Resenha Sobre Pesquisa Bucal

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FAMATH - FACULDADES INTEGRADAS MARIA THEREZA

        

Resenha “O uso de diários como ferramenta de intervenção da Análise Institucional: potencializando reflexões no cotidiano da Saúde Bucal Coletiva”

Instituições e comunidades- Prof. Maycon Torres

Carmen Queimadelos Samaniego

Turma 512 – Noite

O artigo nos apresenta e discorre sobre as diferentes formas de produção de diários quando são utilizados como ferramentas de intervenção no contexto da Análise Institucional na Saúde Coletiva. São relatados como ocorreram os processos de pesquisa e escrita dos diários, bem como as impressões das autoras e dos indivíduos envolvidos no processo, resultando em diversas formas de implicações e novas formas de estabelecer o olhar.

Esse estudo sobre as diferentes formas de produção de diário está inserido em uma pesquisa, cujo objetivo foi analisar o trabalho de um grupo de profissionais da Saúde Bucal que visavam implantar estratégias inovadoras no que diz respeito ao modo de produção do cuidado na atenção básica do SUS Campinas. Para esse estudo, são produzidos três tipos de diários no decorrer da pesquisa: o Diário de Pesquisa (DP), o Diário Institucional (DI) e Diário dos Momentos (DM). O método investigativo foi realizado através dos conceitos da Análise Institucional (AI), permitindo assim o entrelaçamento entre pesquisa-ação, pesquisa-intervenção, sujeitos, instituições, acontecimentos e movimentos.

Para melhor compreensão da inserção dos diários nos métodos investigativos, as autoras retomam o histórico do início da produção de diários de pesquisa através de Malinowski, que em 1922 publicou Os Argonautas do Pacífico Ocidental. Essa obra foi considerada uma revolução no modo de fazer etnografia. Visto que o autor permaneceu um período da pesquisa em campo convivendo com os nativos se utilizando da observação participante, algo então pouco utilizado no campo das Ciências Humanas. Através dessa publicação, segundo Caprara e Landim (2008, p. 366), Malinowski propôs alguns elementos importantes para o desenvolvimento da pesquisa etnográfica: “conviver intimamente com os nativos; reunir informações diversificadas sobre um mesmo fato; reunir um grande número de dados sobre fatos diferentes e sistematiza-los em quadros sinópticos a fim de torná-los compreensíveis para todos”.

O artigo cita também outros estudos feitos por autores como Lourau, Henrique, Barbier e Hess sobre diários de pesquisa realizados principalmente por antropólogos, sociólogos e psicanalistas. Para Lourau (2004a), o diário de pesquisa seria o discurso do pesquisador em seu contexto histórico-social, um pesquisador implicado com e na pesquisa, e que reflete sobre e com sua atividade de diarista. É uma técnica que retorna ao trabalho de campo através da linguagem escrita, possibilitando “produzir um conhecimento sobre a temporalidade da pesquisa”, aproximando então o leitor do cotidiano que foi possível produzir em um determinado contexto, evitando interpretações “fantasiosas” da produção científica. Já Hess cogita outra tipologia, o Diário Institucional (DI), assim como outros aspectos de diários: íntimo ou pessoal, de viagem, filosófico, de pesquisa, de formação, institucional e dos momentos.

Sob a perspectiva da AI, há o entendimento que o diário é um instrumento de intervenção que possibilita um movimento de reflexão da própria prática, sendo essa reflexão exercida através do ato da escrita, presumindo a não neutralidade do pesquisador durante o processo de pesquisa. O Diário Institucional (DI) é composto pelos diários escritos por membros do grupo de profissionais da Saúde Bucal, que lhes possibilitou a exercitar a escrita, expor suas fragilidades profissionais-sociais-culturais-políticas-libidinais, permitindo assim a análise dos diversos aspectos de suas implicações profissionais. Como Diário dos Momentos (DM) podemos entender como o conjunto de “acontecimentos” originados durante a pesquisa, procurando relatar as particularidades dos encontros do grupo e das situações, individuais e coletivas, que surgiram durante a pesquisa. O Diário de Pesquisa (DP) são os registros realizados pela pesquisadora durante o período da investigação. Nele são retratadas as impressões dos encontros do grupo, das visitas realizadas às Unidades Básicas de Saúde de Campinas onde atuavam os profissionais de Saúde Bucal, assim como suas implicações profissionais-sociais-culturais-políticas-libidinais.