Resenha Referente ao texto: “Desarrollo Comunitario y potenciación (empowerment)

Resenha Referente ao texto: “Desarrollo Comunitario y potenciación (empowerment)

A conferência de Swampscott ocorrida 1965 em Boston marca o nascimento da psicologia comunitária. A partir deste marco, os esforços para estabilizar as bases científicas desta jovem e nova disciplina orientada a resolução dos problemas sociais, são muito numerosos e importantes. Duas décadas depois um psicólogo chamado Julian Rappaport desenvolve a teoria do empoderamento. É a teoria do empoderamento, que reflete não apenas os valores em que se baseia a intervenção da comunidade, mas é uma teoria que fornece conceitos e princípios que servem para organizar o conhecimento sobre o objeto da disciplina.

O empoderamento é uma abordagem diferente para desenvolver intervenções e criar mudanças sociais. A mudança social é definida como uma modificação significativa da estrutura de um sistema social, de modo que implica a alteração dos sistemas normativo, relacional e teleológico (definição de metas) que os governam e que afetam vida e relacionamentos (horizontal e vertical) de seus membros.

A teoria do empoderamento considera que a maioria dos problemas sociais não são o resultado ou produto de patologias ou ações individuais, e sim um problema social que é criado e mantido por uma distribuição desigual de recursos, sejam eles materiais sociais ou psicológica. O interesse dessa teoria está relacionado a influência mútua entre a pessoa e o sistema ambiental em que ela se desenvolve.

Expandir a unidade de análise e intervenção aos sistemas sociais, e em particular as interrelações entre o ambiente e as pessoas, sugere implicitamente que a intervenção não se destina a eliminar déficits ou fraquezas dos indivíduos à procura de uma solução, mas a partir de uma ação preventiva busca promover e mobilizar recursos e potencialidades que permitem que indivíduos, grupos ou comunidades ganhem o domínio e controle sobre suas vidas.

Criar, desenvolver ou melhorar sistemas de apoio naturais é para teoria de empoderamento um dos recursos mais valiosos da psicologia comunitária. Como muitas intervenções da comunidade demonstram, dentro de cada comunidade sempre há pessoas que estão dispostas a cooperar para ajudar seus semelhantes.

Em suma, tanto a psicologia da comunidade quanto, especificamente, a teoria do empoderamento são caracterizadas por sua componente proativa, positiva e preventiva. Além de buscar uma solução para problemas presentes com foco em déficits ou fraquezas, tentamos buscar e mobilizar os aspectos positivos, as forças que, capacitadas pelo próprio grupo ou sistema social, melhoram sua qualidade de vida e bem-estar.

A teoria do empoderamento defende como princípios básicos não apenas uma potencialização de recursos ou a necessidade de adotar uma visão ecológica, mas também o direito de as pessoas serem diferentes. Portanto, a diversidade é outro dos princípios assumidos pelo empoderamento. Relacionado a este princípio, também é defendido pela relatividade cultural.

Aceitar os princípios da relatividade cultural envolve a compreensão de como as pessoas constroem sua realidade, isto é, como eles organizam e interpretam o mundo em que vivem, suas vidas diárias. O profissional deve iniciar um processo de conscientização sobre sua própria cultura, isto é, ele deve observar e estar atento ao que é feito, começar a entender que nossos modos de vida, são apenas nossos e muitas vezes experimentamos e vivemos de forma diferente e com outros significados por pessoas de outros lugares, mesmo muito próximas do nosso.

O profissional aprende sobre os participantes por suas culturas, suas visões e seus conflitos diários, trabalha com eles para determinar os objetivos em um clima de confiança e respeito mútuo, compartilhando a informação que é gerada. Nesse sentido, a escolha de um idioma é fundamental. Deve ser escolhida uma linguagem que transmita aos sujeitos a oportunidade de aprimorar suas próprias habilidades e controlar / mobilizar seus próprios recursos, independentemente das expressões em que os sujeitos percebam que são auxiliados ou irá fornecer-lhes serviços e recursos.

O que é o empoderamento ou o empoderamento realmente? Para o seu criador, isto é, para Rappaport (1981) o empoderamento é o processo pelo qual indivíduos, organizações e comunidades adquirem controle e domínio de suas vidas. Para o Cornell Empowerment Group, o empoderamento é um processo intencional e progressivo que, centrado na comunidade local, com base no respeito mútuo, reflexão crítica, ajuda natural e participação em estruturas sociais comunitárias, permite que aqueles que não compartilham recursos igualmente têm acesso e controle sobre eles. Para Poweil (1990) empowennent é o processo pelo qual indivíduos, grupos e comunidades passam a ter a capacidade de controlar suas circunstâncias e alcançar seus próprios objetivos, buscando a maximização da qualidade em suas vidas.

Pode deduzir que o empoderamento consiste em dois elementos fundamentais. Por um lado, implica a determinação individual de cada um em sua própria vida e, a partir daí, o sentimento de controle pessoal; Por outro lado, sugere participação democrática na vida da própria comunidade através de estruturas como escolas, bairro e outras organizações comunitárias, como grupos de voluntários, grupos de auto-ajuda,

A partir de idéias anteriores, podemos considerar que essa teoria pode ocorrer em diferentes níveis de análise: individual, grupal, organizacional e comunitário. É, portanto, uma construção multinível; é necessário analisar a realidade das pessoas de acordo com os diferentes níveis, a fim de compreender por que determinados aspectos organizacionais, políticos ou econômicos têm um peso específico para adquirir ou, em oposição, inibir os processos de controle e capacitação.