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Resenha de filme Cidade de Deus - Psicologia Social

Por:   •  6/6/2018  •  Resenha  •  1.007 Palavras (5 Páginas)  •  1.246 Visualizações

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                                      CIDADE DE DEUS        

        O objetivo deste trabalho é analisar ações sociais e culturais no filme Cidade de Deus, baseado em fatos reais, produzido no Brasil com direção de
Fernando Meirelles e Kátia Lund, sendo lançado em 2002. A análise irá englobar todo o enredo e local da história, focando em situações de preconceito, estereótipo e discriminação vividas pelo personagem Buscapé, que apesar de crescer na Cidade de Deus, conhecida por ser um dos locais mais violentos do Rio de Janeiro, e ter contato direto com o crime durante a infância, é um jovem sensível que lutando contra o que parece ser seu destino, decide não entrar para o crime escolhendo outra ocupação, que se tornou uma paixão, e é através dela que o filme é narrado, a fotografia.        
        A história começa sendo contada por Buscapé na fundação da CDD, entre as décadas de 60 e 70, o jovem enfatiza que para lá eram mandadas as “sobras” do povo, uma vez que ficavam longe do cartão postal da Cidade Maravilhosa. Fala também a respeito do “Trio Ternura”, formado por seu irmão mais velho junto com dois amigos, eram bandidos que cometiam roubos sem a intenção de matar. Junto com o Trio estava sempre Bené, irmão de um dos rapazes e amigo fiel de Dadinho que era muito sagaz, sonhava em ser um grande criminoso, e para adquirir mais respeito, bolou o plano de assalto a um motel. Após o final da operação, Dadinho aproveita a oportunidade para matar apenas por diversão, e vê ali um novo prazer, que viria a ser uma prática constante quando cresce e se torna um poderoso chefe do tráfico.        
        Uma cena muito interessante é, após o assalto, os jovens do Trio se separam e começam a serem procurados. Enquanto um dos jovens volta para casa agindo normalmente, cruza com um policial e um civil armados, que buscavam fazer justiça; na mesma rua estava um jovem negro, aparentemente voltando da igreja ou de algum estudo, pois carregava consigo um livro, se assusta com a possibilidade de ser caçado e foge, sendo morto pelos “justos” após ter sido dado como suspeito apenas por ser negro e estar na região.
        Passam alguns anos, a comunidade cresce, a maior parte dos bandidos retratados no primeiro período do filme morrem e são “substituídos” pelos mais jovens. Buscapé também cresce e descobre sua paixão por fotografia, porém não possui dinheiro para comprar uma câmera profissional, o que seria essencial para sua profissão. Com a intenção de juntar dinheiro de forma honesta, arruma um emprego em um mercado fora da comunidade, porém, em determinado dia é cumprimentado por alguns meninos que realizaram um furto no comércio. O dono do mercado reclama dizendo “é isso que dá tentar dar uma oportunidade para esses moleques da Cidade de Deus” e logo em seguida despede o jovem, sem lhe dar nenhum dos seus direitos. Essa é uma cena que contém todos os atos de preconceito: No momento que o senhor direciona um pensamento negativo sobre o seu empregado apesar do mesmo trabalhar de forma honesta e nunca ter realizado um furto no estabelecimento, estereótipo: Quando o mesmo generaliza a situação, dizendo como se todos os rapazes da Cidade de Deus fossem ladrões e discriminação: Quando manda Buscapé embora, sem que ele receba nenhum dos seus direitos apenas porque deduziu que o jovem fazia parte de uma espécie de complô com os jovens infratores. O fotógrafo José Wilson dos Santos que serviu de inspiração para o personagem Buscapé, disse em uma entrevista que viveu uma situação muito parecida com a retratada no filme, onde foi despedido por não identificar os assaltantes. Após passar por essa situação, o personagem do filme tenta ganhar algum dinheiro com assaltos, tendo uma tentativa a um ônibus e a uma padaria, porém que não foram bem sucessivos. É possível ver como a discriminação abre portas para negros e pobres entrarem no mundo do crime.
        Uma cena mais próxima do final do filme mostra quando crianças da favela da Caixa Baixa, que cometem pequenos furtos, rodeiam Zé Pequeno e o assassinam com diversos tiros (de armas que o mesmo havia emprestado aos meninos) com a intenção de se tornarem os novos donos da favela, mostrando como funciona o ciclo de morte e ascensão do crime.        
        O filme foi indicado a 4 oscars com todo mérito. A obra de grande sensibilidade, com um tom pesado e realista fala da violência vivida pelo povo brasileiro. Ressalta o dia a dia do povo esquecido, que não aparece na publicidade e no marketing; os pobres, negros, que vivem em comunidades, áreas de risco, uma vez que o conjunto habitacional do bairro Cidade de Deus serviu para abrigar vitimas de enchentes e desmoronamentos, que infelizmente, ocorrem até hoje em alguns bairros.  A obra de arte mostra o que acontece por trás dos panos, nas regiões com menos oportunidades, menos condições financeiras, esquecidas pelos governantes e sendo deixadas as margens da sociedade, colocando um rótulo estereotipado de marginais aos que habitam em tal situação. Definitivamente, o filme acrescenta histórias para dar mais emoção, mais intensidade, deixar tudo mais interessante, porém, é um apanhado real de situações vividas por diferentes pessoas em locais pobres do Brasil.        
        O filme deve ser visto por todos os brasileiros adultos, uma vez que é necessário encarar os dois lados da realidade, verem a importância das oportunidades, a injustiça e consequência da discriminação e a dureza de nascença de um pobre e negro que já vem ao mundo com uma imagem formada.

Referências

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