iluminismo que vão ocorrer profundas mudanças de cunho social, econômico e político, porém é a partir do séc. XVIII que ocorre o verdadeiro teste de cumprimento dessas promessas históricas que foram ao longo do tempo formando essa concepção de indivíduo.

Com o liberalismo do séc. XVII e XVIII, a questão do indivíduo ganha força, porém é no séc. XIX que este posicionamento vai ser revisado tanto no plano da organização do Estado, quanto no plano teórico, quando ocorre uma transição do modo de capitalismo concorrencial, para um capitalismo de monopólio, ampliando alguns direitos políticos aos não proprietários e ampliando também a discussão da democracia.

Os indivíduos construídos sob o ideal romântico desse liberalismo do séc. XIX priorizam o autocrescimento. Essa priorização do crescimento individual acaba confundindo essa separação estanque entre o público e o privado, de forma que essas esferas dialogam, dando forma ao que vem sendo chamado de “sociedade intimista”.

Capitalismo organizado, Cidadania social e Subjetividade

No séc. XX, há a quebra da ordem econômica concorrencial e instalação do capitalismo monopolista. Esse modelo que se intensificou no pós guerra, gerou um aumento das lutas populares e significativas conquistas por parte da classe trabalhadora, no que diz respeito a ampliação dos direitos econômicos a parcelas maiores da sociedade, garantindo a esses trabalhadores direitos de cidadania.

Esse período, que trás um alargamento dos direitos sociais, trás também mudanças no plano cultural e simbólico, fundando o que foi chamado de “modernismo cultural”. Nesse momento se fortalecem as tendências às especializações.

Havia grande inquietação em relação a essas demarcações, e um crescente medo da transgressão. O Estado decide então trazer soluções institucionais de forma a forçar um comportamento de obediência, e através desse aumento burocrático, inserir os cidadãos no ciclo de produção e consumo.

Neoliberalismo e Novos arranjos da subjetividade

A partir do fim do regime de acumulação surge o Neoliberalismo, que vai criticar os ideários do Estado-Providência. No contexto do pós-guerra, o neoliberalismo não encontra suporte político e social para vingar como alternativa econômica, e trinta anos depois, se afirma como necessidade global.

O mercado é o princípio básico deste modo de produção. O neoliberalismo só pode existir quando controlado por condições políticas, jurídicas e institucionais, uma vez que diferentemente do liberalismo antigo, o neoliberalismo não é mais visto como condição “quase natural” do ser humano. Desse modo, o Estado impõe certas restrições assegurando condutas de liberdade empresarial e competitivas de forma arranjada, de acordo com seus interesses.

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