Resenha Do Texto: Confrontação Leste/Oeste: Aspectos Políticos E Estratégicos
Casos: Resenha Do Texto: Confrontação Leste/Oeste: Aspectos Políticos E Estratégicos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lcduarte • 30/7/2013 • 1.863 Palavras (8 Páginas) • 555 Visualizações
LIMA, Geraldo de Heráclito. Confrontação Leste/Oeste: Aspectos Políticos e Estratégicos. A Defesa Nacional, nº 729, Ano LXXV. Rio de Janeiro: Cooperativa Militar de Cultura Intelectual, jan/fev, 1987, pp. 45-64.
O CENÁRIO
1- Para o autor, no cenário da confrontação Leste/Oeste, não haveria “senão duas hipóteses logicamente possíveis: coexistência ou confronto, cada uma com duas variantes”. A coexistência pacífica que seria decorrente da eliminação dos antagonismos entre os sistemas, de vida e filosofia política, que levasse a uma “convergência real” “capaz de assegurar a paz duradoura”. O compromisso pragmático de paz, decorrente do equilíbrio de força, capaz de, pela ameaça de mútua destruição, preservar a paz, “ainda que instável”. A confrontação diplomática, quando ambos os blocos, reconhecendo a utilidade da paz, “optem pela variante de menor risco de conflagração, com a vantagem de não abdicarem de suas postulações e de prosseguirem o duelo do poder e da hegemonia”, tal perspectiva não exclui “a possibilidade de conflitos armados em áreas de grande valor estratégico”, limitando-os, porém, afim de que não se tornem globais. Confrontação global e armada, diz respeito ao tipo clássico de conflito, com o emprego de todo o poder militar em confrontação direta .
2- Para o autor, a primeira modalidade de coexistência entre capitalismo e “socialismo”, a da coexistência pacífica como ele a conceituou, teria contra ela “a Lógica e a lição secular da História”. “A Lógica, porque é pouco provável a convergência, mesmo que se dê tempo ao tempo, de dois sistemas que se ancoram em premissas não apenas contrárias, mas que se contraditam, se excluem mutuamente”. O autor entende que os antagonismos entre capitalismo e comunismo responderiam a questões profundas: representação popular versus autocracia, pluralismo partidário versus partido único e monolítico, centralização versus descentralização, a relação entre o Estado e o homem (qual seria o senhor e qual seria o servo), espiritualismo versus materialismo, individualismo versus coletivismo (forçado na visão do autor). [46].
A História - diz o autor - porque não há exemplo, na longa convivência humana, de Estado poderoso que, colocado à frente seus objetivos, seus valores, sua doutrina, voluntariamente deles abdicasse, nem nenhuma quadra em o mundo estivesse em paz perfeita e não registrasse nenhum duelo de poder, em lactência ou virtual .
3- Para o autor, a conjuntura internacional estaria caracterizada pelos seguintes fatores centrais:
A disparidade vertiginosa, sem par na História, de forças entre as duas maiores potências e os demais membros da Sociedade Internacional, em todos os campos da aplicação do Poder: no econômico, no financeiro, no comercial, no tecnológico, no militar, e na sua síntese, que é o campo político (...).
A da conversão do mundo em ‘aldeia global’, pela multiplicação fantástica dos meios de comunicação (...) criando extensas redes de interdependências internacionais; (...) é também fenômeno único de nossa época, que, se teve suas evidentes vantagens, teve, por outro lado, seus inconvenientes, de vez que, sem a preparação psicológica desejável, precipitou, pela sua rapidez, o fenômeno da comparação dos padrões de vida e fez nascer o das expectativas crescentes, pois, de chofre, aproximou ‘os que têm’ do mundo desenvolvido (da ‘sociedade de consumo’, dos que vivem em países com suficiente acumulação de capital que lhes permite fruir os benefícios do lazer, da assistência social), dos ‘que não têm’ (que se encontram ainda no período de formação de capital em condições que, qualquer que seja o regime ou a prioridade, têm de se dedicar necessariamente ao trabalho e não ao lazer, à poupança e não ao consumo, em que só é possível conceber benefícios de assistência social em escala reduzida, sem que se chegue jamais a fechar o gap muito díspar e crescente com ‘os que têm’) (...).
A descolonização maciça, na Ásia e na África, fato sem precedente na História (...) implicando num imenso vácuo de poder em áreas sem tradição de independência, que passaram a ser objeto de confrontação (...).
A paridade de forças entre os dois núcleos do poder - os EUA e a União Soviética - (...) Isso assegura a paz, ainda que instável, pelo equilíbrio dos pratos da ‘balança do poder’ (...) que leva os blocos antagônicos à modalidade da ‘confrontação diplomática’ (...) em que ambos os blocos têm por objetivo procurar a ‘ruptura do poder’ em seu favor e ir expandindo gradualmente a sua esfera de influência e domínio de forma a levar o adversário à capitulação por seu gradativo isolamento (...) onde a ciência e a arte das alianças tiram de seus arsenais todo tipo de instrumental: alianças, assistência econômico-financeira, pressões comerciais, infiltração no próprio campo do adversário, exploração de qualquer debilidade interna, provocação de conflitos armados para o desgaste do adversário, neutralização de áreas que lhe sejam desfavoráveis; enfim, todos os recursos diplomáticos capazes de expandir a área de influência e domínio de um e de reduzir a do contendor, levando-o ao isolamento e capitulação pela via de menor risco (...).
O mais relevante desse diagnóstico não é tipificá-lo, rotulá-lo como confrontação diplomática, mas a sua conseqüência lógica, que é da maior importância: a de que a confrontação importante, em toda probabilidade, se travará nas áreas periféricas e jamais nos núcleos centrais de poder (...) A aceitação de que o ‘rompimento do equilíbrio’ se dará pela periferia (e não nos centros de poder) coloca em relevo o valor dessas áreas, bem como coloca como crucial o comportamento dos países da periferia em relação aos dois blocos antagônicos . [negrito no original].
4- O autor aponta como uma tentativa de assumir uma postura de não-alinhamento, quer com os EUA quer com URSS, que obteve êxito e logrou uma efetiva independência a França do general De Gaulle; para quem não seria imprescindível uma força igual a dos EUA e da URSS “para impor uma conduta externa independente”, mas a posse de uma força de ataque (surpresa), uma força tarefa, “capaz de retaliar quem quer que desejasse ameaçar a sua segurança”. Porém, considera ser uma construção “que não tem valor como uma opção para terceiros países, só interessando a França, porquanto não é capaz de prover respaldo senão em seu território”. Ainda que lhe permita um maior grau de autonomia e barganhar melhor seu apoio a um dos blocos. “Outra tentativa habilmente construída, aproveitando a
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